sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Espírito Santo: Incaper incentiva pesquisa com plantas medicinais

O Incaper tem realizado ações de pesquisa e desenvolvimento com plantas medicinais com foco na saúde humana, animal e para o controle de pragas e doenças de plantas. O objetivo desses trabalhos é identificar componentes químicos e avaliar a eficácia das plantas para a solução de problemas relatados pela população.

Entre as principais ações, destacam-se as diversas hortas de plantas medicinais desenvolvidas em parceria com prefeituras municipais, associações, pastorais sociais e outras organizações, e que são acompanhadas pelos extensionistas do Incaper de diferentes municípios capixabas.

No âmbito da pesquisa, destaca-se o projeto “Caracterização e identificação da matéria-prima vegetal com potencial econômico para produção de óleo e produtos fitoterápicos”, com a parte de campo conduzida na Fazenda Experimental Engenheiro Reginaldo Conde, em Jucuruaba, Viana, com suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes). Foram parceiros neste projeto a Ufes, Ifes, UFRJ, Emescam, Faesa e Univix, tendo contribuído com importantes resultados de fitoquímica e desenvolvimento de produtos. 

Nessa Fazenda Experimental do Incaper, existe atualmente um banco de germoplasma de plantas medicinais com mais de 170 acessos de plantas com potencial fitoterápico que estão sendo estudadas em cooperação com outras instituições, sendo referência para estes estudos e pesquisas no Estado. A implantação e manutenção do Banco Ativo de Germoplasma de Plantas Medicinais, Aromáticas, Condimentares e Nutracêuticas, na Fazenda de Jucuruaba, favorece a aquisição e seleção de genótipos de plantas devidamente identificadas botanicamente e com altos teores de princípios ativos. Também estabelece parâmetros e gera estratégias de controle de qualidade destas plantas e dos produtos ativos, pesquisas, parcerias com diversas instituições de ensino e pesquisa.

Outra ação que se destaca é o Projeto Biomas, realizado em parceria com a Embrapa Florestas e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e cuja coordenação da parte de Mata Atlântica é realizada pela coordenadora de plantas medicinais do Incaper, Fabiana Gomes Ruas. Na área experimental do projeto localizada em Sooretama, dentre outros estudos, está sendo feita a avaliação e seleção de genótipos de aroeira (Schinus terebinthifolius), planta com grande potencial econômico e fitoterápico no Espírito Santo, visando à coleta de dados de produção e manejo da planta, além da caracterização fitoquímica de produtos bioatios e, portanto, a agregação de valor para essa cultura. 

“Esses projetos realizados pelo Incaper têm possibilitado o desenvolvimento de monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado que comprovam a aplicação do conhecimento popular sobre plantas medicinais. Esses trabalhos têm sido orientados por pesquisadores do Instituto”, informou o chefe da área de pesquisa do Instituto, José Aires Ventura. 

Até o momento, os resultados dessas pesquisas indicaram a variabilidade da composição química das plantas, ou seja, plantas de uma mesma espécie apresentaram teores de determinada substância ativa muito diferentes, o que justifica a necessidade de selecionar variedades para determinados objetivos da produção. Outro resultado verificado é que muitas plantas apresentaram o mesmo nome comum e são, na realidade, espécies botânicas diferentes. O inverso também foi observado, em que plantas com nomes diferentes são da mesma espécie botânica. 

“Atualmente, não somente plantas medicinais estão despertando o interesse fitoterápico, mas também hortaliças e frutas, principalmente as tropicais, e até mesmo café, por serem alimentos nutracêuticos, ou seja, além de contribuírem para a alimentação, também têm funções fitoterápicas e metabólicas para saúde”, explicou José Aires Ventura. Um exemplo dessa linha de pesquisa é o abacaxi, em que além do fruto tradicionalmente consumido como alimento, também tem a bromelina, enzima proteolítica com ampla aplicação na indústria farmacêutica. Um novo processo de purificação da bromelina foi recentemente patenteado pelo Incaper e Ufes. 

Perspectivas de pesquisa no Incaper

Diante dos desafios colocados às pesquisas com plantas medicinais, novos projetos estão sendo apresentados às agências de financiamento para dar continuidade ao desenvolvimento das pesquisas na área. “Precisamos atuar na seleção de novas variedades com maior produção de substâncias ativas, garantindo uniformidade na produção de matéria-prima”, informou José Aires.

Ele também disse que é necessário realizar a caracterização fitoquímica das diferentes plantas medicinais, estudar o manejo das plantas no campo visando à orientação aos produtores rurais sobre como produzir e atender a demanda do SUS e da indústria farmacêutica. 

“Também é preciso organizar e estruturar o banco de germoplasma de plantas medicinais do Incaper para atender às pesquisas do Instituto e dar suporte às instituições parcerias”, conclui José Aires Ventura. 
Data: 10.10.2013
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