quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O conhecimento prévio na leitura

A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão.

São vários os níveis de conhecimento que entram em jogo durante a leitura. O conhecimento linguístico é aquele conhecimento implícito, não verbalizado, nem verbalizável na grande maioria das vezes, que faz com que falemos português como falantes nativos. Este conhecimento abrange desde o conhecimento sobre como pronunciar português, passando pelo conhecimento do vocabulário e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua. O conhecimento linguístico, então, é um componente do chamado conhecimento prévio, sem o qual a compreensão não é possível.

Também o conjunto de noções e conceitos sobre o texto, que chamaremos de conhecimento textual, faz parte do conhecimento prévio e desempenha um papel importante na compreensão de textos. A pouca familiaridade com um determinado assunto pode causar incompreensão. Nesse caso, a incompreensão se deve a falhas no chamado conhecimento do mundo ou “conhecimento enciclopédico”, o que pode ser adquirido tanto formal como informalmente. O conhecimento de mundo abrange desde o domínio que um físico tem sobre sua especialidade até o conhecimento geral de fatos como “o gato é um mamífero”, “Angola fica na África”, etc.

O conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão; esse momento que passa despercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado. O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma atividade de procura pelo leitor, no seu passado de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes à compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pontes, 1999.

Data: 22.10.2013

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