quarta-feira, 17 de abril de 2013

Fitoterapia Ayurvedica, texto de Laura Cavalcanti

Texto:
Laura Cavalcanti, professora de Yoga e Terapeuta Ayurvedica. Trabalha no curso de formação em Yoga na UNITAU e Anatomia Aplicada ao Yoga na UNIFESP. Referência do texto: material do curso de formação em Terapeuta Ayurvedico pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya


O Ayurveda ensina que todas as coisas no universo são compostas de uma substância com seus atributos específicos e suas aplicações terapêuticas. Nesta teoria não há nada que não tenha o mínimo valor medicinal ou terapêutico se for aplicado corretamente, da mesma forma que não há nada que não possa ser destrutivo ou causador de doenças quando aplicado incorretamente. 

A fitoterapia é uma parte importante dessa aplicação terapêutica das energias da natureza, mas na Ayurveda não são utilizadas isoladamente. Terão mais eficácia associadas a dietas e ao estilo de vida Ayurvedicos. 

A comida constrói o corpo físico, e as plantas corrigem desequilíbrios físicos sutis. Se nossa dieta não for composta por comida adequada, nenhuma terapia de plantas pode ser eficaz. Portanto, para prescrever as plantas deve-se antes corrigir corretamente a dieta. 

A fitoterapia Auyrvedica, assim como a medicina Ayurvedica como um todo, tem dois níveis de aplicação. O primeiro visa equilibrar a constituição individual (Prakritti), definido segundo os tipos constitucionais Vata, Pitta, Kapha e suas combinações. Para isso é aplicado um programa de aumento da saúde, prevenção de doença, promoção de longevidade e rejuvenescimento. O segundo visa ao tratamento de doenças particulares, definido segundo doenças específicas (Vikritti), que também seguem o modelo dos três Doshas. Atua no alívio de doenças particulares e seus sintomas. 

No primeiro nível de tratamento é requerido o conhecimento de nossa constituição. Utiliza remédios moderados, para manter a constituição em equilíbrio, completar os tecidos profundos e energizar o corpo. Neste caso, as plantas são utilizadas, principalmente, como digestivos e suplementos nutritivos. Um exemplo é a erva Ashwaganda, para pessoas de constituição Vata, por ser tônico e rejuvenescedor, ajudando a nutrir os tecidos mais profundos, que tendem a ser insuficientes no tipo Vata. Na Ayurveda, o tratamento é sempre individual, portanto, uma erva adequada para uma pessoa pode ser inadequada para outra, daí a importância do diagnóstico constitucional do indivíduo. 

O segundo nível requer o conhecimento do processo da doença e de como tratar doenças específicas. Há as doenças comuns e as moderadas, como gripe, dores de garganta, dor de cabeça, obstipação e outras. Para elas há muitos medicamentos estandardizados ou com fórmulas à base de plantas nas prateleiras. Esses remédios não são definidos em termos constitucionais ou energéticos, mas segundo sintomas de gripe, tosse, por exemplo. Essa classificação não é útil para doenças mais severas, porém geralmente são suficientes para problemas comuns. Porém, se soubermos a constituição, a eficácia será bem maior em efeito e a longo prazo. Por exemplo, para pessoas do tipo Pitta (que são de natureza mais quente) constipado não devemos usar diaforéticos muito quentes, como o gengibre, para não agravar Pitta a longo prazo. Assim como pessoas do tipo Vata (que são mais secas), não devemos usar emolientes muito fortes, para não provocar secura. 

No caso de doenças mais complexas e severas, como febres altas e convulsões, por exemplo, normalmente requerem tratamento médico ou clínico. No meio desses há as doenças crônicas, como artrite e esclerose, por exemplo. A Ayurveda é muito benéfica para a limpeza de toxinas e o restabelecimento da função imunitária ( ervas como Ashwaganda, Shatavari, Guduchi etc). Para doenças, como o câncer, a terapia de apoio é muito usada. 

Assim antes de aplicarmos as plantas, devemos saber aquilo que tratamos e o que somos qualificados a tratar. 

Devemos analisar em relação às plantas: 

1) Intensidade: algumas plantas têm ação aguda e intensa, necessitando de doses mais baixas, e outras têm ação mais lenta ou gradativa. 

2) Potencial: algumas plantas podem ter a relação entre a dose terapêutica e a dose tóxica bem estreita. Neste caso, devem seguir rigorosamente as restrições de dosagem, sob acompanhamento médico e farmacêutico. 

3) Forma de preparação: as diferentes preparações farmacêuticas podem modificar os efeitos terapêuticos. São preparados na forma de pó, suco fresco, decocção, óleo medicado, leite medicado, infusão fria, geléia. 

Em relação ao paciente, devemos conhecer a gravidade da afecção, a receptividade do paciente à droga, o peso corporal do paciente, o sexo, o poder digestivo, o estado de agravação dos doshas do paciente, a natureza da doença, o estado do estômago do paciente, idiossincrasias, a condição mental e a constituição individual. Também é considerado o clima do local e a estação do ano. 

Abaixo, algumas plantas indianas mais conhecidas: 

1 – ARJUNA 

Nome científico: Terminalia arjuna / Família: Combretaceae 
Ações: tônico e estimulante cardíaco, adstringente e hemostático. 
2 – ASHOK 

Nome científico: Saraca asoca (sin. S. indica) / Família: Fabaceae 
Ações: adstringente, hemostático, diurético e sedativo uterino.
3 – KAPIKACHHU 

Nome científico: Mucuna pruriens / Família: Papilionaceae 
Ações: Tônica, rejuvenescedora, afrodisíaca e adstringente. 
4 – CHITRAK 

Nome científico: Plumbago zeylanica / Família: Plumbaginaceae 
Ações: Estimulante, diaforético, carminativo, emenagogo e colagogo.
5 – GUDUCHI 

Nome científico: Tinospora cordifolia / Família: Menispermaneceae 
Ações: tônico amargo, febrífugo e diurético.
6 – ASHWAGANDHA 

Nome científico: Withania somnifera / Família: Solanaceae
Ações: tônico, anti-inflamatória, imunomodulador, antitumoral, nervino, sedativo leve, tônico, analgésico, afrodisíaco e antianêmico. 
7 – GUGGUL 

Nome científico: Commiphora wightii (sin. C. mukul / Família: Burseraceae
Ações: anti-inflamatório, anti-adesivo-plaquetária, anticolesterolemico, adstringente, estimulante, anti-séptico imunológico e emenagogo.


Fotos: wikipedia

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