segunda-feira, 12 de março de 2012

Capuchinha



Nas regiões de clima mais frio no Brasil, tanto em jardins quanto em terrenos baldios, podemos encontrar uma espécie que tem jeito de ornamental, mas por crescer espontaneamente deixa muitos desconfiados de que não serve para muita coisa, e até a classificam como planta daninha. E como no meio de outras plantas espontâneas ou invasoras não são realçadas suas belas flores, acaba passando despercebida por muitos. Inclusive, há algumas décadas atrás era até considerada planta tóxica e, com isso, ficava no meio das outras sem ser coletada. 
Depois começou a ser assunto de programas de televisão, de jornais e revistas das áreas da alimentação e da saúde. Mesmo sendo comum na culinária europeia, também passou a ser vista em pratos sofisticados nos restaurantes brasileiros, e ainda muitos desconfiando se era só enfeite ou se poderia comer. 
Esta espécie denominada cientificamente por Tropaeolum majus, recebe os nomes populares capuchinha, chagas, chagas-de-cristo, chaguinha, alcaparras-brasileiras, alcaparra-de-pobre, mastruço-do-peru, papagaios, flor-de-sangue e agrião-do-méxico, e apesar de ser originária, segundo alguns autores, do Peru, da Colômbia e do México, no Brasil se desenvolve sem ser cultivada em Estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e nos municípios de clima mais ameno no Estado de São Paulo. 
Destaca-se pela sua ampla variedade de aplicações, com usos na culinária como condimento ou na salada, como ornamental, no auxílio no controle de pragas no cultivo de plantas, nas indústrias de cosmético e de fitoterápicos. 
Entre as suas características botânicas, são exemplos: planta que vive com ciclo menor que um ano, com caules e ramos suculentos e que se alastram com facilidade; suas folhas são arredondadas, com coloração azul-esverdeada, presas pelo centro das partes inferiores dos talos; as flores são vistosas, afuniladas, com coloração que varia de amarelo a vermelho escuro; e o fruto é formado por 3 aquênios pequenos de coloração esverdeada. Há capuchinhas com flores com coloração azulada e outras com raízes tuberosas que servem como alimento, mas que não são encontradas no Brasil. 
Pode ser plantada por sementes ou mudas produzidas a partir de estacas do caule. Se for fazer uma plantação coloque uma distante 50 cm da outra, e com o tempo elas se juntam. Em locais mais quentes, a capuchinha definha no verão se for cultivada a pleno sol, e não tolera falta de água. 
Toda a sua parte aérea é considerada comestível, incluindo folhas, flores, frutos verdes e até os talos. O sabor das folhas e flores da capuchinha lembra o agrião. As flores possuem vários pigmentos naturais do grupo dos carotenóides, sendo que uma alimentação rica em alimentos com estas substâncias pode contribuir para o fortale cimento do sistema imunológico e até prevenir doenças degenerativas da visão, como a catarata e a degeneração macular. As folhas e as flores são consideradas fontes de vitamina C, o que foi confirmado nas nossas pesquisas.
Tanto os botões florais e frutos verdes quanto as flores, são preparados em conservas com vinagre e sal. Apesar de bastante consumidos na Europa, no Brasil ainda não é comum o consumo da planta nesta forma. Além de uso na culinária, há significativo número de referências sobre seus usos medicinais, apesar de que muitas pesquisas ainda estão no estágio de testes com cobaias ou em laboratórios. Mas há substâncias com atividade antiviral para herpes simplex I e II, antimicrobiana e antitumoral. 
O óleo produzido pelas sementes é conhecido no mundo inteiro como óleo de Lorenzo, recomendado para o tratamento da adrenoleucodistrofia (ADL), desordem genética que resulta na degeneração progressiva do sistema nervoso e afeta principalmente crianças de 5 a 10 anos de idade. A substância responsável pela ação é o ácido erúcico, presente em quase toda a planta. 
Também há referências como antiescorbútica, tônica, expectorante, purgante, antiespasmódica, desinfetante das vias urinárias, digestiva e antidepressiva, mas muitas destas ações ainda não foram comprovadas. 
Na horta, a planta é considerada companheira para cultivo com outras espécies, principalmente couve e brócolis, pois atrai lagartas e ajuda a repelir pulgões e besouros. É usada na cosmética, como ingrediente principal de xampus recomendados para a queda de cabelo, e por atrair grande quantidade de abelhas, é considerada uma planta melífera. 

Texto do autor publicado no site: http://jornalinoff.com.br/ 

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