domingo, 1 de setembro de 2013

Sorvete e suco de romã » Revista Herbarium


Texto: Adriana Del Ré, de São Paulo |27 de agosto de 2013

A ciência comprova que essas duas delícias são um doce remédio contra o estresse
De repente, você percebe que o mau-humor, o estresse e o cansaço viraram seus fiéis companheiros do dia a dia. Então, tenta encontrar alternativas para combater – ou, pelo menos, aliviar – esses sintomas comuns para quem tem uma rotina atribulada. Viagens para refúgios paradisíacos, longas temporadas em spas e sessões de meditação estão em sua lista de possíveis soluções? Pois saiba que a tão desejada “fórmula mágica” está mais perto do que você imagina: na prateleira do supermercado ou dentro da sua geladeira.

Um recente estudo realizado pelo Departamento de Dietéticos, Nutrição e Ciências Biológicas, da Universidade Queen Margaret, em Edimburgo, Escócia, constatou que o consumo diário de, no mínimo, 500 ml de suco de romã reduz significativamente os níveis de cortisol, conhecido como “hormônio do estresse”. O cortisol é benéfico quando distribuído no organismo em quantidades certas, pois regula a glicose e contribui para o bem-estar geral. No entanto, quando o corpo produz muito desse hormônio, pode ocorrer aumento de peso, fadiga, depressão e ansiedade. “O estresse é um dos principais responsáveis pelo aumento da produção do cortisol: quando o corpo está sob uma grande tensão, as glândulas suprarrenais buscam uma compensação através do aumento na produção de cortisol para neutralizar a ansiedade”, explica o endocrinologista Marcelo Costa.

Para a pesquisa sobre a romã na universidade escocesa, foram selecionados 28 voluntários – 12 homens e 16 mulheres -, entre 40 e 65 anos, sedentários ou ativos moderadamente (que praticassem menos de duas sessões de aeróbica por semana). O grupo consumiu 500 ml de suco de romã todos os dias, durante quatro semanas. “Na forma de suco, apresenta-se maior concentração da fruta, por isso é mais eficaz”, explica Lilian Miola, nutricionista clínica do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ao final, os pesquisadores constataram a diminuição do cortisol e da pressão sanguínea no organismo, entre outros benefícios. Ao mesmo tempo, os voluntários garantiram sentir-se mais entusiasmados, inspirados, ativos e menos nervosos e angustiados.

Segundo Emad Al-Dujaili, professor de bioquímica da Universidade Queen Margaret e um dos responsáveis pelo estudo, a partir dos dados colhidos na pesquisa, existe uma razão concreta para que gente muito ocupada aposte no suco de romã para aliviar o estresse crônico e manter uma boa saúde. “É mais provável que os polifenóis presentes na romã sejam os responsáveis por esse efeito de bem-estar. Há vários deles na fruta”, conta Al-Dujaili, que se dedica ao estudo da fruta há cinco anos.

Substâncias conhecidas por sua propriedade antioxidante, os polifenóis também estão no cravo-da- índia, cacau em pó, chocolate escuro, entre outros alimentos.”O estresse crônico causa alterações nos neurônios, levando à depressão. Quando se trabalha com nutrientes que reduzem o estresse, a memória e o humor melhoram”,completa a nutricionista Flávia Bulgarelli Vicentini, mestre em Ciências da Nutrição pela Unifesp.

Outro nutriente que tem esse poder de diminuir o estresse é o triptofano. “Ele é um aminoácido essencial utilizado pelo cérebro, juntamente com a vitamina B3, a niacina e o magnésio, para produzir a serotonina, um neurotransmissor importante no processo bioquímico do sono e do humor”, explica o endocrinologista. Níveis baixos de serotonina estão associados à depressão. Assim, o triptofano – presente em peixes, na carne, na banana, na tâmara e no amendoim – atua como antidepressivo.

A melhor notícia é que esse nutriente também é encontrado no sorvete, como comprovaram Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Isso explica aquela cena típica de seriados americanos, em que a mocinha come sorvete direto do pote para remediar a dor de cotovelo. O estudo de Maryland, porém, inclui o sorvete no contexto da chamada “fome emocional”, que é quando escolhemos o que vamos comer pelo nosso estado de espírito e não pela fome em si. Quando estamos estressados, por exemplo, aumenta o desejo por guloseimas. “É comum pessoas que se sentem felizes optar por um bife grelhado ou uma pizza. Já quando se sentem tristes, a tendência é buscar conforto em sorvetes e biscoitos. Isso é comum, principalmente quando o indivíduo não tem uma alimentação balanceada e deixa faltar alguns grupos alimentares”, explica o médico Marcelo Costa.

Para que os momentos de aflição e baixo astral não façam um senhor estrago na dieta, o ideal é manter uma alimentação equilibrada, saudável e, de preferência, fracionada de três em três horas, já que no jejum a produção de cortisol aumenta. Mas um pouquinho de sorvete para repor o estoque de triptofano também não faz mal…

ROMÃ: MAIS PONTOS FORTES

A romã não é fruta de uma nota só. Plural em substâncias e nutrientes, além de dosar o estresse, ajuda na redução dos radicais livres, aumenta a resistência às infecções, facilita a eliminação de líquidos, reduz os riscos de enfarte e derrame, entre outros. “É também rica em antocianinas (responsáveis pela coloração avermelhada), substâncias reconhecidamente anticancerígenas”, observa a nutricionista Flávia Bulgarelli Vicentini.

UM TIME CONTRA O ESTRESSE

Vale incluir na dieta outros bravos combatentes do cortisol, como banana, abacate, peixes, vegetais folhosos verdes escuros e chá verde. A brigada antiestresse também pode contar com outros reforços, como nozes, caju, pistache, tofu, sementes de abóbora, uva e frutos do mar. “Fazer exercícios regularmente, aumentar o consumo de vitamina C e diminuir a ingestão de cafeína são outras formas de controlar naturalmente os níveis de cortisol no sangue”, recomenda o endocrinologista Marcelo Costa. “E como o estresse aumenta a excreção de zinco, é importante uma dieta rica em carne bovina, leite, frango, farelo de aveia e feijão”, completa

Data: 27.08.2013

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