segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Estudo busca melhorar práticas extrativistas

Por Da Redação - agenusp@usp.br
Publicado em 10/novembro/2014

Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da Esalq
imprensa.esalq@usp.br
As espécies são alternativas econômicas das populações extrativistas da amazônia

No Programa de Pós-graduação em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, a engenheira florestal Carine Klauberg analisou os fatores bióticos e abióticos que afetam o desenvolvimento das plantas, a produtividade e os processos de manejo das fibras do cipó-titica (Heteropsis spp.) e do óleo resina de copaíba (Copaifera spp.). As duas espécies são alternativas econômicas das populações extrativistas que vivem na amazônia, utilizadas como matérias-primas de produtos florestais não madeireiros. O objetivo é que as populações melhorem a compreensão sobre a ecologia das espécies e ajudem a aprimorar as práticas de manejo sob as óticas ambiental, econômica e jurídica.

De acordo com o estudo, que foi orientado pelo professor Edson Vidal, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, para estas duas espécies ainda há lacunas que precisam ser entendidas para que o manejo seja melhorado. “Além disso, é preciso introduzir novas formas de extração para que a oferta seja contínua e a permanência dessas espécies seja garantida na floresta”, reforça Carine. O projeto foi realizado em área de floresta natural administrada pelo Instituto Floresta Tropical (IFT), no município de Paragominas (PA). “Foram utilizados dados de campo já coletados de 2006 a 2009, assim como uma extensiva coleta de campo de mais informações nos anos de 2011 e 2013”, relata a autora da pesquisa.

No caso do óleo de copaíba, foram selecionadas amostras de 118 copaibeiras e foi avaliada a produtividade física (óleo resina), e monetária (valor presente líquido), ao final de cada ciclo (de 1 a 5 anos). Já para cipó-titica a pesquisa analisou a produtividade em relação à quantidade e qualidade de suas raízes, após dois anos da extração destes, com intensidades de corte de 50% e 100%, em áreas amostrais de 9 hectares (ha). “Também em outras áreas florestais foi inventariada, em 18 ha, outra população de cipó-titica, e testados métodos de amostragem que providenciassem uma maior eficiência, menor erro amostral e melhor estimativa de produção por área; e, também, a distribuição espacial da produção de cipó-titica com relação aos hospedeiros”, revela Carine.

Extração e produção

Como resultado, no caso da copaíba, a probabilidade de produção de óleo resina está relacionada ao diâmetro, à presença de pragas, à qualidade do fuste/copa e às espécies. Segundo Carine, a produção também esteve relacionada com o ciclo e a extração, sendo que os ciclos de três anos mostraram-se mais viáveis, tanto na perspectiva monetária quanto de produção. “Referente às espécies, a Copaifera reticulata proporcionou maiores produções média de óleo resina por árvore, além na menor proporção de árvores mortas ou ocadas, quando comparadas com Copaifera duckei”, complementa.

Para o cipó-titica, o ciclo de manejo de até dois anos e extrações das raízes comerciais acima de 50% demonstraram não serem viáveis para garantir a produtividade e a qualidade das raízes. Em paralelo, os indivíduos de Heteropsis apresentaram um baixo crescimento médio mensal. “Em relação à distribuição deHeteropsis, observam-se agrupamentos e moderada dependência espacial, possivelmente relacionada com os hospedeiros”.

Carine lembra que o óleo resina tem potencial medicinal, como destaque o uso como anti-inflamatório e cicatrizante, e a fibra de titica altamente resistente e de fácil trabalhabilidade. “Na amazônia, as pessoas usam esses produtos no próprio consumo ou como moeda de troca por outros produtos ou ganho monetário”, ressalta. “Porém, para que as extrações destas matérias-primas ocorram de forma sustentável, ou seja, que ao passar dos anos seja possível a obtenção destes de forma produtiva e de qualidade, o processo de manejo precisa ser adequado para cada situação e espécie”.

Além de proporcionar a melhoria das práticas de manejo adotadas por populações extrativistas, a autora reforça que seu estudo, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pretende contribuir com a criação ou a melhoria da legislação pertinente com relação ao manejo destas duas espécies. Na esfera acadêmica, parte do trabalho desenvolvido por Carine Klauberg acaba de ser publicado na revista Agricultural System, com o artigo Determining the optimal harvest cycle for oleoresin production of copaíba (Copaifera spp.). “Outros artigos estão sendo preparados para divulgar nossos resultados, além de manuais sobre as práticas de manejo de Heteropsis spp. e Copaifera spp.”, afirma.

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

Mais informações: (19) 3429-4109 / 3429-4485/ 3429-4477 / 3447.8613, na Assessoria de Comunicação da Esalq

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