sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Setor de fitoterápicos sofre com a falta de mão de obra especializada e de investimento

Publicado em 31/07/2013

Um dos países com a maior biodiversidade do planeta, o Brasil ainda encontra entraves para explorar todo o seu potencial no mercado de fitoterápicos. Segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa), os produtos com base em plantas medicinais representam apenas 3% do mercado farmacêutico total no país, com faturamento da ordem de US$ 1 bilhão. Com uma expectativa de crescimento anual em torno de 15%, o setor ainda carece de mão de obra especializada e investimentos para impulsionar sua expansão. Em dimensão global, esse mercado movimenta anualmente cerca de US$ 20 bilhões.

Segundo a professora dos cursos de Identificação de Plantas Medicinais e Cultivo de Plantas Medicinais, da SNA, Cláudia Fortes, “o mercado é promissor e, infelizmente, sofre com a falta de mão de obra e de interessados em negócios ligados às plantas medicinais, como produção de cosméticos e problemas de saúde diversos, além do mercado de energéticos. A demanda é crescente e deve ser aproveitada, principalmente, por produtores da agricultura familiar e orgânica”.

Para diminuir as barreiras burocráticas e ampliar o número de produtores e interessados no segmento, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) firmou acordo com a Fiocruz e a Itaipu Binacional para capacitar agricultores familiares na produção e comercialização de plantas medicinais, e promover o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Brasil (PNPMF). Com o objetivo de ampliar as opções terapêuticas e fortalecer o complexo produtivo, o uso sustentável da biodiversidade e o acesso aos medicamentos fitoterápicos pela população, o programa receberá R$ 12 milhões em recursos este ano, o dobro de 2012.

Para Fortes, a iniciativa deve atrair novos ofertantes e contribuir para o crescimento do setor. “É importante, pois a produção será toda absorvida por empresas púbicas, como a Fiocruz e o Sistema Único de Saúde. A Fiocruz já fez contatos com companhias que comercializam plantas medicinais e com agricultores das regiões Centro-Sul fluminense e Médio-Paraíba para iniciarem os plantios, sob supervisão, com garantia de compra de toda a produção”, explica a professora.

Além da possibilidade de atuar em instituições da saúde pública e na criação de fitoterápicos, os produtores encontram em lojas de produtos naturais outro importante nicho de atuação. “Hoje a tendência é a produção de plantas destinadas a chás, comercializadas em lojas de produtos naturais, principais destinos para o escoamento da produção. Na área de condimentares, os restaurantes estão ávidos por produtos de qualidade”, destaca Cláudia.

Cursos de capacitação da SNA

Em agosto, a SNA promove os cursos “Cultivo de plantas medicinais” e “Identificação de algumas plantas medicinais”, para interessados em aproveitar as perspectivas otimistas do mercado. O cursos são voltados ao processo produtivo e o reconhecimento das principais famílias de plantas com potencial para produção de medicamentos fitoterápicos.

Segundo Fortes, após concluírem os estudos, os alunos estão aptos a trabalhar em propriedades rurais ou periurbanas e manter contato com entidades como a Fiocruz, além do contato com lojas de naturais que absorvem a produção. “Os ganhos para profissionais da área são promissores, visto que o mercado em expansão demanda mão de obra qualificada, o que está em falta no momento”, avalia.

Realizados no Campus da Escola Wenceslláo Belo, mantida pela SNA, na Penha, no Rio de Janeiro, os estudos de curta duração são direcionados a qualquer pessoa interessada, sem pré-requisitos. As aulas, realizadas aos sábados, se estendem por cinco semanas e, de acordo com a especialista, “promovem o conhecimento prático e teórico dos alunos”.

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