terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Bagaço de cana é matéria prima para fabricar embalagens

Por Valéria Dias - valdias@usp.br
Publicado em 14/novembro/2014
Caixas ocupam menos espaço e são uma alternativa às caixas de madeira

Pesquisadores do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) em Materiais para Biossistemas (NAP – BioSMat), sediado na Faculdade de Zooctenia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, desenvolveram embalagens biodegradáveis e autodesmontáveis para transporte de frutas, hortaliças e bebidas, a partir de painéis produzidos com resíduos de bagaço de cana de açúcar e resina poliuretana à base de óleo de mamona. Além de ocuparem menos espaço e de serem uma alternativa às caixas de madeira, as embalagens biodegradáveis representam mais uma opção para reaproveitar os resíduos da indústria sucroalcooleira.

O projeto Embalagens biodegradáveis para transporte de alimentos produzidas com painéis de partículas de bagaço de cana-de-açúcar obteve o 2º lugar na Olimpíada USP do Conhecimento em 2013. “Apesar de produzidas em escala laboratorial, as embalagens apresentam potencial para terem um custo inferior aos materiais utilizados atualmente”, destaca um dos coordenadores do trabalho, o professor Juliano Fiorelli, do Laboratório de Construção e Ambiência, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA e membro do BioSMat.

Fiorelli conta que a ideia era desenvolver uma embalagem biodegradável oriunda de resíduo agroindustrial resistente ao sol e a água. A pesquisa foi desenvolvida por um grupo de alunos dos cursos de graduação em Engenharia de Alimentos e Engenharia de Biossistemas da FZEA, e um projeto de Iniciação Científica, vinculado ao tema, financiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq).
Pesquisa foi desenvolvida por alunos de graduação em Engenharia de Alimentos e Engenharia de Biossistemas da FZEA

Após a secagem em estufa, o bagaço de cana foi moído para obtenção de partículas de até 8 milímetros. Em seguida, misturado à resina poliuretana à base de óleo de mamona. A mistura foi colocada em molde e posteriormente em uma prensa termo-hidráulica para dar forma e estrutura de painel. Foram realizados vários ensaios físicos e mecânicos para determinar densidade, inchamento em espessura, a absorção de água e resistência à flexão.

A partir desses painéis foram fabricados 3 modelos de embalagens: transporte de bebidas, transporte de frutas médias (laranja, pera e maçã) e embalagem autodesmontável para transporte de frutas pequenas (morangos e uvas). No Laboratório de Construções Rurais e Ambiência e no Laboratório de Tecnologia de Embalagens, os pesquisadores estão estudando atualmente a fabricação de outros modelos de caixas e embalagens para o setor alimentício.

O projeto contou com a colaboração do professor Holmer Salvastano Júnior, coordenador geral do BioSMat e professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA, e da professora Maria Tereza de Alvarenga Freire, do Departamento de Engenharia de Alimentos da FZEA. Um vídeo sobre a pesquisa está disponível no YouTube neste link.
Ideia era desenvolver uma embalagem biodegradável oriunda de resíduo agroindustrial resistente ao sol e a água

BioSMat

A FZEA é a instituição líder do BioSMat. Pela USP, também participam pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba.

Além de professors da USP, o BioSMat conta com a participação de outras instituições brasileiras, como a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/Natal), a Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu), a Universidade Federal do ABC (UFABC/Santo Andre), a Embrapa Instrumentação Agropecuária (EMBRAPA/São Carlos), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/Curitibanos), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – (PUC/RJ), e o Centro Federal de Educação Tecnológica – (CEFET/MG). Além de pesquisadores de universidades do exterior, como a University of Illinois at Urbana-Champaign (EUA), a Universidad Politécnica de Valéncia (Espanha), o Instituto de Ciencias de la Construcción Eduardo Torroja (Espanha), a Universidad Central “Marta Abreu” de las Villas (Cuba) e a Universidad Nacional de Córdoba (Argentina).

Mais informações: emails julianofiorelli@usp.br eholmersj@usp.br. Site http://prpg.usp.br/biosmat

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