domingo, 21 de dezembro de 2014

Maconha: comércio legal da erva movimenta bilhões de dólares nos EUA todo ano - Bloco 2

No Brasil, deputados e senadores analisam três projetos que acabam com a proibição da planta da maconha.


O novo ramo da economia americana, surgido com a legalização da maconha medicinal em 20 estados e deve movimentar por ano dezenas de bilhões de dólares. No segundo capítulo sobre o tema, vamos conhecer um ex-ativista que virou consultor de negócios nessa área. E um paciente que planta seu próprio remédio e acredita que em poucos anos a droga será tratada como o álcool – altos impostos e venda proibida a menores. O repórter é João Arnolfo.

O lendário oeste americano vive hoje uma nova corrida do ouro - o ouro verde, que está criando empregos e aumentando a arrecadação de impostos.

A humanidade convive com a planta da cannabis há pelo menos quatro mil anos.

Ela servia para tirar fibras, as sementes para alimento e também como remédio.

Só que, durante as últimas décadas, essa planta esteve proibida no ocidente.

Agora, nos estados unidos, ela é legalizada em 20 estados para uso medicinal.

Outros cinco estados: Washington, Washington D.C., Colorado, Oregon e Alaska legalizaram também o uso recreativo.

A economia canábica vai além dos dispensários, espécie de farmácias para quem tem recomendação médica: envolve a agricultura, a indústria de alimentos, de cosméticos e vestuário.

Tem fazendeiro voltando a plantar o antigo cânhamo, que é a canabis de baixo teor, para produzir celulose e fibras.

Os negócios com maconha legalizada devem movimentar por ano cem bilhões de dólares nos estados unidos, segundo o consultor Robert Calkin.

Ele também estima em 50% o aumento no número de empregos nos próximos anos com o novo mercado.

"Well, we're seen an expansion of jobs and opportunities in every state depending on limitations of the programs or laws that there are in that state. We´re looking toward probably almost a hundred billion dollar industry, nationwide. And we´ll probably have increased our jobs in at least 50% in the next four or five years."

[Tradução]
Estamos vendo uma expansão dos empregos e oportunidades em todos os estados, dependendo das limitações dos programas ou das leis de cada estado. Estamos falando de um ramo da economia que provavelmente deve movimentar este ano quase cem bilhões de dólares a nível nacional. E provavelmente aumentaremos nossa oferta de empregos em pelo menos uns 50% nos próximos quatro ou cinco anos.

O próprio Robert é um exemplo das novas carreiras: ex-ativista das marchas da maconha, operou por anos um serviço de entrega a domicílio.

Hoje, ensina os outros a abrir o próprio negócio.

Tudo de acordo com as leis locais e com cuidado para não infringir a legislação federal, que ainda proíbe a maconha.

Quando isso mudar, espera-se novo boom, com novos empregos, oportunidades e negócios, como prevê Robert Calkin.

"Once it becomes legal and everybody can do whenever they want, how they want. The general excitement level will go down but the fact that will remain is that there will more jobs, more opportunities, more business created, in any economy that legalize it.”

[Tradução]
Uma vez que seja completamente legalizado e todo mundo possa fazer o que quiser, vai baixar o nível geral de excitação. Mas o fato que vai permanecer é que haverá mais empregos, mais oportunidades, mais negócios.

A experiência dos estados unidos tornou inevitável o debate no resto do continente.

No Brasil, senadores e deputados já analisam três projetos acabando com a proibição da planta da maconha.

O deputado Paulo Abi-acKel, do DEM de Minas Gerais, acha que essa não é a solução.

“Eu não acredito que essa seja a solução. Nós temos um país de dimensões continentais. Nos falta uma infraestrutura de recuperação de menores drogados. Nós não temos clínicas de reabilitação. Nossas fronteiras são abertas. De tal sorte que, infelizmente, ainda, a melhor solução para o Brasil é manter a lei tal como está, com rigor combate a uso de droga”.

O deputado Edinho Bez, do PMDB de Santa Catarina, defende a liberação, mas só a medicinal.

“Para o uso medicinal, deveria liberar sim. Por quê? Porque o remédio é droga. Tem gente que toma remédio e não pode dirigir. Tem gente que toma remédio e tem que dormir. Porque o remédio é droga. Mas uma droga controlada e estudada, principalmente pela medicina. Então, eu defendo a liberação medicinal. Quanto à outra, nós teremos que tomar cuidado.”

Há 40 anos, mais de 85% dos americanos eram contra a legalização.

Hoje, 70% apoiam a regulamentação da maconha de maneira parecida ao que acontece com o álcool, com alta tributação e venda proibida a menores.

É o que defende James Loch, paciente da Califórnia, que tem licença medica para plantar seu próprio remédio.

"You can't just go halfway with this, you have to go all the way and now to me it's already started so it's gonna come full circle and it will be just like liquor, once again like I said, and tobacco. You won't need a license to get it but there will be there available to everybody in the state."

[Tradução]
Legalizar e vender do mesmo jeito que eles vendem álcool e tabaco nesse estado. Poderão cobrar os impostos e vender em loja. Se fizerem a coisa certa não vai demorar para isso acontecer. Na verdade quanto mais rápido, melhor.

Já o deputado Lincoln Portela, do PR de Minas Gerais, acha que o Brasil deve esperar pelos resultados da experiência norte-americana.

“Deixem esses estados americanos experimentarem, depois vamos ver os resultados, daqui 10 anos, temos tempo... Por enquanto é melhor manter a atual politica de repressão as drogas. Pelo menos por agora.”

Reportagem — João Arnolfo
Edição — Mauro Ceccherini

Data: 08.12.2014

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