quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Projeto ‘Reduzir & Repensar’ da USP, campus de São Carlos, ganha destaque na ONU

O projeto de ação “Reduzir & Repensar”, desenvolvido nos restaurantes universitários do campus de São Carlos da USP com o objetivo de diminuir o desperdício de alimentos pelos usuários do serviço, ganhou destaque no concurso “PensarComerConservar“, promovido por meio da iniciativa “Save Food”, uma parceria entre o Programa para o Meio Ambiente e a Organização para Alimentação e Agricultura, ambos vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU).
Estimativa é que se deixou de desperdiçar 12 toneladas de alimentos não consumidos

O concurso teve como finalidade investir esforços com o objetivo de difundir projetos e catalisar mais setores da sociedade para se tornarem conscientes e partirem para a ação, com base na troca de ideias inspiradoras e estudos de caso entre partes já envolvidas e potenciais parceiros. O trabalho figurou entre os dez finalistas e foi premiado com a primeira menção honrosa, ficando em quarto lugar dentre os 470 projetos de estudantes de escolas dos três níveis de ensino – fundamental, médio e universitário – de aproximadamente 80 países. O resultado foi divulgado no último mês de dezembro.

Intitulado como Projeto Educativo para Minimização de Resíduos Sólidos para os Restaurantes Universitários dos Campi de São Carlos da Universidade de São Paulo, o trabalho é coordenado pelo professor Fernando César Almada Santos, do Departamento de Engenharia de Produção (SEP) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, e pela coordenadora executiva do Programa EESC Sustentável, Patrícia Cristina Silva Leme. A pesquisa também conta com apoio do programa USP Recicla, da Prefeitura do Campus e da nutricionista do Restaurante Universitário, Claudia Paschoalino, e sua equipe.

Dentre as ações do projeto, o levantamento de informações sobre o consumo e desperdício foi a base de todo o trabalho, mas o objetivo principal foi alterar os valores culturais dos usuários, focando em questões éticas, afetivas, emocionais e de cultura que extrapolam qualquer cartilha. Parao professor Fernando César Almada Santos, o reconhecimento da ONU comprova a excelência e a importância do trabalho. “É uma evidência de que estamos atendendo a sociedade e, do ponto de vista de extensão, é um atendimento à população, talvez da forma mais nobre possível”, afirma o docente.

Patrícia ainda destaca a importância de o campus servir como laboratório para as boas práticas socioambientais. “Desta forma a universidade cumpre todo o papel de extensão, aprendizado e pesquisa”, ressalta.

Para o estudo, os alunos de graduação Maicom Brandão, Bruna Viana, Francis Fanali e Marcela Marzochi foram a campo para realizar o levantamento de dados e as intervenções no restaurante. Com mais tempo de participação na equipe, Brandão, que é estudante do curso de Engenharia de Produção, destacou como o trabalho alcançou resultados significativos focando nas atividades educativas e de conscientização, sem a necessidade de envolver tecnologias.

Apesar do objetivo do projeto ser o desperdício zero, a equipe compreende que o patamar de 25 gramas por pessoa é um resíduo aceitável para esse tipo de restaurante. Em 2006, quando se passou a focar especificamente no desperdício de alimentos pelos usuários, foi constatado que iam para o lixo 83 gramas por pessoa, enquanto que em outubro de 2014 essa quantidade caiu para 38 gramas. A estimativa é que se deixou de desperdiçar 12 toneladas de alimentos não consumidos.
Da esquerda para a direita: Patrícia Leme, Maicom Brandão e o professor Fernando César Almada Santos

A interação dos estudantes com os usuários e as ações educativas são experiências novas para os futuros engenheiros envolvidos no projeto. “Expandir a visão e conhecer outras áreas além da engenharia faz parte dos desafios que encontramos hoje. Nada mais é independente: tudo demanda um conjunto de conhecimentos, e ter noção de que eles estão inter-relacionados é fundamental para qualquer profissional do futuro”, afirma Brandão.

Segundo Patrícia, o projeto no restaurante começou em 2003, através do programa USP Recicla, pelos alunos de graduação – que atualmente recebem recursos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP –, e compreendia o estudo do desperdício geral de materiais, do perfil dos frequentadores da estrutura do restaurante e da equipe que nele trabalhava. Naquela época, uma ação que antecedeu a atividade do projeto “Reduzir & Repensar” foi a substituição de copos descartáveis por canecas duráveis, a qual obteve um impacto e aceitação positiva, servindo de referências a outras universidades e instituições da cidade.

De acordo com a equipe, o projeto continuará em desenvolvimento na intenção de cada vez mais se aproximar da meta do desperdício zero, mantendo o diagnóstico de retirada e pesagem dos resíduos. Para tanto, está em planejamento a ampliação das atividades socioambientais – com cartazes, palestras, ações educativas e de conscientização, entre outras – voltadas aos usuários dos restaurantes localizados nas duas áreas do campus da USP em São Carlos.

O projeto possibilita também que interessados no trabalho candidatem-se como voluntários para contribuir nas atividades e diagnóstico. Aqueles que desejarem participar devem encaminhar uma mensagem ao email de um dos coordenadores – almada@sc.usp.br epazu@sc.usp.br – para obterem mais informações.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Divulgação 

Publicado no Portal EcoDebate, 15/01/2015

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