domingo, 19 de janeiro de 2014

“Atletas de verão” podem não conseguir os resultados esperados nas atividades físicas

15 Janeiro 2014
Foto: Tetra Images/Corbis

Você é daqueles que quando chega o verão começa a praticar exercícios físicos para ganhar uma melhor “forma” nesta estação? Pois saiba que praticar exercícios só um período do ano pode frustrar suas expectativas. Quem nos alerta é o profissional de Educação Física e um dos coordenadores da Academia da Saúde de Recife (PE), Gledson da Silva Oliveira.

Ele também explica as diferenças em se praticar atividades sob o forte calor do verão e dá dicas para aproveitarmos melhor os exercícios e ganhar saúde. Confira a entrevista cedida ao Blog da Saúde:

É muito comum vermos nessa época pessoas que aproveitam o calor e os dias abertos para começar uma atividade com o intuito de perder peso rapidamente, mas depois que o verão passa voltam a não praticar atividades. Como o senhor vê esse comportamento?

É bem comum isso acontecer. Mas quem malha de novembro a fevereiro e só volta a praticar exercícios na próxima temporada, acaba não adaptando o corpo e seu condicionamento não evolui. E se a pessoa quer emagrecer ele vai acabar naquele efeito sanfona, que reduz a massa gorda, mas na primeira oportunidade de sair da dieta vai engordar de novo.

Até porque é só depois de três meses que você consegue mudar algo em sua condição corporal. Não adianta achar que vai conseguir aquele milagre de ficar bem para o verão. A atividade física tem que ser um hábito diário, independente da época do ano. Por isso, é importante procurar a atividade que seja acima de tudo prazerosa. Pois quando acabar o verão a pessoa não vai ter mais aquela motivação e volta tudo de novo. O importante é continuar a atividade para manter o gasto energético tanto no verão quanto no inverno.

Quais as alterações que o calor provoca no nosso corpo ao praticarmos atividades físicas no verão?

Os exercícios causam uma ação vasodilatadora que é acelerada pelo calor. Isso é bom no sentido da ativação neuro muscular, mas em contrapartida vem a desidratação e o superaquecimento do corpo, que pode levar a uma fadiga precoce. As reações imediatas são as alterações na pressão arterial, que pode ser para mais ou pra menos, dependendo da pessoa, além do aumento no ritmo da frequência cardíaca, que leva a pessoa a abreviar seu treinamento.

Quais os sinais que o corpo dá quando a desidratação começa a fazer mal? Quais riscos essa desidratação traz?

O maior perigo do calor é a desidratação. A pessoa pode sentir tontura e calafrios pelo corpo. Calafrios e suor frio são sinais que o corpo está entrando em processo de desidratação mais agravado. Isso pode trazer riscos que vão de micro lesões e distensões musculares aos picos de pressão, que pode ocasionar desmaios e enjoos. Tem que ter consciência corporal e saber quando o corpo chega ao limite, além de sempre manter-se hidratado.

Quais as orientações básicas para não desidratar nas atividades?

Deve-se utiliza roupas leves e evitar as roupas fechadas e abafadas, procurando facilitar a transpiração. O calor do verão faz a pessoa suar mais e perder mais água. Em média, a água ingerida consegue hidratar o corpo por até uma hora de exercícios físicos, após isso, ela sozinha já não consegue repor os sais minerais perdidos no suor e é preciso ingerir os eletrólitos (Sódio, Potássio e Cloreto). Uma alternativa é ingerir alimentos, como uma maçã, torradas ou bolachas de sal. Mas elas demoram um pouco até entrar na corrente sanguínea. O que reabastece os sais imediatamente são as bebidas isotônicas, comuns aos atletas.

Qual a alimentação adequada para antes e depois das atividades?

Você tem que evitar encher muito a barriga porque vai ter que gastar energia para fazer a digestão, além da energia para se exercitar. Nem se alimentar só de líquidos para não ficar aquele chacoalhar no estômago e aquele refluxo durante o exercício. Procurar se alimentar de coisas leves antes da atividade e, dependendo do objetivo de cada pessoa, é interessante fazer uma alimentação após a atividade, mas com acompanhamento nutricional. Isso porque às vezes a pessoa quer só melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, às vezes quer criar massa muscular, ou então quer correr uma maratona no final do ano.

E o horário, qual o melhor para a prática de atividades?

Alguns estudos apontam que é entre 8h da manhã e 16h da tarde. Mas isso varia muito. Às vezes a pessoa só pode se exercitar a noite, então o corpo vai acabar se adaptando aquele horário. O que eu digo é: o melhor horário para se exercitar é aquele que você tiver tempo, sem estar se preocupando com outras coisas. Não é interessante se exercitar e ficar no celular, na internet, passando mensagem. É importante ter aquele momento, de 30 a 90 minutos, unicamente para exercitar o corpo, mais nada. E com o tempo o corpo vai se habituar aquela rotina e horário.

Lucas Pordeus Leon / Blog da Saúde

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