sábado, 11 de maio de 2013

Para homens, basta sentir gosto de cerveja para querer mais, diz estudo

James Gallagher - Repórter de Ciência e Saúde da BBC News

Atualizado em 16 de abril, 2013
Cientistas destacam link entre alcoolismo na família e aumento de dopamina após beber cerveja

Um novo estudo feito por cientistas americanos indica que basta que os homens tomem uma quantidade pequena de cerveja para que seus cérebros sejam estimulados e eles queiram beber mais, mesmo antes de começarem a sentir os efeitos normais do álcool.

De acordo com a pesquisa, feita com 49 homens pela Escola de Medicina da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, o gosto de cerveja libera no cérebro a dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa.

Os resultados, divulgados pela publicação científica Neuropsychopharmacology, também revelaram uma maior sensação de prazer em pessoas com um histórico de alcoolismo na família.

Os homens que participaram do estudo foram submetidos a exames de tomografia computadorizada enquanto sprays com pequenas quantidades de diferentes bebidas eram borrifados em suas bocas.

Os pesquisadores compararam os efeitos dos sprays de água, uma bebida isotônica esportiva e a cerveja preferida do participante. Cada um recebeu um total de 15 mililitros de líquido – quantidade, no caso da cerveja, insuficiente para causar os efeitos inebriantes do álcool.

Os resultados indicaram que uma quantia maior de dopamina foi liberada no cérebro após o spray de cerveja e que, após esse spray, os homens tinham uma propensão maior a dizer que queriam tomar uma bebida alcoólica.
Alcoolismo

"Nós acreditamos que este seja o primeiro experimento em humanos a mostrar que o gosto da bebida alcóolica por si só, sem nenhum efeito narcotizante do álcool, pode desencadear esta atividade de dopamina nos centros de recompensa do cérebro", explica David Kareken, um dos cientistas envolvidos no estudo.

Ele sugeriu que a presença de efeitos maiores em homens com um histórico de alcoolismo na família poderia ser um fator de risco para o alcoolismo herdado dos pais.

Dai Stephens, da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha, diz que os dados encontrados já eram esperados.

"Estes resultados, embora tenham sido muito bem trabalhados e sejam uma primeira demonstração convincente em humanos de que o gosto de uma bebida tem tais efeitos no cérebro, não são particularmente surpreendentes, já que sabemos há algum tempo de estudos com animais que os eventos condicionados à ingestão de drogas aumentam o nível de dopamina", avalia.

No entanto, Stephens concorda que o componente do alcoolismo familiar é surpreendente e questionou se isto "está relacionado ao desenvolvimento do vício em álcool ou talvez em outras drogas".

Peter Anderson, pesquisador da área de abuso de drogas na Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, ressalta que o efeito do gosto da bebida descrito no estudo já era esperado.

"Sabe-se que todos os tipos de 'pistas', incluindo o gosto, cheiro, imagens e hábitos, aumentam o desejo de beber. Este trabalho demonstra que o gosto por si só tem impacto nas funções cerebrais associadas ao desejo", analisa.

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