domingo, 6 de janeiro de 2013

Plantas medicinais na literatura - I (papoula e mandrágora em Shakespeare)

IAGO — Finge que nada sabes. Tenho emprego para ele. Podes ir. (Sai Emília.) Dentro do quarto de Cássio jogarei o lenço, para que ele o venha a encontrar. As ninharias leves com o ar, para quem tem ciúmes, são verdades tão firmes como trechos da sagrada Escritura. Disto pode sair alguma coisa. Meu veneno já produziu alterações no Mouro. Certos conceitos são por natureza verdadeiros venenos que, de inicio, não provocam nenhuma repugnância, mas logo que no sangue atuam, queimam como mina de enxofre. Não me engano. Ei-lo que chega! (Entra Otelo.) Agora, nem papoula, mandrágora, nem todos os xaropes sonolentos do mundo poderiam dar-te de novo o doce sono de ontem.


Ato III, Cena III "Otelo" William Shakespeare

Aquele cheiro repugnante, os gritos que como o das mandrágoras, ao serem arrancadas da terra, influem loucura em todos quantos porventura

os ouvem...

Ato IV, Cena III "Romeu e Julieta" William Shakespeare

Mandragora officinarum L.
Mandragora officinarum


Na Idade Média e no Renascimento, a mandrágora era usada na Europa, com outras duas espécies (Hyosciamus niger e Atropa belladona) em cultos praticados por feiticeiras.

A Mandrágora tornou-se famosa na magia e na bruxaria devido aos seus efeitos narcóticos e pela forma estranha de sua raiz, cujo aspecto ramificado e contorcido se assemelha ao corpo humano, fato que colaborou para seu consumo.

Ficheiro:NaplesDioscuridesMandrake.jpg


Referência
MARTINEZ, Sabrina T. ; ALMEIDA; Márcia R.; PINTO, Angelo C. Alucinógenos naturais: um voo da Europa medieval ao Brasil. Quimica Nova, v. 32, n. 9, p. 2501-2507, 2009.

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