segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Plantas medicinais para tratamentos álgicos usadas na fisioterapia - Arnica montana - II

Continuação do artigo: Plantas medicinais para tratamentos álgicos usadas na fisioterapia - Arnica montana – I


Aspectos fitoquímicos da Arnica montana

Texto:

Patrícia Gabelini - Fisioterapeuta - CREFITO 3 46610-LTF - Pós-graduada em Terapias Manuais e Técnicas Complementares e Holísticas
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo

A Arnica montana, por se reproduzir por sementes (propagação gâmica ou sexuada), pode apresentar no campo muita variação de princípios ativos, o que pode tanto comprometer a utilização de produtos terapêuticos obtidos de plantas colhidas no campo quanto conseguir pesquisas que forneçam uma composição química bem definida, principalmente com relação aos teores de seus principais princípios ativos.

Além da variações entre plantas provocadas pela variabilidade genética, há também outros fatores relacionados ao ambiente que irão acentuar a variação da composição química das plantas. Em A. montana, considerando os principais princípios ativos desta planta utilizada como antiinflamatório; enquanto plantas jovens acumulam majoritariamente derivados da helenalina, a concentração destes compostos é reduzida para praticamente zero após aproximadamente seis semanas contadas a partir da formação das folhas; por outro lado, os níveis de compostos do tipo diidrohelenalina aumentam muito e então se mantêm constantes por um longo período (Schmidt et al., 1998, citados por GOBBO NETO; LOPES, 2007).

Portanto, o produto a base de arnica para ser aplicado no tratamento das doenças deverá ser obtido em farmácias de manipulação.

A variedade dos produtos a base de A. montana existentes no mercado explica a diversa empregabilidade desta planta, tais como sabonetes para limpeza de partes contundidas, conservando a pele macia e elástica,fazendo desaparecer as rachaduras e asperezas; pastadental e água dentifrícia; óleo tônico capilar; óleo e pomada para fricção muscular (MARQUES, 2006).

A A. montana é reconhecida como medicinal na Europa desde a Idade Média, onde era utilizada, por exemplo, para combater ferimentos, febres, hemorragias, disenterias, infecções renais, inflamações oculares, problemas circulatórios e cardíacos. As flores exalam um perfume suave, e apenas as flores e as raízes podem ser utilizadas para fins medicinais e cosméticos. Sua adaptação em terras brasileiras é difícil, já que está aclimatada à acidez dos solos das montanhas europeias (MIGUEL, 2007).

A atividade antiinflamatória de extratos da planta, de acordo com estudos feitos em animais, é devido à presença de lactonas sesquiterpênicas, como a helenalina (MARQUES, 2006).

De acordo com farmacopeia europeia, as flores da A. montana devem apresentar, no mínimo, 0,4% (p/p) de lactonas sesquiterpênicas totais (50% de helenalina e 11a,13-diidrohelenalina), e para os flavonoides, indica que o teor deve se encontrar entre 0,4% e 0,6% (quercetina, campferol, patuletina e 6-metoxicampferol, por exemplo, devem estar presentes (FARMACOPEA EUROPEAN, 2001). A planta deve conter também até 1% de ácidos carboxílicos (clorogênico e caféico) e cumarinas, sendo a umbeliferona e escopoletina as mais importantes (BLUMENTHAL, 1998).

Estrutura química de la helenalina.

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Atividades farmacológicas da Arnica montana

Referências

BLUMENTHAL, M. Arnica flowers. In: The complete german commission e monographs: Therapeutic guide to herbal medicines. Austin: American Botanical Council. 2001.

EUROPEAN PHARMACOPOEIA. 4.ed. European Department for Qualily of Medicines. 2001.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 2.ed. São Paulo: Indústria Gráfica Siqueira. 1959.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 3.ed. São Paulo: Andrei. 1977.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 4.ed. São Paulo: Atheneu. 1988-1996.

FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA. 2.ed. São Paulo: Andrei, 1997.

GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Quím. Nova, v.30, n.2, p. 374-381, 2007.

MARQUES, M.F. Estudo da Resposta Imunológicainduzida por Arnica montana L. 2006. 112p, Tese (Doutorado em Análises Clinicas)- UniversidadeEstadual Paulista/UNESP, Araraquara, São Paulo, 2006.

MIGUEL, S. A arnica desvendada.  Disponível em: http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp790/pag06.htm. Acesso em:
 03 de dez 2014.

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