quarta-feira, 11 de março de 2015

Teff: o grão etíope que começa a chamar a atenção do mundo

26/02/2015

Utilizado há séculos na culinária da Etiópia, cereal, que possui alto valor nutricional, ganha cada vez mais espaço na Europa e nos EUA. País africano tenta controlar exportação para evitar aumento interno nos preços.
A cada seis dias, um avião da Ethiopian Airlines parte de Addis Abeba para Washington, carregado com uma remessa de três mil injeras frescas. A massa em forma de panqueca, acinzentada e esponjosa, é um elemento básico da culinária etíope há séculos e é feita a base de teff, um cereal que vem ganhando fama mundial como saudável.

“Estamos planejando distribuir a comida tradicional etíope por todo mundo no futuro”, revela Hailu Tassema, criador da Mama Fresh, empresa que envia o carregamento de injera para os Estados Unidos e é a primeira a produzir alimentos à base de teff em larga escala.

Na fábrica, a farinha de teff misturada com água é fermentada por quatro dias em barris. Depois, a mistura é levada a outro setor, onde uma mulher coleta quantidade equivalente a um pequeno jarro e despeja a mistura sobre uma superfície de argila aquecida. Em um minuto, a injera está pronta.

Cálcio, ferro, proteínas e aminoácidos

As pequenas sementes de teff são ricas em cálcio, ferro, proteínas e aminoácidos, além de serem naturalmente livres de glúten. Os etíopes têm o costume de triturar os grãos e transformá-los em farinha para fazer injera desde bem antes da existência do Estado da Etiópia, mas não tinham consciência da riqueza nutricional do alimento.

No entanto, a demanda global crescente por alimentos saudáveis, impulsionada por imigrantes etíopes em cidades americanas e europeias, colocou o teff em destaque. O grão pode ser usado para produzir qualquer alimento à base de farinha – como pães, massas, tortilhas e biscoitos.

A empresa Mama Fresh tem consumidores também na Europa: envia injera para a Suécia três vezes por semana, para a Noruega duas vezes por semana e para a Alemanha três vezes por mês. A demanda, de acordo com Tessema, cresce 10% mensalmente.

“Predominantemente são os europeus que estão comprando pães de teff. Aqueles que não podem comer trigo ou optam por consumir outros grãos estão usando pão de teff para substituí-los”, afirma Sophie Kebede, proprietária da Tobia Teff, empresa britânica especializada em grãos.

“Quando começamos, em 2007, ninguém sabia sobre o que eu falava quando eu mencionava teff, se era um pudim de Natal ou uma banana split. Mas eu estou muito feliz de dizer que nós avançamos. Não é um nome tão popular, mas muitas pessoas sabem o que teff significa”, diz Kebede.

Proteção do governo

Kebede negocia o teff com fazendeiros de países ao sul do Mediterrâneo, porque o Ministério do Comércio da Etiópia restringe estrategicamente as exportações por questão de segurança alimentar.

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