quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Estamos tornando nossas crianças consumistas?

Nas últimas décadas observa-se que, cada vez mais cedo, as crianças estão influenciado as compras e aquisições familiares. A oferta de produtos infantis não se restringe apenas aos brinquedos. Alimentos, cosméticos e roupas estão cada vez mais direcionadas aos público infantil, apelando para marcas e personagens infantis, estimulando o poder de escolha cada vez mais precocemente.

Nas prateleiras dos supermercados e lojas, a utilização de personagens de desenhos infantis é cada vez mais comum. Produtos praticamente iguais, apresentam uma variação de preço muito grande, dependendo do desenho estampado.

Com a aproximação do Natal, os pais se deparam com o dilema de satisfazer os sonhos e desejos dos filhos, com a compra de brinquedos cada vez mais caros e o compromisso de transmitir valores, onde o ser deve “ser“ mais importante do que o “ter”. Inspirados por propagandas, cada vez mais coloridas e animadas, e o comportamento dos adultos, as crianças esperam pela data mais festiva do ano.

O mercado de produtos infantis cresce a cada dia, influenciado pelo aumento do poder dos filhos sobre os pais na hora da compra. Segundo o último censo do IBGE, 28% do total da população brasileira têm menos de 14 anos. São mais de 35 milhões de crianças até 10 anos de idade, que alimenta um mercado que movimenta cerca de 50 bilhões de reais, segundo informações do Instituto Alana, de São Paulo.

“O consumo nesta fase da vida, até os 12 anos de idade, é estimulado em primeiro lugar pela publicidade na televisão, seguido pelo uso de personagens famosos que fazem parte do imaginário infantil e pela embalagem dos produtos”, esclarece Isabela Henriques, advogada e coordenadora do projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana. Isabela exemplifica esse consumo exagerado, “um estudo realizado no Reino Unido mostrou que as crianças britânicas de 10 anos conhecem 300 a 400 marcas famosas, mais de 20 vezes o número de espécies de aves que sabem o nome”.

Esse comportamento consumista, que começa quando se dá mais valor para o “ter” do que o “ser”, além de prejudicar as finanças da família, também compromete a sustentabilidade da vida humana no planeta Terra. Isabela alerta que o consumo também é um dos fatores que agridem o meio ambiente, “Atualmente, mesmo com metade da humanidade situada abaixo da linha da pobreza, já se consome 25% a mais do que a Terra consegue renovar. Se a população do mundo passasse a consumir como os habitantes dos países desenvolvidos, mais três planetas iguais ao nosso não seriam suficientes para garantir os recursos naturais, produtos e serviços básicos como água, energia e alimentos para todo mundo”.

Umas das alternativas para combater esse espírito consumista que aflora cada vez mais cedo nas crianças é aproveitar as datas comemorativas, como o natal, dia das crianças e aniversários, para ensinar as crianças a exercitarem o desapego de bens materiais. Estimular a doação de roupas, brinquedos e moveis, a confecção de brinquedos caseiros ou o restauros de brinquedos usados, é também uma forma mais tranquila de mostrar que as comemorações não são só a compra de brinquedos e produtos.


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