quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Chá verde e interações medicamentosas

O “Chá verde”, tal como, o “Chá Preto” (para além de outros, consoante a fermentação ou tratamento das folhas) provém da planta do Chá, Camellia sinensis L. que é usado em várias preparações normalmente com efeito estimulante. Contém a mesma quantidade de cafeína por chávena que um café (1 café = 1 chávena de chá).

Esta planta ou os seus extratos aparecem nos mais variados produtos e/ou programas de perda de peso atribuindo-lhe poder diurético (via as epigalhocatequinas que sendo antioxidantes são também hepatotóxicas) e o poder estimulante do sistema nervoso central via cafeína cujo consumo excessivo pode mesmo induzir morte súbita. Também contém vitamina K, pelo que quem faz terapia com medicamentos anticoagulantes, tais como a varfarina não deve consumi-lo.

A toma deste chá, ou de produtos que o contenham, em simultâneo com medicamentos pode desencadear interações graves como, por exemplo, com antineoplásicos (medicamentos para o tratamento do cancro), tais como Irinotecano, a Vinorelbina, a Ciclofosfamida e o Bortezunib e Sunitinib (em que as epigalhocatequinas bloqueiam o medicamento reduzindo substancialmente o seu efeito terapêutico). 

Estas são algumas das interações que estão descritas para esta planta mas existem muitas outras já determinadas que vão induzir alterações da eficácia terapêutica e sugerir um prognóstico dificultado.

Nota:

Os medicamentos são em grande parte provenientes de plantas ou desenvolvidos a partir das substâncias químicas delas extraídas. Por exemplo, a Vinorelbina é um alcalóide extraído da planta Vinca rosea (Catharanthus roseus L..), o Paclitaxel e outros derivados são derivados de compostos extraídos do Teixo (Taxus baccata L.), a Combrestastatina foi estudada e desenvolvida a partir do Combretum caffrum L.. Estes são apenas alguns exemplos entre muitos outros. É muito importante reter que dada a sua elevada actividade terapêutica não podem ser usados diretamente da planta, pois nas plantas não é possível controlar a dose que se utiliza e conduz a um elevado risco de toxicidade.

Golden EB, Lam PY, Kardosh A, et al. Green tea polyphenols block the anticancer effects of bortezomib and other boronic acid–based proteasome inhibitors. Blood 2009; 113: 5927-37

Mirkov S, Komoroski BJ, Ramírez J, et al. Effects of green tea compounds on irinotecan metabolism. Drug Metabolism and Disposition 2007; 35: 228-33

Sjile Engdal, Mpharm, Olborn Klepp, MD, PhD, and Odd George Nilsen, PhD. Identification and Exploration of Herb-Drug Combinations Used By Cancer Patients. Integrative Cancer Therapies, Volume 8 Number 1, March 2009 29.36.

Para mais informações consulte www.oipm.uc.pt

Observatório de Interações Planta-Medicamento

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