quarta-feira, 27 de março de 2013

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) desenvolveram uma pomada feita com casca de barbatimão

Alana Gandra - Agência Brasil 25.03.2013 - 18h41

Rio de Janeiro - Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) desenvolveram uma pomada feita com casca de barbatimão, planta comum no litoral brasileiro, que obteve 100% de cura no tratamento de pacientes com verrugas genitais, um dos sintomas do HPV, o vírus do papiloma humano.

“A casca do barbatimão é um dos produtos mais comercializados no mercado popular de plantas medicinais”, disse hoje (25) à Agência Brasil o professor Luiz Carlos Caetano, do Instituto de Química e Biotecnologia da UFAL, responsável pela parte químico-farmacêutica da pesquisa. “A planta é muito usada para o tratamento de corrimento vaginal, inflamações e cicatrização. Foi com base nesses aspectos e na característica química das cascas que nós chegamos a esse resultado”.

O trabalho começou há 12 anos, quando a proposta da pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da UFAL. Os testes da pomada no tratamento da verruga genital foram iniciados com voluntários há dez anos, disse Caetano. “Para nossa surpresa, o resultado foi excelente”. Cerca de 50 pessoas, entre mulheres, inclusive grávidas; homens HIV soropositivos; e crianças vítimas de abuso sexual, diagnosticados com algum tipo vírus do papiloma humano, foram submetidos aos testes. O tratamento foi todo feito no Hospital Universitário da UFAL.

“Todas elas tiveram 100% de sucesso, sem nenhum efeito colateral. Não houve recidiva [ressurgimento da doença após um espaço de tempo] e as verrugas acabaram totalmente”. Segundo o professor, a pomada vai ressecando a verruga. No final, fica somente uma película que, quando é retirada, não deixa nenhuma marca. “Fica totalmente cicatrizado por baixo. Não fica marca nenhuma. É uma coisa impressionante”.

A universidade deu entrada no registro da patente da pomada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O processo tem apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio da chamada pública Pro-Inova, de apoio aos núcleos de inovação tecnológica (NITs). Agora, os pesquisadores da UFAL vão tentar obter a patente nos Estados Unidos.

O escritório de patentes da UFAL está entrando em contato com alguns laboratórios nacionais, visando à comercialização da pomada. “O nosso desejo é que ela seja implantada no Sistema Único de Saúde (SUS). Vai ser uma coisa muito boa”, disse Caetano. O início da fase de comercialização da pomada vai depender, segundo ele, “de quem quiser fazer a parceria. Tão logo apareça o parceiro, a gente está disponível para começar a comercialização”.

As verrugas genitais são popularmente conhecidas como crista de galo e são tratadas com cauterização, de acordo com informação do Ministério da Saúde. O professor disse que alguns médicos do Rio de Janeiro e de São Paulo solicitaram à UFAL amostras da pomada para fazer testes em seus pacientes e dar um laudo sobre o medicamento.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro (Sinmedrj), Jorge Darze, a descoberta da pomada é um fato que merece ser reconhecido por toda a sociedade. À Agência Brasil, Darze ressaltou que quando a universidade faz uma pesquisa dessa natureza e consegue viabilizar uma pomada com eficácia, “eu acho que isso é altamente benéfico para a população”. Ele espera que o governo brasileiro faça com que o laboratório oficial do Ministério da Saúde (Farmanguinhos) ou outra instituição pública produza a pomada em larga escala para que ela possa ser disponibilizada para todos os brasileiros por meio do SUS.

Edição: Fábio Massalli
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