quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ocimum selloi

Texto e foto: Médica Veterinária Carolina Granconato de Abreu


Entre os manjericões, há uma espécie com forte aroma de anis, o que gera confusão com outras plantas com aroma semelhante. Esse manjericão recebe nomes populares, como, por exemplo, elixir paregórico, anis-do-campo, alfavaca-do-mato, alfavaca-anis, alfavaquinha, erva-doce-silvestre e atroveran.

Pertence à família Lamiaceae e recebe a denominação científica de Ocimum selloi.  O gênero Ocimum possui diversos representantes empregados na indústria farmacêutica, alimentícia e de perfumaria devido, principalmente, aos seus óleos essenciais.

A espécie O. selloi é herbácea, perene e pode atingir até 1,20m de altura. Suas folhas são ovaladas, as flores de tons azulados a róseos e os frutos amarronzados. É uma planta nativa das regiões Sul e Sudeste brasileiras e empregada popularmente contra distúrbios digestivos como anti-espasmódico, antiinflamatório e anti-diarreico.

Devido à presença de substâncias com ação antimicrobiana presentes em extratos das plantas pertencentes a esse gênero, como os flavonoides, levou uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Ponta Grossa a pesquisar a atividade no óleo da alfavaquinha frente a cepas de Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, bactérias causadoras de doenças em humanos e animais e que resultam em doenças de trato respiratório e digestório. Os autores observaram que houve discreta inibição das duas primeiras espécies de bactéria, enquanto muito pouca da terceira citada. No entanto, os autores enfatizam a necessidade de maiores concentrações do óleo a serem estudadas, visto que outros estudos evidenciaram boa ação contra outros patógenos.

Outro estudo detectou eficácia como repelente do extrato etanólico do óleo essencial da alfavaca contra o mosquito Anopheles braziliensis, reduzindo em média 98% o número de picadas quando utilizado o extrato e sem causar nenhum tipo de injúria à pele. O eugenol, um fenilpropanóide derivado do metabolismo secundário da planta, foi o composto mais presente detectado na essência da planta, sendo então definido como agente ativo. Mas os autores enfatizam a necessidade de estudos para conhecermos o tempo conferido pelo óleo de proteção ao mosquito, além da ação sobre outras espécies de insetos, inclusive e principalmente os transmissores de doenças. 

Vários compostos do metabolismo secundário também têm ação antifúngica como alcaloides esteroidais, glicoalcalóides, quinonas, e taninos, cada um com seu método de interferir na sobrevivência do fungo. Tais compostos estão presentes nos óleos essenciais em diferentes concentrações e por isso, junto dos métodos de ação distintos, dificultam a criação de resistência por parte dos patógenos. Os terpenos são a principal classe presente nas essências. É importante frisar que a composição bem como concentração dos compostos ativos varia nas plantas de acordo com fatores ambientais, como temperatura, umidade, época do ano, incidência solar, e fatores da planta, como idade, região da planta, estado nutricional e de desenvolvimento da mesma.

Na área veterinária, já foi realizado um estudo direcionado à ação anti-fúngica do óleo essencial da planta sobre Microsporum canis e Candida spp que causam dermatose e infecção sistêmica respectivamente em cães e gatos, sendo também zoonoses. Sendo que os princípios ativos em maiores quantidades no óleo testado foram o cineol e o lialol, os quais tiveram ação antifúngica sobre todas as cepas de patógenos testadas, o que torna promissor o desenvolvimento de fitoterápicos de custo reduzido e menor chance de resistência, que já tem sido observada por cepas de Candida spp.

Referências
            
FARAGO, P. V. et al. Atividade antibacteriana de óleos essenciais de Ocimum selloi Benth. (Lamiaceae). Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, v.10, n.3/4, p.59-63, 2004.
                                               
PAULA, J. P. et al. Atividade Repelente do Óleo Essencial de Ocimum selloi Benth. (variedade eugenol) contra o Anopheles braziliensis Chagas. Acta Farmacéutica Bonaerense - v. 23 n. 3, 2004.  

VIEIRA, P. R. N. Atividade antifúngica dos óleos essenciais de espécies de Ocimum frente a cepas de Candida SPP. e Microsporum canis. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2009. 

8 comentários:

  1. Eu cultivo esta planta. Trouxe-a da Madeira. Tem um aroma muito intenso a anis.Contudo desconhecia quase por completo as suas aplicações. Sabia apenas que era usado como repelente de insectos e para aromatizar bebidas. Agora fiquei muito bem esclarecido. Obrigado!

    João Carlos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grato pelo comentário. Ela tem o aroma forte de anis, e, por isso, é confundida com o anis (Pimpinella anisum).

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Boa noite

    Onde poderei arranjar esta espécie para plantar no meu jardim de aromáticas?

    Obrigado,
    Gonçalo Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Gonçalo! A planta nasce espontaneamente, sendo raro encontrar sementes para comprar. Você mora onde?

      Excluir
  4. Eu não fazia a mínima ideia... Eu ando à procura desse ocimum e da variedade sanctum (tenuiflorum) e do grantissimum mas aqui em Lisboa não encontro

    ResponderExcluir
  5. BOA TARDE POR FAVOR PRECISO MUITO DESTA PLANTA.
    ALGUÉM PODERIA ME VENDER UMA MUDA ?
    SOU DE RIBEIRÃO PRETO-SP.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Essa planta é comum. Tem aroma de anis. Me passe seu e-mail e quando conseguir sementes, te aviso

      Excluir