sábado, 8 de março de 2014

Medicinal tea

Medicinal Tea
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The family tree of ecology

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World Congress on Medicinal and Aromatic Plants, Brisbane, Australia, 17–20 August 2014


Qat, a nova droga que desafia os proibicionistas

ROBERTO CATTANI 07/03/2014
Natural do Iêmen (como o café), comprovadamente inofensiva, planta psicoativa chega à Europa, vencendo complexa logística. Haverá maturidade para encará-la sem preconceitos?

Por Roberto Cattani

Descobri o qat nos anos 1970, quando fui para o Iêmen, que era então um dos países mais isolados e desconhecidos do mundo, para entrar na Eritreia, em guerra com a Etiópia. Fiquei um mês lá, aguardando o momento certo para cruzar o Mar Vermelho e me juntar aos guerrilheiros da Frente Popular de Liberação da Eritréia (Fple). Deu tempo para conhecer os iemenitas, e os costumes do país. O mais marcante é o consumo do qat. Muitos iemenitas tinham (e ainda hoje têm) a bochecha direita ou esquerda deformada, flácida, de tanto guardar nela o bolo de folhas, para chupá-lo devagar, ao longo do dia, até a noite.

Para esses iemenitas, para os somalis, para os moradores de Djibuti (a estratégica ex-colônia francesa que controla a entrada e saída no Mar Vermelho), para uma parte dos etíopes e quenianos, o qat é exatamente o que a coca representa para os povos andinos.

É o vício cotidiano para os povos doa região chamada de Chifre da África, o que o café representa para os povos mais modernizados; é o estímulo absorvido, dia após dia, para enfrentar as dificuldades e os esforços da vida. Mas a dose de anfetamina natural contida na Catha edulis é muito maior que em qualquer outra planta, incluindo a coca. Naquela época, fiquei me perguntando quando é que os grandes traficantes internacionais, sejam eles colombianos ou sicilianos (os cartéis mexicanos, hoje os mais poderosos do mundo, nem existiam então), iam descobrir o qat, e processá-lo quimicamente para extrair uma qataína, da mesma forma que a cocaína extraída da coca.

Agora parece que chegou a hora: o qat é o novo grande negócio, para os traficantes internacionais de entorpecentes, e até para os grupos terroristas que financiam suas atividades com as drogas, como al-Qaeda. Na Europa, hoje em dia, a diáspora somali e etíope representa um grande mercado já disponível, e cada vez mais europeus ficaram fisgados, depois de experimentar essa anfetamina natural, que aparentemente não apresenta nenhum tipo de contra-indicação e de sequela negativa, mesmo com o uso cotidiano e prolongado. Não é a qataína que eu estava imaginando (aparentemente, há problemas técnicos em extrair o princípio ativo do qat e transformá-lo numa substância de fácil assimilação). Mas ainda assim representa hoje, na Europa, um tráfico pouco inferior à cocaína e heroína, e maior que a maconha. Em 2013, foram sequestradas várias toneladas de folhas frescas nos aeroportos da Europa, para um valor comparável aos entorpecentes mais valorizados. E a tendência é aumentar a cada ano.

Os chineses tentaram ser os primeiros a reproduzir o princípio ativo do qat (qathinone), e chegaram a produzir uma substância química (mephedrone) bastante eficaz para dar um “barato” barato, mas a porcaria causou a morte de 26 pessoas durante as primeiras semanas de distribuição.

Os grandes traficantes de qat preferem limitar-se a distribuir as folhas frescas que, quando mastigadas, provocam um efeito considerado inigualável, pelos consumidores habituais (eu vomitei até as entranhas, quando experimentei pela primeira vez; mas depois, deu para apreciar).
O grande problema logístico do qat, ao contrário da coca, é que depois de 48 horas de colhido, ele perde todas suas propriedades estimulantes, que evaporam ao calor da África Oriental. Por isso, o transporte desde as plantações do Quênia e da Etiópia, onde é produzida a maior parte do qat exportado atualmente, precisa demorar menos de um dia, para chegar até os mercados de consumidores ávidos das folhas verdes. Quanto mais fresco, tanto mais eficaz e valioso. Isto quer dizer que quem tiver o sistema mais funcional e desenvolvido para levar os feixes de folhas desde as plantações, nas alturas do altiplano centro-africano, até os centros de distribuição europeus, controla um mercado de vários milhões de dólares por dia.

Uma mulher etíope muçulmana, mãe solteira de dez filhos, tornou-se, na última década, o maior chefão do tráfico de qat e, de quebra, a mulher mais rica e poderosa da África, segundo uma pesquisa da revista alemã Die Welt. Suhura Ismail Khan fundou em 1998, e dirige ainda hoje, a empresa “571”, que exporta 50 toneladas de qat por dia, com seus próprios aviões de carga de última geração. “Meus funcionários são seiscentos mas, entre cultivadores e revendedores, dou trabalho a vários milhares de pessoas, numa região onde não tem trabalho”, gosta de se gabar Suhura, que garante pessoalmente nunca ter experimentado o qat, apesar de trabalhar 14 horas por dia. Num país como a Etiópia, entre os mais pobres do mundo, a produção e comercialização de qat representa 17% do PIB, e a maior exportação nacional. Por contraste, no Iêmen, onde mais de 70% da população consome cotidianamente o qat desde a infância, a planta representa 11% do PIB, mas fica no consumo do mercado interno, e não é exportada – provavelmente por falta de organização e estruturas comerciais como a da “571”.

Por contraste, a máquina montada pela etíope Suhura é de uma eficácia impressionante. Todo dia, o ano todo, milhares de pequenos cultivadores entregam os feixes de folhas, valendo cada um entre 800 e 1.500 dólares, para centenas de transportadores e intermediários, cujas picapes francesas e japonesas fazem o difícil percurso das montanhas do Harar, na Etiópia, e do altiplano de Hargeysa, no Somaliland, onde o qat cresce melhor, até os portos e aeroportos de distribuição, de onde saem rumo à Grã-Bretanha e à Itália, os dois maiores mercados europeus. Para ir do Harar até Londres, percorrendo as precárias e sinuosas estradas de terra a 120 por hora até os jatos executivos, o qat demora menos de 16 horas para viajar 7 mil quilômetros, e chegar verde e fresquinho como exige o consumidor final.

Essa é a maior dificuldade que encontra al-Shebaab, a organização fundamentalista somali ligada à al-Qaeda, desde que há três anos decidiu entrar no comércio do qatpara financiar suas atividades. Apesar de condenar o uso do qat por (discutíveis) razões religiosas, os fundamentalistas não veem nenhum problema em vender a substância (da mesma forma que os talibãs com ópio e heroína) para os não-muçulmanos. Mas eles não têm o know-how e a fachada limpa para montar uma rede de transporte e distribuição oficial, como no caso da “571”. Então, por um lado, operam com empresas de fachada em Nairóbi e Mogadíscio e, por outro lado, distribuem a droga, por meio de lanchas rápidas como aquelas dos piratas somalis, no litoral da Somália e do Iêmen e nos países do entorno, como Djibuti, Eritréia e Puntland. Com a vantagem de ampliar, ao mesmo tempo, o controle social e psíquico sobre parte da população da área.
O qat é uma tradição milenar no Iêmen. Ainda que hoje em dia os fundamentalistas o condenem, desde os primeiros séculos do Islã os místicos das confrarias sufi adotaram a droga para ficar acordados a noite inteira para os ritos e a invocação. Nas dezenas de santuários da cidade sagrada de Harar, os ‘zikri’, as cerimônias místicas coletivas muçulmanas (às quais participam também frequentemente fiéis coptas), incentivam os participantes exaltados pelo efeito das folhas, mastigadas durante horas e horas, até o transe de união com Allah, e a exaustão física.

Contudo, está surgindo e se espalhando uma frente cívica modernizadora, de condenação da droga tradicional, no Iêmen e no Quênia. No país da península arábica (o mais pobre dos países árabes), em 2012 a jornalista iemenita Hind al-Eryani (expatriada no Líbano) lançou um “no-qat day”, iniciativa imediatamente apoiada por Tawakkul Karman, ativista também iemenita, prêmio Nobel da Paz de 2012, e por milhares de cidadãos (os poucos não viciados, aparentemente). O objetivo da campanha é proibir imediatamente o consumo nos edifícios públicos, para chegar a uma proibição total até 2033. Não seria uma medida popular: em 1972, uma tentativa análoga levou à renúncia do poderoso primeiro ministro corone,l Mohsen al-Aini, que quis tirar o poder das grandes famílias (pertencentes a outro grupo tribal) que controlam a produção e a distribuição do qat no Iêmen.

Já no Quênia, um dos países mais ricos e desenvolvidos do continente, o movimento anti-qat é liderado pelo advogado e ativista Abukar Awale, educado nos Estados Unidos (será só uma coincidência?). Awale obteve grande sucesso quando conseguiu convencer a ministra do Interior da Grã-Bretanha, a conservadora Theresa May, a banir e proibir oficialmente o qat, com o argumento dos riscos dos traficantes internacionais e organizações terroristas estarem por trás da importação. Isso, apesar do parecer favorável à substância de um grupo de pesquisadores — nomeados pela própria May – que não encontrou nenhum argumento legal e científico para a proibição de uma substância não-prejudicial para a saúde e a sociedade.

Mas a pesquisa, aparentemente objetiva, visto o resultado, realizada pelos experts britânicos, levanta justamente a questão crucial: até agora, todas as análises médicas e estudos científicos mostram que o qat não é prejudicial à saúde, mesmo absorvido em grandes quantidades e por longos períodos, e é até benéfico, usado com moderação. Assim como poderia se dizer do café, do guaraná, e de outras substâncias moderadamente excitantes naturais. Aliás, é curioso notar que a região de Mokka, no interior do Iêmen, é considerada a origem do café, assim como do qat. Uma compensação divina por ser o único país árabe onde nunca foi encontrado petróleo?

Então, por que condenar e banir uma substância e um costume que muitos povos consomem, como o resto do mundo faz com o café? Será mais um aspecto da típica imposição ocidental, tipo “o que eu faço está certo, o que os demais fazem está errado”? Ou ainda: “Meu cafezinho é apenas um hábito, esse costume deles de chupar folhas é um vício, que põe em risco a sociedade inteira”.

Entramos aqui na areia movediça do debate da legalização das drogas, “leves” ou “pesadas” que sejam (quem define o que, quais são os parâmetros?). O Uruguai atualizou o debate já antigo, mas novamente atual, entregando ao Estado o comércio da maconha. Alguns Estados dos EUA estão seguindo o mesmo caminho, com resultados promissores.

Voltando ao qat, que para muitos observadores científicos, nem entorpecente poderia ser considerado, não seria muito mais lógico e eficaz controlar de forma oficial e legal o sistema de distribuição, impedindo, desde a produção, que seja controlado e manipulado por organizações ilegais e até terroristas? Banir substâncias, usos e costumes que fazem parte enraizada da cultura dos povos é coisa de fundamentalistas, evangélicos e outros fanáticos modernizadores, moralistas e repressores. As sociedades tolerantes, positivas e maduras englobam e garantem, sem discriminação e sem demonização.

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A dura batalha da agricultura familiar urbana

Por JULIANA DIAS 06/03/2014
Valorizada pela ONU e por políticas brasileiras, ela não pode existir, segundo alguns Planos Diretores municipais… Agora, isso pode mudar

Por Juliana Dias, editora do site Malagueta, e Mônica Chiffoleau

A produção local é o elo vital na conexão campo-cidade devido à capacidade de ampliar o acesso ao alimento de qualidade, e em quantidade; preservar a cultura; e promover o desenvolvimento ambiental, social e econômico. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) elegeu o Ano Internacional da Agricultura Familiar. A finalidade é reposicionar esse modelo de produção no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais das agendas nacionais, identificar lacunas e oportunidades para “promover uma mudança mais equitativa e equilibrada”.

A data comemorativa é oportuna para dar visibilidade às produções familiares em municípios urbanos, como o Rio de Janeiro. Nesse sentido, buscamos apresentar um breve panorama das legislações que contribuíram para fortalecer esse modelo de produção no país. A finalidade é evidenciar a diversidade do meio rural e a legitimidade das demandas da Agricultura Familiar. De acordo com informações da própria FAO, “a Agricultura Familiar consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola, que são gerenciadas e operadas por uma família, e predominantemente dependentes de mão-de-obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens”.

Em meados da década de 1990, foi criada o programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), primeira política pública brasileira destinada aos agricultores familiares. Em 2003, com o programa Fome Zero, a Agricultura Familiar passa a ser considerada ainda mais estratégica, devido o seu papel no abastecimento alimentar interno do país; e a sua capacidade de resposta, mesmo em períodos de crises globais de alimentos. No ano de 2004, é instituído o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), voltado para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente do pequeno agricultor, destinando-os às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, atendidas por iniciativas públicas de alimentação e nutrição. Essas aquisições também são direcionadas para a formação de estoques de provisão de comida. O PAA, que completou dez anos em 2014, foi destacado como uma das melhores práticas, em âmbito mundial, que contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), de acordo com relatório Procurement for the Millennium Development Goals.

O processo de fortalecimento desse modelo agrícola ampliou-se em 2009, com a Lei de Alimentação Escolar (11.947). Ela determina que ao menos 30% dos alimentos adquiridos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) sejam comprados da Agricultura Familiar, preferencialmente agroecológicos ou orgânicos. Esta é uma excelente oportunidade para conectar campo-cidade, resgatar uma relação mais próxima com quem produz o alimento e revigorar a economia local, por meio de compras públicas. Do ponto de vista educacional, os alunos da Educação Básica podem conhecer a origem do prato que chega à mesa diariamente; e a escola pode levar essa reflexão para a sala de aula, com ações educativas que fomentem a discussão sobre de onde vem o alimento, estimulando escolhas autônomas e engajadas.

Mapeando o bem comum: o alimento

Diante desse cenário, o Conselho Municipal de Segurança Alimentar (Consea-Rio), por meio da Câmara Temática “Desenvolvimento nas Estratégias de Segurança Alimentar e Nutricional”, está empenhado em acompanhar a efetivação dessas políticas. Uma ideia corrente é a de que o município do Rio de Janeiro não tem agricultura – ou seja, não há espaço para a produção local. Entretanto, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Censo Agropecuário de 2006, existem no município fluminense cerca de 1.054 estabelecimentos agropecuários, dos quais 790 (o que corresponde a 75%) são estabelecimentos da Agricultura Familiar, ocupando uma área de 2.994 hectares na cidade. Com base nesses dados, em 2010 o Consea-Rio foi a campo mapear as iniciativas de Agricultura Urbana e Educação Alimentar e Nutricional. Neste mapeamento, foram incluídas iniciativas a sociedade civil e do poder público nas esferas municipal, estadual e federal.

O mapeamento começou com agricultores familiares (em especial os agroecológicos) e a agricultura urbana, que abrange cultivos em pequenas áreas dentro da cidade, destinadas à produção para consumo próprio, ou para a venda em pequena escala, em mercados locais. Num momento seguinte, foram incluídas também experiências com consumo consciente e solidário (compras diretas, feiras orgânicas e de produtores); com Educação Alimentar e Nutricional; e culinária comprometida com alimentação saudável, o prazer e a valorização da cultura. A pesquisa localizou 199 iniciativas no Rio de Janeiro, porém pouco conhecidas e articuladas.

Com o mapeamento, sentiu-se a necessidade de organizar um Grupo de Trabalho (GT) para pensar propostas de fortalecimento destas iniciativas. Ao longo do primeiro semestre de 2011, foram realizadas cinco oficinas com os representantes desses projetos. Os encontros permitiram uma aproximação da realidade do município do Rio, e trouxeram subsídios e questões para serem debatidas na III Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, ocorrida em julho do mesmo ano. De maneira geral, as iniciativas de produção agrícola existentes precisam ser mais conhecidas e valorizadas. Há pouco reconhecimento da agricultura pelos poderes públicos, e a maioria das iniciativas enfrenta muitas dificuldades, seja por fata de apoio, recursos ou pessoas.

Olhares desencontrados

O histórico de fortalecimento e resistência contrasta com o Plano Diretor do Rio de Janeiro (Lei Municipal Complementar n. 111/2011). O artigo 13, referente à ocupação urbana, estabelece a caracterização do território municipal como integralmente urbano. De acordo com Frederico Pricegrechi, doutor em Direito e presidente da Comissão de Direito Agrário do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o artigo viola os direitos fundamentais do livre exercício do trabalho, do incentivo ao desenvolvimento da pequena propriedade rural e da livre iniciativa em favor dos agricultores familiares. A esses trabalhadores rurais assiste o genuíno direito subjetivo ao exercício da sua atividade econômica agrária e, por conseguinte, aos benefícios e incentivos a assegurados pelas políticas públicas agrícolas, explica Pricegrechi.

“A sustentabilidade do município também está indissoluvelmente associada ao bem-estar duradouro de toda a população local, urbana e rural. A exclusão da área rural no planejamento e ordenação territorial do município também seria contrária ao princípio-vetor do planejamento, mais especificamente o princípio da universalidade – que é aquele ‘conformador da atividade planejadora, na medida em que, por regra, o planejamento deve englobar todos os setores e atividades do Estado (Município), buscando coerência nos planos’. E o princípio da unidade que significa que o ‘plano deve estar coerentemente integrado, constituindo, portanto, um todo, uma unidade’ (toda a extensão territorial do Município). Ademais, nas cidades costeiras a área urbana está necessariamente interligada aos portos, estando aqui presente a atividade de extrativismo rural consubstanciada na captura de animais (caça e pesca), além da extração de produtos vegetais nas áreas litorâneas”, esclarece o especialista, que também é professor em Direito Civil e Direito do Estado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Novos olhares

A Agricultura Familiar enfrenta sérias dificuldades para escoar a produção em feiras, mercados e programas de compra de alimentos, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar); e obter certificações e financiamentos. Um dos principais entraves para fornecer alimentos para as compras institucionais, aquelas realizadas pelo governo, é a emissão do Documento de Aptidão ao Pronaf (DAP), que é considerado a carteira de identidade do agricultor. O DAP credencia o trabalhador rural para vender seus alimentos. Entretanto, um dos critérios para obter o registro é não estar fixado em área urbana. Ora, se o entendimento, conforme o Plano Diretor, é que não existe área rural, esses agricultores ficam impossibilitados de exercer sua atividade.

Em 2013, as entidades encarregadas de emitir DAPs em alguns estados do Brasil, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), estão buscando um novo olhar para resolver o impasse, baseadas no parecer do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). De acordo com essa compreensão, a destinação dada ao imóvel é que o define como rural ou urbano. Assim, a análise que concede, ou não, a DAP deve considerar o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 30/11/1964), onde a prática das atividades no meio rural é definida como “atividade extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada”.

A área onde essa atividade deve ser realizada é classificada como “Imóvel Rural”, ou prédio rústico, estabelecido como área contínua, independente da localização. Essa nova visão é sustentada também pela Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais (Lei nº11, de 24/11/2006), a qual estipula que as práticas agrícolas fazem parte do conjunto de regiões ou zonas com atividades diversas, independentemente do zoneamento urbano realizado pelo município, previsto no Plano Diretor. Assim, o agricultor que desenvolve suas atividades em “imóvel rural”, mas, localizado no “meio urbano” atende as condições para se enquadrar como agricultor familiar ou empreendedor familiar rural.

Pricegrechi recomenda que “seja feita a alteração do artigo 13 do Plano Diretor da Cidade do Rio, a fim de excluir a referência à qualificação integralmente urbano, de modo a englobar o município como um todo, bem como promover a adequada e a harmoniosa integração entre os espaços rural e urbano, (artigos 2º, VII, e 40, §2º, da Lei n. 10.257/2001), observando-se a situação jurídica constituída dos agricultores familiares”.

Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), existe uma série de fatores que são fundamentais para o bom desenvolvimento da Agricultura Familiar, tais como: condições agroecológicas e as características territoriais; ambiente político; acesso aos mercados; acesso à terra e aos recursos naturais; acesso à tecnologia e serviços de extensão; acesso ao financiamento; condições demográficas, econômicas e socioculturais; disponibilidade de educação especializada; entre outros. Os novos olhares devem convergir para estabelecer um diálogo amplo e aprofundado a fim de que o entendimento sobre a Agricultura Familiar em municípios urbanos seja renovado, considerando as múltiplas dimensões que essa atividade engloba. Conforme Valter Bianchini, secretário da Agricultura Familiar (SAF/MDA), a priorização da ONU em destacar a agricultura familiar em 2014 é reconhecer esse modelo de agricultura como o que mais responde pela produção de alimentos e segurança alimentar nacional.

A Agricultura Familiar é o pulmão da cidade, liga o cidadão ao seu alimento local, sua origem, sua identidade. Enxergar de modo não-convencional essa atividade é essencial para o desenvolvimento da cidade. É preciso um novo olhar para compreender a sociedade, a partir da relação com o campo.

Mônica Chiffoleau, co-autora desse artigo, é mestranda em História das Ciências, das Técnicas e Espitemologia (HCTE/UFRJ) e coordenadora da Câmara Temática 1, do Consea-Rio, representando a Rede Ecológica.

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sexta-feira, 7 de março de 2014

Nuts and Obesity: The Weight of Evidence

Cancer, Interrupted: Garlic & Flavonoids

Why flavonoids are so important for your body

Assentamentos gaúchos devem colher 21 mil toneladas de arroz agroecológico

A terça-feira de Carnaval foi comemorada de uma forma diferente em vários assentamentos do Rio Grande do Sul. A data marcou o início da colheita de arroz agroecológico produzido em 15 assentamentos gaúchos. O tradicional evento de abertura ocorreu no assentamento Lagoa do Junco, em Tapes, e reuniu cerca de 10 mil pessoas.
Pela primeira vez, o ato foi realizado junto com a 37ª Romaria da Terra, que nesta edição trouxe o tema “Reforma Agrária, cooperação e agroecologia: cultivar vida saudável”. A Romaria é promovida todos os anos pela Comissão Pastoral da Terra e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

De acordo com o representante da Cooperativa Central dos Assentamentos do RS (Coceargs) e do Grupo Gestor do Arroz, Emerson Giacomelli, a programação conjunta demonstra a integração do povo em torno de uma produção de alimentos livre de agrotóxicos e de transgênicos.

“Se hoje nós podemos fazer a abertura da colheita aqui no assentamento junto com a Romaria da Terra é porque um dia fomos romeiros em busca de uma vida melhor e mais saudável. Mostra a capacidade de nos agregarmos em torno de um projeto único, provando que a agroecologia é uma causa de todos”, afirmou Giacomelli.

Ele observou que a produção de arroz agroecológico nos assentamentos vem crescendo a cada ano, e a expectativa para 2014 é superar a média em produtividade e principalmente em qualidade.

A safra deve chegar a 21,3 mil toneladas de arroz cultivado sem agrotóxico. A área plantada é de 4.398 hectares, distribuídos em 12 municípios do Estado. Giacomelli espera ainda a manutenção do preço – que varia entre R$ 34 e R$ 35 a saca, 20% a mais que o valor do produto convencional – para garantir renda aos assentados.

Destaque

A produção de arroz agroecológico, iniciada em 1999, vem se consolidando como uma das principais atividades nos assentamentos gaúchos. Hoje, 501 famílias estão envolvidas com o cultivo, que busca estabelecer relação de integração entre o ser humano, recursos naturais e equilíbrio bioquímico do ecossistema banhado.

O superintendente do Incra/RS, Roberto Ramos, salientou que desde o plantio à comercialização, o processo todo é desenvolvido por assentados. “É o nosso principal produto, porque abrange a produção das sementes orgânicas, o cultivo, a colheita, a agroindustrialização e a comercialização, etapas sempre vinculadas aos princípios da agroecologia e da produção de alimentos com qualidade”.

Ramos lembrou também dos esforços do Incra na prestação de assistência técnica adequada aos produtores de arroz e dos investimentos feitos pelo Instituto em unidades de beneficiamento e armazenagem (estas com capacidade para 292 mil sacas), além do apoio à comercialização por meio de programas federais, com o da Alimentação Escolar.

Fonte: Incra

EcoDebate, 07/03/2014

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Em busca da tradição do jarê

Vilma Homero

06/03/2014

Um dos princípios da antropologia diz que é o engajamento pessoal numa realidade bem diferente da nossa, traduzindo-a para um público mais amplo, que faz um bom antropólogo. Foi seguindo à risca esse conceito que o catarinense Gabriel Banaggia, criado em Niterói, rumou para a Chapada Diamantina, no interior da Bahia. A viagem exploratória, pensada para durar um mês, acabou resultando em um trabalho de campo contínuo que levou um ano, possibilitando ao pesquisador vivenciar a realidade de uma das religiões de matriz africana menos conhecidas do País: o jarê. O assunto foi tema de sua tese de doutorado em Antropologia Social no Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolvida como bolsista Doutorado Nota 10, da FAPERJ, e desdobrada em um livro, a ser lançado até 2015, com apoio da Fundação, por meio do Auxílio à Editoração (APQ 3).
Nas proximidades de um terreiro, a árvore onde mora um Eru; no centro, atabaque do Palácio de Ogum; e detalhe de árvore que serve de morada a um espírito no terreiro Pai Gil de Ogum. Gabriel Banaggia

A escolha do tema seguiu indicação do orientador de Banaggia, Marcio Goldman, professor do programa de pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional. E resultou no que Goldman avalia como um belo trabalho. “A tese de doutorado de Banaggia é praticamente o primeiro trabalho acadêmico de fôlego que investiga o jarê urbano da Chapada Diamantina. Essa religião de matriz africana é uma das menos conhecidas fora de sua área de abrangência. Além de analisar as características específicas dessa religião, a tese também faz uma contribuição inovadora e brilhante para o campo dos estudos afro-brasileiros”, elogia Goldman.

Mas para quem não conhece, o que é exatamente o jarê? Prática religiosa agraciada no fim de 2013 com o prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura, o jarê está circunscrito à Chapada Diamantina, e intimamente ligado à história do lugar. Foi criado por escravas e libertas, vindas principalmente das cidades de Cachoeira e São Félix, e levadas àquela área de garimpo de diamantes. Muitas se fixaram nas cidades de Lençóis e Andaraí, onde deram início ao culto do chamado jarê de nagô – aquele que só cultuava as divindades africanas, os orixás. “Isso se deu nos séculos XVIII e XIX, mais ou menos na mesma época em que também tinha início o candomblé jeje-nagô em Salvador”, conta Banaggia. Mas a convivência com os descendentes de indígenas na região foi fazendo com que aos poucos suas entidades fossem sendo incluídas no jarê, dando surgimento à forma contemporânea dessa religião.
Um dos caboclos incorporado no curador; e adepta se abaixa em deferência para saudar a Iansã também incorporada. Calil Netto

“Podemos dizer que uma das características do jarê é sua capacidade de adaptação. Enquanto no interior das casas de culto se faziam rituais somente para os orixás, tal como no candomblé, do lado de fora, se cultuavam entidades indígenas. No jarê atual, ambas as práticas foram unidas e passaram a incluir também o culto ao chamado ‘povo velho’, antepassados admirados por sua sabedoria ou poder de cura, e ao ‘povo das águas’, entidades ligadas aos rios, cachoeiras e mares. Todos esses seres orientam e trabalham para a cura espiritual”, explica Banaggia. Diferentemente do que ocorre no candomblé, liderado majoritariamente por mães de santo, no jarê predominam pais de santo na iniciação de novos adeptos.
Pedro de Laura, que ficou conhecido como um dos maiores mestres do jarê da Chapada Diamantina. Associação do Jarê

As únicas referências que Banaggia tinha sobre o tema de sua pesquisa ao chegar a Lençóis eram os estudos de Ronaldo de Salles Senna, antropólogo nascido na própria Chapada, e o de Miriam Rabelo, que nos anos 1980 focou sua tese de doutorado sobre o tema. “A diferença é que procurei me concentrar na cidade diamantífera de Lençóis, considerada como o berço dessa religião. A cidade, que surgiu da corrida em busca de diamantes em meados do século XIX, chegou a ter uma população de 30 mil habitantes em seus tempos áureos. Na década de 1970, no entanto, eram 5 mil habitantes, número que, hoje, se estabilizou em 10 mil, dos quais 85% são negros. Ainda hoje dominada por uma elite branca – tal como nos tempos do apogeu do garimpo de diamantes, em que a cidade chegou a contar com um subconsulado francês –, Lençóis agora vive do turismo. Os remanescentes da antiga elite são atualmente os donos de pousadas, de restaurantes, os que comandam as atividades do setor terciário”, explica o pesquisador.

Com o fim do garimpo, uma nova configuração econômica começou a mudar a face da cidade. “Com a alta dos preços dos aluguéis e as novas atividades do turismo, as casas de jarê foram se instalando cada vez mais distantes da cidade e mais perto da mata, em locais sem luz nem água encanada. Mas o preconceito com relação às religiões de matriz africana também leva seus adeptos, especialmente em cidades pequenas, a se tornarem bastante discretos sobre suas práticas”, acrescenta. Foi esse cenário que o “carioca” Banaggia, como se tornou conhecido na cidade, encontrou em Lençóis. Nos primeiros meses da pesquisa, em que se dedicou basicamente à história do lugar e do garimpo, deu a sorte de conhecer Sandoval, filho do já falecido Pedro de Laura, um dos maiores mestres do jarê, e que se tornaria um de seus quatro guias na pesquisa. “Sandoval foi uma das pessoas que me abriram as primeiras portas. Assim como Gilson, antigo garimpeiro e filho de outro adepto de importância na religião; Elias, um brilhante jovem da região que por conta própria se aprofundava numa pesquisa informal sobre o assunto; e Áurea, tia de Sandoval, filha de santo e uma das senhoras mais empenhadas em manter vivo o jarê. É sempre um deles que me orienta ao longo de cada um dos capítulos da tese.”
Gabriel Banaggia: um ano de trabalho de campo na Chapada Diamantina. Arquivo pessoal

Seguindo à risca a frase de Pierre Verger, o antropólogo francês estudioso do candomblé de Salvador – que dizia que a qualidade da pesquisa depende da qualidade das relações pessoais com seus interlocutores –, Banaggia enfronhou-se nas casas de jarê mata adentro. “Foi um processo demorado até ser aceito. Fui conhecendo os rituais, as práticas e as pessoas.” Pelo que Banaggia observou, há uma grande comunhão do jarê com a natureza. Em certo sentido, é um tanto mais democrático do que o candomblé, já que durante os rituais não há separação entre os que realizam as práticas e a assistência. Todos podem entrar em transe. E o jarê segue igualmente uma orientação terapêutica bastante pronunciada.

“Há uma grande procura para tratar um misto de doenças físicas e espirituais. Nada que suplante recorrer à medicina tradicional para casos mais graves. Nessas situações, como a de uma cirurgia, por exemplo, é comum se pedir para que as entidades iluminem as mãos e a mente dos médicos”, conta o pesquisador. Ele também chama a atenção para a alta incidência de alcoolismo na região, o que acaba sendo um dos motivos recorrentes para os atendimentos no jarê. “Em Lençóis, costuma-se dizer que quem não bebe, já bebeu. No jarê, esse é um dos pedidos mais frequentes de tratamento espiritual. E os relatos afirmam que se alcançam bons resultados”, fala.

De sua convivência na região e com os praticantes do jarê, Banaggia pôde perceber que uma das características mais fortes do culto é a resiliência. “Vi na religião uma enorme capacidade de resistência criativa às perdas populacionais, culturais e linguísticas. Seus adeptos não se mostram resignados a essa situação, mas reagem de forma resoluta e com enorme persistência, exibindo uma tremenda vitalidade em continuar a prática do jarê”, afirma Banaggia. Entre as iniciativas para manter forte o jarê estão a associação com programas do governo, organizações não governamentais e também pesquisadores. “Hoje, essas alianças são importantes para os adeptos dessa religião”, explica. Por isso mesmo, em 2007, por iniciativa de Sandoval, e à semelhança do que já aconteceu com muitos terreiros de candomblé de Salvador, foi feito um pedido de tombamento ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tanto do jarê como bem cultural imaterial quanto de sua mais antiga casa de culto em Lençóis. “Conseguir esse tombamento poderá configurar novos passos importantes para manter viva a tradição do jarê”, conclui.

© FAPERJ – Todas as matérias poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

Estudian el papel de los lípidos en el síndrome metabólico

Publicado el 7 de marzo de 2014 por BoCES

Por Elizabeth Ruiz Jaimes en la Academia Mexicana de Ciencias

Rosa María Oliart Ros es una científica que durante los últimos 15 años se ha dedicado al estudio de los ácidos grasos dietarios –grasas o aceites– que se encuentran naturalmente en los alimentos y su efecto en el síndrome metabólico, pero además la especialista resalta la investigación sobre los lípidos por ser fuente de energía y tener una importante participación en muy diversas funciones.

“Forman parte de las membranas de las células, del recubrimiento y protección de órganos, del aislamiento de las neuronas, también son precursores de hormonas y vitaminas, participan en la expresión de genes y en la señalización celular”, explicó la jefa de la Unidad de Investigación y Desarrollo de Alimentos del Instituto Tecnológico de Veracruz (ITV).

La integrante de la Academia Mexicana de Ciencias, señaló que los seres humanos consumen este tipo de lípidos como parte de la dieta, pues se encuentran en las nueces, la carne de res, el pescado o el pollo, los embutidos, la leche, quesos, huevos, aceite de cocina, mantequilla, etcétera.

De acuerdo con la investigadora “los lípidos aportan alrededor de 30% de la energía que obtenemos de los alimentos. Otorgan más energía por gramo que los carbohidratos o las proteínas”.

De ahí que Oliart Ros decidiera estudiar a estos lípidos, principalmente a algunos que son de especial importancia “… que son aquellos que no son sintetizados por nuestro organismo y, por lo tanto, debemos ingerirlos en la dieta, son los que se denominan esenciales. Estos son los que pertenecen a la familia omega tres y omega seis, actualmente se consumen en cantidades no adecuadas, lo que lleva al organismo al desarrollo de algunos padecimientos”.

Explicó que se ha demostrado que juegan un papel muy importante en el metabolismo, y que un desequilibrio en la ingesta puede causar enfermedades cardiovasculares, además de diabetes, obesidad o el cáncer.

“Además, al estudiar los efectos que su consumo puede tener en los padecimientos que conforman al síndrome metabólico y tratar de explicar a nivel celular y molecular, conjunté el área de la biología –que me apasiona y fue en la que realicé mis estudios de posgrado– con el campo de los alimentos, que se desarrolla en la institución en donde trabajo”, agregó.

A la fecha ha publicado 13 artículos y dos se encuentran en espera de ser aceptados para su publicación. Su principal aportación al conocimiento en esta línea de investigación se explica con los tres modelos de síndrome metabólico en ratas (uno inducido por una ingesta elevada de sacarosa y dos determinados genéticamente (ratas hipertensas espontáneas y ratas zucker).

“En ellos he estudiado el efecto de la administración de dietas ricas en diferentes ácidos grasos sobre los parámetros que caracterizan al síndrome. Los ácidos grasos que he utilizado son: ácidos grasos polinsaturados esenciales de la familia omega 3 (contenidos en el aceite de pescado), ácidos grasos polinsaturados esenciales de la familia omega 6 (contenidos en el aceite de maíz), ácidos grasos saturados (contenidos en el aceite de coco), ácidos grasos monoinsaturados (contenidos en aceite de cártamo enriquecido en oleico), ácido linoleico conjugado y ácido vaccénico (contenidos en fracciones de grasa butírica anhidra naturalmente enriquecida), y ácido estercúlico (contenido en el aceite de las semillas de plantas del género Sterculia)”.

Los efectos de las dietas se han analizado en términos de su impacto sobre la sensibilidad a la insulina, en la presión arterial, la obesidad, los niveles séricos de insulina, glucosa, triglicéridos, colesterol, lípidos, lipoproteínas, marcadores de inflamación, sobre la composición lipídica de las membranas plasmáticas de las células, en la histopatología de ciertos órganos, sobre la expresión de genes y la síntesis de proteínas.

“Con esto he pretendido aportar conocimiento científico sobre estrategias no farmacológicas de prevención y tratamiento del síndrome, así como de los mecanismos celulares y moleculares por los cuales los nutrientes ejercen sus efectos”, destacó.

Por otro lado, en el desarrollo de estos trabajos han participado estudiantes de licenciatura, maestría y doctorado realizando sus tesis, por lo que la científica también ha contribuido a la formación de investigadores, lo que para ella es también muy importante.

El futuro

“Sigo estudiando esta línea. El estudio más reciente es el relacionado con el efecto de la grasa butírica anhidra naturalmente enriquecida con ácido linoleico conjugado y ácido vaccénico en ratas hipertensas espontáneas. En este trabajo se administró aceite extraído de las semillas de Sterculia mexicana con el objeto de inhibir la conversión del ácido vaccénico en ácido linoleico conjugado (CLA), y fue interesante encontrar que el aceite estercúlico por sí sólo tuvo efectos sobre el síndrome metabólico. Por lo tanto, en este momento estoy estudiando a este aceite, ya que además las semillas de este árbol son consumidas en algunas regiones de Veracruz”.

Dentro de los hábitos alimenticios de la población mexicana la carne de pollo es la que ocupa los primeros lugares, seguida de la de res, sin embargo la investigadora recomienda el consumo de pescado por sus buenos niveles de ácidos grasos esenciales omega tres.

“Se ha demostrado en diversos estudios que estos ácidos grasos son benéficos para la prevención y tratamiento de enfermedades cardiovasculares y diabetes. Dado que son esenciales, debemos consumirlos en la dieta pues nuestro organismo no es capaz de sintetizarlos, pero en la dieta occidental actual se consume muy poco de estos ácidos grasos, y este desbalance ha sido asociado con el incremento acelerado de enfermedades cardiovasculares, diabetes y obesidad de los últimos años”, concluyó.

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Plástico feito de cascas de camarão fortalece o solo após o uso

07 de Março de 2014 09:28

As cascas de camarões, um dos resíduos mais descartados nos oceanos e nas praias após a atividade pesqueira, deram origem a um novo tipo de plástico ecologicamente correto. Produzido por um grupo de pesquisadores do Instituto Wyss , na Universidade de Harvard, o material é composto pela quitosana – polímero natural extraído de forma orgânica dos crustáceos, que tem baixos custos em suas etapas de processamento.

O ciclo de vida do novo bioplástico é totalmente sustentável, pois, além de a produção não gerar nenhum impacto no meio ambiente, o material também é biodegradável. E não para por aí: por se tratar de um insumo orgânico, os pesquisadores provaram que o bioplástico possui até mesmo a capacidade de prover nutrientes para o solo, num curto período de tempo, fortalecendo plantações e evitando o uso de defensivos agrícolas. O vídeo abaixo mostra uma planta crescendo a partir do bioplástico:

Para aumentar a qualidade e a resistência do material, os cientistas uniram a substância retirada dos crustáceos ao pó que é extraído da madeira. Assim, o produto aproveita resíduos provenientes de diferentes cadeias produtivas – tanto da pesca e da alimentação, como da indústria madeireira e até das serralherias. Assim, ao passar pelos processos em laboratório e ser unida ao pó, a quitosana forma um plástico com rigidez suficiente para manter a forma tridimensional.

O objetivo da pesquisa é produzir o bioplástico em larga escala, e, para chegar à versão final, foram necessários diversos testes em laboratório. Assim, antes de concluírem este novo modelo, os pesquisadores criaram um material misto de quitosana e proteína de seda, chamado de Shrilk – que, em inglês, significa a junção dos termos shrimp (camarão) e silk (seda). No entanto, a utilização deste insumo deixava o plástico bem mais caro que a versão atualmente concluída.

O novo material criado pelos pesquisadores de Harvard é mais eficiente que as versões biodegradáveis utilizadas atualmente, pois dispensa o cultivo de vegetais com o fim exclusivo para a indústria de plástico e reduz os gastos da fabricação do material convencional. Além disso, a fase de incorporação ao solo do novo plástico pode até incentivar mais pessoas a plantarem em suas casas, a partir do reaproveitamento do resíduo.

Fonte: Gabriel Felix

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Conheça a história do homem que conseguiu fazer uma floresta crescer em pleno deserto

07 de Março de 2014 
Estamos sempre mostrando aqui no Arquitetura Sustentável, histórias de pessoas que conseguem transformar sua realidade através de grandes gestos. Porém, dessa vez, vamos apresentar a história de um homem simples que conseguiu mudar não só a sua realidade, como também a da natureza de seu país. Ele conseguiu plantar no deserto!

Yacouba Sawadogo desenvolveu um novo método de reflorestamento e recuperação em solo desértico que mudou a vida dos donos de plantações de Burkina Faso, no continente africano. Ao se deparar com o problema de fertilidade do solo assolado pela erosão que fazia suas plantações morrerem, Sawadogo decidiu experimentar um ensinamento antigo conhecido como "zai", que consiste em abrir diversos pequenos buracos no chão e preenchê-los com adubo orgânico. Essas aberturas agem como pequenos reservatórios de água da chuva capazes de armazenar uma quantidade suficiente para fertilizar o solo.

O trabalho de recuperação do solo começou na década de 80 e na época, Sawadogo sofreu preconceito e foi perseguido pela população local. Apesar disso, 20 anos depois da aplicação da técnica, suas terras já tinham uma floresta com mais de 30 hectares e 60 espécies de árvores.

Quando conseguiu provar a efetividade de seu método, Yacouba Sawadogo resolver levar adiante seu conhecimento e começou a oferecer palestras e treinamentos em suas terras para ensinar a técnica a outros fazendeiros. A história desse homem foi tão incrível que virou um filme produzido pelo cineasta Mark Dodd. O "Homem que parou o deserto" conta como uma pequena atitude mudou a realidade e o ambiente de toda uma região considerada uma das menos férteis do mundo.

A ideia de Sawadogo, hoje, é considerada como uma das mais eficazes do mundo e mobilizou diversas iniciativas que visam arrecadar fundos para levar o método a outros países com o mesmo problema.

Quem sabe a ideia não funciona aqui no nordeste brasileiro?!
Fonte: ArquiteturaSustentavel

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Batalha #1: Petit Suisse Caseiro x Chambinho

Cursos, aulas e vídeos sobre química no MIT (em inglês)



DICA: visite e baixe as AULAS de QUÍMICA do MIT! Com centenas de cursos de vários tópicos da Química, totalmente gratuitos. Download de material, slides, vídeos e experimentos. 

Bom para estudantes, ótimo para educadores!

Evento em Uberlândia, Minas Gerais: As plantas medicinais e os fitoterápicos no SUS


O Núcleo das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia promove palestra (As Plantas Medicinais e os Fitoterapicos no SUS)com os Drs. Evando de Queiroz - Médico Especialista em fitoterapia e o Médico Vitor José de Souza Machado - Médico Prof. da UNB - Consultor do Ministério da Saúde. No dia 14 de Março de 2014 das 14h ás 18hs. no Anfeteatro do Bloco 3Q - Campos Sta. Mônica.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Ervas e Plantas | Plantas espontâneas | Parte I

Por Que as Folhas são Verdes? Parte 2

Por Que as Folhas são Verdes? Parte 1

Celtis iguanaea-joá bravo

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Data: 04.03.2014

Durante minha atividade rotineira de coleta-de-sementes, me deparei com mais uma espécie de fruto comestível do Cerrado. Desta vez tive uma sorte grande de encontrar um arbusto de Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg., conhecido popularmente na minha região como juá-bravo, com muitos frutos maduros de cor amarela. Outros nomes citados pela literatura são juá-mirim, gurupiá e sarã-de-espinho (Pott & Pott 1997), para a região do pantanal, onde esta espécie também ocorre e é citada como comestível. A referência anteriormente citada, bem como Lorenzi (1998) citam a espécie como sendo atrativa para pássaros e comestível. O gosto é um tanto parecido com o dos joás (Ziziphus spp), que no entanto são da família Rhamnaceae, sendo não só o gosto mas também a morfologia externa (pela copa sempre verde densa e pelos espinhos) parecida com Ziziphus spp. As folhas são comestíveis, de gosto suave e segundo um mateiro do Distrito Federal são também apreciadas como alimento para a fauna (veado-catingueiro, Mazama sp.).
Celtis iguanaea. Frutos maduros. Fruits (ripe) 

During my routine seed collection activity, I came across another kind of edible Cerrado fruit. This time I had the great fortune to find a shrub of Celtis iguanaea ( Jacq. ) Sarg., Popularly known in my area as wild juá, with many ripe fruits of yellow color. Other names mentioned in the literature are juá -mirim,gurupiá and sarã-de-espinho ( Pott & Pott 1997), for the pantanal region, where this species also occurs and is cited as edible . The reference quoted above , and Lorenzi (1998 ) cite the species as being attractive to birds and edible.The taste is somewhat similar to that of Joá( Ziziphus spp ), which however are of the Rhamnaceae family, being not only the taste but also the external morphology (given the dense evergreen canopy and the thorns) is similar to Ziziphus spp. The leaves are edible, of smooth taste and according to a local guide of the Federal District, the leaves are also favored by brocket deer as food (Mazama sp.).
Ramo com folhas. Leaf branch

Referências

POTT, A.; POTT, V.J. Plants of Pantanal. Embrapa Produção de Informação, Brasília, 1997. 320p.

HARRI, L. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2.ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. 352p. vol2.

Como hacer una pasta de dientes, barata, efectiva y sin flúor en casa

Por manzana El 4 de marzo de 2014

Aquí les comparto una pasta de dientes muy saludable , la misma puede fortalecer sus dientes, evitar las caries , aclarar poco a poco su sonrisa y así de paso nos alejamos del flúor que nos pone en todos partes y solo lograran que terminemos con fluorosis.

Como si todo la antedicho no fuese suficiente es económica.

Ingredientes:

Dos cucharadas de bicarbonato de sodio.

Una cucharada de sal de mar (finamente molida) es importante que sea sal de mar, las refinadas son solo cloruro de sodio y precisamos de todos los minerales que trae la de mar.

Diez gotas de aceite de coco de origen orgánico.

Preparación:

Mezclamos todos los ingredientes y los guardamos en un recipiente hermético, si el aceite esta muy duro poner un poca al baño maría para poder usarlo en la preparación.

Cuando tengamos que lavarnos los dientes ponemos un poco en el cepillo mojado y listo funciona como cualquier otra pasta.
También es bueno recordar , que la salud dental esta fuertemente vinculada con la forma de comer . Si tenemos una dieta variada, orgánica y saludable nuestros dientes estarán sanos y fuertes, el bicarbonato es un excelente limpiador, la sal de mar nos aporta minerales esenciales para el esmalte de los dientes.

Aclaraciones: yo uso esta receta 4 o 5 veces a la semana, por que el bicarbonato es abrasivo, se puede bajar la cantidad de sal y su usted es hipertenso mejor usar otra receta aunque no se ingiera la pasta, algo de sal igual siempre puede terminar siendo ingerida .

El resto de las veces realiza el cepillado solo con agua y siempre un cepillo de cerda suave, el cepillado mecánico es muy efectivo, así como unos buenos buches con tan solo agua, el hacer recorrer el agua con fuerza por toda la boca es un excelente limpiador.

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Combate à desertificação é necessário para garantir segurança, diz ONU


Combater a desertificação é necessário também em termos de segurança, alertou na segunda-feira (3) a Organização das Nações Unidas (ONU) no lançamento de um estudo que mostra uma ligação entre a desertificação, as alterações climáticas e as crescentes ameaças à segurança nacional e internacional.

O estudo Desertificação: A Linha da Frente Invisível é a primeira iniciativa que destaca essa ligação, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).

“Insegurança alimentar, conflitos relacionados com a água, migração, radicalização política e falência do Estado são cada vez mais evidentes em países em que grandes populações pobres, que dependem de terras frágeis ou desertificadas, estão cada vez mais expostas a acontecimentos climáticos extremos”, indica o estudo.

O relatório da UNCCD estima em mais de 1 bilhão o número de pessoas que atualmente não têm acesso à água, prevendo que “a procura vai aumentar 30% até 2030″.

Segundo o relatório, em 2020 cerca de 60 milhões de pessoas poderão deslocar-se das áreas desertificadas da África Subsaariana para o Norte da África e da Europa.

As alterações climáticas provocam acontecimentos climáticos extremos, como secas prolongadas e inundações, afetando “comunidades mais vulneráveis à desertificação”, alertou a secretária executiva da UNCCD, Monique Barbut.

As declarações de Barbut foram divulgadas em uma mensagem de vídeo durante um evento em Maseru, capital do Lesoto, para lançar a campanha global que antecede o Dia Mundial de Combate à Desertificação, em 17 de junho.

Segundo ela, este dia “é uma oportunidade única para lembrar a todos que a degradação dos solos pode ser combatida eficazmente e que existem soluções”.

“A campanha promove uma abordagem baseada nos ecossistemas, para conseguir uma ‘terra à prova de clima’ e garantir a sua produtividade para as gerações presentes e futuras”, segundo o comunicado.

Para o presidente da Global Environment Facility (organização financeira que subsidia projetos relacionados com o meio ambiente), Naoko Ishii, “em nenhum outro lugar no mundo estão as ameaças de desertificação mais intimamente ligadas à segurança alimentar e à estabilidade política e econômica do que nas terras áridas da África”.

O estudo da ONU mostra “uma sobreposição” das regiões em África mais vulneráveis à desertificação e onde aumentaram a temperatura e a seca ao longo dos últimos 40 anos, com as “áreas que registaram alta incidência de ataques terroristas em 2012 e onde ocorreram tumultos provocados pelo aumento do preço dos alimentos em 2007-2008″.

Fonte: Agência Lusa / ABr.

EcoDebate, 05/03/2014

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Povos do Cerrado trabalham para proteger o bioma e superar a pobreza

Atividades sustentáveis feitas por indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais do cerrado serão financiadas pelo Banco Mundial e o Fundo de Investimentos do Clima (CIF).

Trata-se de um reconhecimento inédito dado ao esforço desses povos para evitar o desmatamento e preservar as espécies da região.

O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e um dos menos protegidos.

Mal o dia começa em Carolina (MA), Jaylton Hycroh, 23 anos, já está no batente. Aos poucos, ele traz caixas e mais caixas de caju a uma mesa. Nela, os frutos bons serão selecionados por ele e quatro colegas. Depois, os cajus serão processados até virar polpa congelada.

“Gosto desse trabalho porque, além de preservar as frutas do cerrado, dá uma fonte de renda aos moradores das aldeias indígenas”, conta ele. Hoje, 20% da matéria-prima processada na Fruta Sã – onde trabalha o jovem Krikati – vem desses povos.

O percentual poderia ser ainda maior (até 50%, segundo o gerente da fábrica, Geert Haveman), mas nem sempre as comunidades têm condições de extrair e transportar as frutas com segurança. “Os próprios Krikati deixam de mandar o açaí e o buriti coletados na aldeia porque não contam com freezer”, exemplifica Hycroh.

Medo da inadimplência

Cerca de 1.500km ao sul, em Montes Claros (MG), diversas comunidades tradicionais vivem do processamento da cana, da mandioca e de 18 frutos do cerrado.

Ali, os desafios são outros, mas igualmente grandes, como conta Braulino dos Santos, coordenador do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas. “Para serem vendidos, os produtos dessas comunidades recebem as mesmas exigências feitas aos industrializados, e o preço pago é menor.”

Ele acrescenta: “Como as comunidades tradicionais ainda não estão bem preparadas para receber financiamento público, muitas associações de produtores rurais têm dificuldade para prestar contas ou acabam contraindo dívidas impagáveis”.

Embora distantes, as histórias de Jailton Hycroh e Braulino Santos resumem o cotidiano de quem obtém emprego e renda com o uso sustentável do cerrado. Ainda assim, eles apostam em um cenário melhor para as comunidades locais.

Financiamento sob medida

Pela primeira vez, o Banco Mundial e o Fundo de Investimentos do Clima (CIF, na sigla em inglês) se uniram para financiar atividades de preservação do bioma. US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 14 milhões) serão usados para isso, dos quais cerca de 70% vão diretamente para as mãos de comunidades tradicionais e indígenas.

As comunidades querem muito saber como melhorar seus produtos e vendê-los para mais mercados. Júlia Miras, Consultora do Banco Mundial

As opiniões ouvidas em três consultas públicas – a última delas, em setembro – ajudarão a dar forma ao projeto e fazer com que os recursos estejam disponíveis a quem realmente precise. “Eles só fazem a diferença quando usados para projetos pensados pelas comunidades”, explica Júlia Miras, consultora do Banco Mundial.

“Ainda não sabemos que atividades serão financiadas, mas as comunidades querem muito saber como melhorar seus produtos e vendê-los para mais mercados.”

O perigo das queimadas

Por meio da agricultura familiar, do extrativismo sustentável e do artesanato, as famílias a serem contempladas pela iniciativa ajudam a preservar um bioma presente em 22% do território brasileiro.

Mesmo reconhecido como a savana mais rica do mundo, o cerrado é um dos biomas menos protegidos do país: as unidades de conservação cobrem apenas 8,21% de suas terras. Além disso, 137 espécies da fauna estão ameaçadas de extinção, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

O desmatamento, a produção de carvão e a ocupação desordenada não só geram conflitos sociais, mas também aumentam riscos e efeitos das mudanças climáticas no bioma. Solucionar esse último problema, por sinal, é um dos principais objetivos do novo projeto – e algo bem-vindo para quem vive na região e de suas riquezas.

“O cerrado em algumas áreas já está em desertificação por causa das queimadas. E o fogo também afeta as frutas, que dão alimento a tanta gente. Por isso é tão importante preservá-lo”, defende o jovem Jailton Hycroh antes de voltar à labuta.

Informe do Banco Mundial, publicado pelo EcoDebate, 03/03/2014

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Em alguns países, abuso de medicamentos é uma ameaça maior que o de drogas ilegais

Cada dólar gasto em prevenção pode economizar até dez dólares, aponta relatório da ONU – Em alguns países, abuso de medicamentos é uma ameaça maior que o de drogas ilegais. Documento aponta que prevalência do abuso de cocaína aumentou particularmente no Brasil, que também serve de rota do narcotráfico internacional.
Manifestação em São Paulo, em abril de 2013, sobre o tema das drogas. Foto: Marcelo Camargo/ABr

Apenas um em cada seis usuários problemáticos de droga em todo o mundo – cerca de 4,5 milhões de pessoas – recebe o tratamento que ele ou ela precisa, a um custo global de aproximadamente 35 bilhões de dólares por ano, diz a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE ou, na sigla em inglês, INCB), sediada em Viena, no seu Relatório Anual para 2013, lançado nesta terça-feira (4) em Londres.

Heroína, cannabis e cocaína são as drogas mais utilizadas por pessoas que iniciam o tratamento em todo o mundo.

O presidente da JIFE, Raymond Yans, observa que o investimento em prevenção e tratamento é uma “opção de investimento” sábia, pois pode levar a economias significativas em cuidados de saúde e custos relacionados com o crime, além de aliviar o sofrimento das pessoas dependentes de drogas e suas famílias.

Cada dólar gasto em prevenção pode economizar até dez dólares em custos posteriores para os governos. O relatório da JIFE revela disparidades regionais significativas na oferta de tratamento: na África, apenas um em cada 18 usuários problemáticos de drogas recebe tratamento.

Na América Latina, no Caribe e no Sudeste da Europa, um em cada 11 usuários problemáticos de drogas é tratado, enquanto que na América do Norte esse número é de um em cada três.

O abuso de medicamentos é uma grande ameaça à saúde pública, superando as taxas de abuso de drogas ilegais em alguns países. A JIFE alertou para a ampla disponibilidade de medicamentos sob prescrição.

Há iniciativas importantes de eliminação segura de medicamentos prescritos, mas não o suficiente para combater a tendência crescente de abuso de medicamentos, causada pela ampla disponibilidade dessas substâncias, diz o presidente da JIFE . “Há uma percepção errônea de que medicamentos são menos suscetíveis ao abuso do que drogas ‘ilícitas’.”

O ambiente familiar é a principal fonte de medicamentos que não são mais necessários ou utilizados para fins médicos, posteriormente desviados para o abuso. Pesquisas mostram que uma percentagem significativa de pessoas que abusam de medicamentos obteve a droga pela primeira vez a partir de um amigo ou membro da família, que havia adquirido o remédio legalmente.

O abuso de medicamentos é uma ameaça grave e crescente para a saúde pública na América do Norte, que é a região com a maior taxa de mortalidade relacionada a drogas no mundo.

O relatório da JIFE diz que o abuso de medicamentos só pode ser resolvido se forem abordadas as causas principais da oferta excessiva, como a prática de ir a vários médicos ao mesmo tempo para conseguir mais de uma receita para a mesma substância (“doctor-shopping”), a prescrição excessiva por profissionais médicos e a falta de controle na emissão e arquivamento de prescrições.

Tendências regionais: “Drogas legais”, legislação da cannabis e deterioração do problema da droga no Afeganistão

Um número sem precedentes de variedades de novas substâncias psicoativas (NSP), muitas vezes vendidas como “sais de banho”, “drogas legais” ou “plant food”, são um grande desafio não só na Europa, mas cada vez mais em outras regiões e em países em desenvolvimento.

Esta tendência crescente coloca desafios para as autoridades de regulação e fiscalização. O grupo de Peritos em Dependência Química da Organização Mundial de Saúde (OMS) deve analisar mais de 20 novas substâncias psicoativas em seu 36º encontro, em junho de 2014.

A América Central e o Caribe continuam a ser afetados pelo tráfico de drogas e pelos altos níveis de violência relacionados a drogas, enquanto a fabricação ilícita de metanfetamina em larga escala é um motivo de preocupação.

A região continua a ser uma rota de trânsito importante para a cocaína em direção à América do Norte e à Europa. Estima-se que mais de 90% de toda a cocaína traficada para os Estados Unidos seja de origem colombiana e transite pelo México e pelo corredor da América Central.

Em geral, houve um aumento global no tráfico de opiáceos na África. O aumento de 10 vezes nas apreensões de heroína na África Oriental torna esta sub-região, possivelmente, o maior eixo da África para a heroína traficada com destino aos mercados europeus.

A heroína está transitando na África Ocidental com mais frequência, destinada principalmente para a Europa, mas também traficada para o sul do continente. Há também um potencial na África para a expansão do mercado interno de cocaína, embora o abuso de cannabis continue a ser elevado, quase o dobro da média global.

Os desenvolvimentos recentes na legalização da cannabis para uso recreativo nas Américas, nos estados de Colorado e Washington nos EUA, e no Uruguai, continuam a ser um motivo de preocupação para a Junta.

“Quando os governos consideram as suas políticas futuras sobre isso, a principal preocupação deve ser a saúde e o bem estar da população a longo prazo”, afirmou o presidente da JIFE. A Junta aponta que tal legislação viola as disposições da Convenção de 1961, que limita o uso de cannabis apenas para uso médico e científico.

A América do Norte é a região com a maior taxa de mortalidade relacionada a drogas no mundo, com o abuso de medicamentos representando uma ameaça grave e crescente para a saúde pública. A América do Sul atingiu o nível mais baixo em cultivo ilícito de coca desde 1999. O cultivo diminuiu de cerca de 153.700 hectares em 2011 para 133.700 em 2012.

A produção e a procura de heroína no Leste e Sudeste da Ásia continua a ser uma grande preocupação para a JIFE. Só a China relatou ter cerca de 1,3 milhão de usuários com uso abusivo de opioides registrados em 2012. Este aumento de procura na China pode estar dirigindo o aumento da demanda de heroína produzida no resto da região.

O Afeganistão tem um sério problema com drogas, com o cultivo ilícito da papoula do ópio estabelecendo novos recordes em 2013: 209 mil hectares, um aumento de 39% em comparação com os 154 mil hectares de 2012.

O país continua a ser o centro da produção ilegal de heroína e sua importância como fonte de resina de cannabis para os mercados mundiais está crescendo. Esta situação põe em risco os objetivos dos tratados internacionais de controle de drogas, afirma o relatório da JIFE.

A Junta apela à ação de cooperação internacional para resolver a situação e destaca que a erradicação da papoula de ópio ilícita só pode ser alcançada se as leis pertinentes forem plenamente respeitadas e implementadas, enquanto meios de subsistência alternativos sustentáveis forem fornecidos nas áreas afetadas.

O cultivo ilícito de cannabis, tanto em residências particulares quanto em plantações maiores, está aumentando na Europa, facilitada pela venda de sementes e equipamentos através da Internet em alguns países.

A produção ilícita de cannabis em larga escala é em grande parte executada pelo crime organizado, mas em alguns países, como o Reino Unido, há também um movimento em direção ao cultivo ilícito de cannabis em múltiplos locais com pequena escala de produção.

A cannabis é também a droga mais citada entre os admitidos para tratamento de abuso pela primeira vez na Europa Ocidental e Central. As novas substâncias psicoativas (NSP) são um fenômeno emergente no Leste e Sudeste da Europa, onde elas começaram recentemente a ter um impacto.

Embora essas substâncias sejam transportadas principalmente da Ásia para posterior processamento, embalagem e distribuição na Europa, há indícios de fabricação limitada na Europa também.

A rota dos Bálcãs continua a ser o caminho mais utilizado para o tráfico de drogas na sub-região, embora a quantidade de heroína traficada tenha diminuído no ano passado. As rotas de tráfico de cocaína para a Europa são diversificadas, com uma parte do tráfico vindo através dos países bálticos ou ao longo da rota dos Bálcãs. Ultimamente, o tráfico através dos portos do Mar Negro tem aumentando.

A Oceania é a única região em que as apreensões de todos os principais tipos de drogas – estimulantes do tipo anfetamina, cannabis, opiáceos e cocaína – aumentaram recentemente, principalmente na Austrália.

Não há drogas sem produtos químicos: a questão dos precursores químicos

O sucesso na redução do desvio de precursores químicos – frequentemente utilizados na fabricação ilícita de drogas – do comércio internacional a níveis insignificantes demonstra que as lacunas nos controles em nível nacional estão sendo cada vez mais exploradas por organizações criminosas para acessar o fornecimento de produtos químicos necessários para produzir drogas ilícitas, alerta a JIFE.

Os traficantes também estão investindo no potencialmente vasto conjunto de produtos químicos não controlados, muitas vezes feitos sob medida para contornar a eficácia do controle internacional.

O Relatório de Precursores da JIFE identifica as tendências mais marcantes no tráfico de precursores químicos e medidas práticas que os governos devem tomar para negar às organizações criminosas os produtos químicos que eles necessitam para a fabricação de drogas de abuso.

Referências ao Brasil

O relatório possui diversas referências ao Brasil. O país está, por exemplo, entre os países que não foram capazes de enviar o relatório anual com estatísticas sobre substâncias psicotrópicas para a ONU antes do prazo de 30 de junho de 2012. O documento observa que, além disso, o Brasil está entre as nações que mais produzem, importam e exportam essas substâncias, ao lado de Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Paquistão e Estados Unidos.

O documento aponta que há um aumento nas apreensões de cocaína na África Oriental, onde o consumo dessa droga tem sido até agora limitado. A Tanzânia relatou um aumento significativo em 2011 se comparado aos anos anteriores, sendo que a maior parte da cocaína proveniente do Brasil.

“O Brasil, com suas extensas fronteiras terrestres com todos os três principais países produtores de cocaína e um litoral extenso, além de ser um país de destino para grandes quantidades de cocaína, também oferece fácil acesso ao Oceano Atlântico para exportar drogas para a África Ocidental e Central e de lá seguir para a Europa e outros países”, aponta o item 446 do estudo.

Em 2012, a cocaína apreendida no Brasil veio em maior quantidade da Bolívia, depois do Peru e em seguida da Colômbia. As apreensões de cloridrato de cocaína totalizaram, no entanto, 19,9 toneladas, 19% a menos do que no ano anterior.

O governo do Brasil informou no relatório que o país não fabrica drogas sintéticas ilícitas. As drogas sintéticas seriam traficadas para o Brasil da Europa, muitas vezes em troca por cocaína. Em 2011, o país registrou a maior apreensão de MDMA (ecstasy) das últimas duas décadas (70 kg). Ao longo dos últimos 10 anos, a quantidade dessa substância apreendida no país era geralmente menor que 1 kg. Em 2012, o Brasil apreendeu 339 mil comprimidos de “ecstasy” e 10 mil unidades de anfetaminas.

Em 2011, uma série de países da América do Sul, incluindo Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Uruguai, fez a maior apreensão de alucinógenos desde 2007. Em 2012, as apreensões de alucinógenos, em particular o LSD, foram notificadas pelo Brasil (65 mil unidades), Chile (4.200 unidades), Colômbia (100 unidades) e Uruguai (2 mil unidades).

O problema das novas substâncias psicoativas também surgiu em países da América Latina. Há relatos de abusos de substâncias que incluem a cetamina e substâncias à base de plantas, como a Salvia divinorum, seguida de piperazinas, catinonas sintéticas, fenetilaminas e, em menor grau, os canabinóides sintéticos. O Brasil também relatou o aparecimento das substâncias mefedrona e DMMA (uma fenetilamina).

Cocaína em alta no Brasil

A maconha continua sendo a droga mais consumida na América do Sul, onde estimativas dão conta de cerca de 14,9 milhões de usuários com idades entre 15 e 64 anos no ano passado, 4,5 vezes o número de pessoas que usaram cocaína. De acordo com dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a prevalência do abuso de maconha aumentou de forma significativa na região nos últimos anos, particularmente no Brasil.

A prevalência do uso de cocaína entre a população geral da América do Sul (1,3%) no ano passado é a terceira maior do mundo, depois da América do Norte e da Oceania (1,5% cada), e é em torno do triplo da prevalência média global (0,4%). De acordo com o UNODC, a prevalência de abuso de cocaína em 2013 aumentou, particularmente, no Brasil, de 0,7% (população com idade entre 12-65) em 2005, para 1,75% (população com idade entre 16-64 anos) em 2011.

O tráfico ilícito e abuso de cocaína também aumentaram no Oriente Médio. As remessas chegam da América do Sul por vias aéreas e marítimas. No Iêmen, 115 kg de cocaína foram apreendidos de um contêiner enviado do Brasil. No Líbano, 13 kg de cocaína foram apreendidos em uma aeronave proveniente do Brasil, via Catar.

As apreensões de cocaína pelas autoridades alfandegárias na Europa Ocidental permaneceram relativamente semelhantes em 2011 (34,2 toneladas) e 2012 (35,9 toneladas), o que representa quase metade da quantidade total de cocaína apreendida globalmente pelas autoridades alfandegárias. Dentre os países que enviaram mais de uma tonelada de cocaína para a Europa ocidental estão Equador (14,4 toneladas), República Dominicana (3,2 toneladas), Brasil (2,3 toneladas), Colômbia (2,3 toneladas), Peru (2,2 toneladas), Argentina (1,5 tonelada) e Chile (1,5 tonelada).


Informe da ONU Brasil, publicado pelo EcoDebate, 05/03/2014

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