segunda-feira, 1 de julho de 2013

Plantas comercializadas para uso medicinal muitas vezes não têm efeito comprovado

Em outros casos, podem apresentar substâncias diferentes das indicações

Publicação:17/06/2013
Especialistas dizem que no Mercado Central, em BH, as informações repassadas ao consumidor nem sempre estão corretas e as plantas vendidas nem sempre são de qualidade Apesar de o mais recomendado por especialista é ter uma horta em casa, como forma de assegurar a qualidade e identificação real das plantas que serão consumidas, nem sempre é esse o caminho mais percorrido por quem, ou por vontade própria ou recomendação médica, fará uso das plantas medicinais em determinado tratamento terapêutico. Em Belo Horizonte, por exemplo, o Mercado Central, no Centro da cidade, é o destino obrigatório para aqueles que procuram as mais diversas ervas. Há especialistas que dizem que ali as informações repassadas ao consumidor nem sempre estão corretas e as plantas vendidas nem sempre são de qualidade. Já outros defendem o local, mas reforçam o pedido de atenção na hora da compra.

A convite do caderno Bem Viver, do jornal Estado de Minas, o nutricionista clínico Wagner Alessandro dos Reis, professor de gastronomia e nutrição para alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), percorreu algumas lojas do Mercado Central para explicar a indicação e efeitos colaterais das plantas mais tradicionais procuradas ali. Além dele, o Bem Viver também convidou duas estudantes de nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alunas da disciplina de fitoterápicos, Rosimeire Moreira e Dayanne Ramos de Oliveira, para o mesmo desafio. Ambas contaram que na infância seus pais e avôs usaram as plantas medicinais para tratar de muitos de seus males. “Fui criada na roça, no interior de Minas. Lá, a sabedoria popular trata as doenças com a natureza. Hoje, faço isso com os meus filhos, mas tenho aprendido que é preciso cautela”, diz Rosimeire.

Exemplos desse aprendizado são os chás de erva-doce e funcho que, segundo Rosimeire, eram feitos por seus familiares com as folhas das plantas. “Mas o certo são as sementes.” Dayanne lembra que no curso de nutrição os chás são vistos como alimentos e, por isso, muitos nutricionistas receitam a bebida para acompanhar uma dieta balanceada. Mas a professora de fitoterápicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Maria das Graças Lins Brandão avisa que nenhuma planta emagrece. “As plantas são complementares.”
Alunas do curso de nutrição, Rosimeire Moreira e Dayanne de Oliveira aprenderam muito sobre chás e ervas com pais e avós

No Mercado Central, de acordo com os vendedores, é muito comum as pessoas procurarem ervas milagrosas que prometem, entre muitas coisas, o emagrecimento rápido. De acordo com o vendedor Wesley Irving, de uma loja de plantas medicinais do mercado, a procura é sempre intensa. Com a ajuda dele e do nutricionista Wagner, conhecemos as mais famosas. Uma delas, por exemplo, é a planta de pau-magro, sobre a qual o nutricionista diz não ter estudos comprovados. O chá verde, por exemplo, conhecido como aliado no emagrecimento, por ter alto poder diurético, não faz parte da listagem de plantas naturais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, segundo o nutricionista, aumenta a pressão de quem o consome. Por isso, não pode ser tomado como água, como muitos fazem. “Deve ser muito bem recomendado.”

“O hibisco, que tem sido bastante usado, tem também um poder diurético, inibe a ansiedade e não aumenta tanto a pressão. Tem ações antioxidantes”, comenta Wagner, dizendo que para o bom uso dessa planta o indicado são as folhas desidratadas e o processo de infusão. O profissional lembra que um chá, em hipótese alguma, pode ser reaquecido. “O ideal é que se tomem de três a quatro xícaras por dia”, indica. Uma planta usada também para o emagrecimento é a cavalinha, da qual não se sabe os riscos de efeitos colaterais. “É uma planta diurética, que pode causar cálculo renal. Na composição dos vegetais, há uma porcentagem de sal e, no caso da cavalinha, esse percentual é de 30%, um valor alto”, alerta Maria das Graças.

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