quinta-feira, 16 de abril de 2015

As dimensões do comer

Postado por Malagueta News - Quarta-feira, 15 de Abril de 2015 

Fonte: http://goo.gl/uslwfh 

A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), Maria Emília Pacheco Lisbôa, foi uma das conferencistas do evento Conhecer e comer: caminhos para redescobrir a comida de verdade. O quarto artigo da cobertura do evento, assinada pelas alunas do curso de extensão em jornalismo gastronômico da Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso) traz a dimensão política para o centro do debate sobre o atual sistema alimentar e a necessidade de avançar na compreensão do que é a comida de verdade.

Estudantes e profissionais de diversas partes do Brasil lotaram o Centro Cultural Professor Horácio Macedo, também conhecido como “Roxinho”, no Centro de Ciências da Matemática de Natureza (CCMN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para assistir nove palestras realizadas por diversos profissionais do ramo da alimentação, saúde e bem estar social. O evento “Conhecer e comer: caminhos para redescobrir a comida de verdade – perspectivas do Guia Alimentar para a População Brasileira” foi realizado no dia 24 de março de 2015.
A lotação do auditório localizado surpreendeu a todos os palestrantes e organizadores. A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), Maria Emília Lisboa Pacheco, disse em seu discurso que “a frequência tão grande aqui nesse momento, só traz muita alegria para nós e só reafirma que estamos diante de uma questão extremamente importante para a humanidade. Para nós aqui no Brasil, mostra a centralidade do alimento, nas nossas vidas, nas políticas e chama atenção para as várias dimensões que esta questão nos traz”.

A presidente anunciou também que a 5° Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional será realizada em Brasília durante o mês de novembro ainda este ano, e que o lema será “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”. A perspectiva de Maria Emília é que até a conferência nacional “avancem as problematizações sobre o que é o sistema alimentar hoje com suas dimensões, as conquistas, os desafios e, sobretudo, avançar na compreensão da comida como patrimônio, bem material, imaterial, afeto e memória”.
Existem algumas contradições e desafios enfrentados por quem luta por uma alimentação melhor e por informação plena sobre os alimentos. Assim, a conferencista relacionou dois acontecimentos importantes para a sociedade que coincidem com a data do dia 24 de março. Há dez anos, na mesma data do evento na UFRJ, o governo brasileiro sancionou a Lei de Biossegurança (11.105), a qual estabeleceu normas para o cultivo de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), conhecido como transgênicos. Curiosamente, o dia 24 de março de 2015, escolhida para a sessão de debates na UFRJ, trazia também a notícia lamentável de que naquela terça-feira seria votado no Congresso Nacional o Projeto de Lei 4148, de 2008, cujo teor prevê a não obrigatoriedade de rotulagem de alimentos que possuem ingredientes transgênicos, independentemente da quantidade. O anúncio da votação surpreendeu grande parte do auditório: “nós teremos hoje (24/03), no Congresso Nacional um debate da proposta de um projeto de lei que cancela a rotulagem dos transgênicos no Brasil. Se aprovada, não torna obrigatória a informação sobre a presença de transgênicos nos rótulos e não obriga à rotulagem em alimentos de origem animal, excluindo o símbolo “T” de transgênicos”, informou Maria Emília. Devido a uma grande pressão popular, com a participação de organizações da sociedade civil, a votação foi adiada.

Mas a qualquer momento pode voltar à pauta. Mas a qualquer momento esse assunto pode voltar. Por isso, o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), lançou uma campanha para que a população envie mensagens para os deputados. Para participar, acesse a página do IDEC (http://www.idec.org.br/mobilize-se/campanhas/fim-da-rotulagem-dos-alimentos-transgenicos-diga-no).

Maria Emília se disse preocupada com a concentração na produção de alguns alimentos, como por exemplo, o cultivo de arroz no Sul do Brasil, e a falta de variedade, tendo em vista que grande parte do temos hoje é do tipo agulhinha. Um evento climático de grande escala poderia abalar significativamente a produção de arroz no país. Com isso, não só a segurança mas a soberania alimentar estão ameaças, quando há a perda da biodiversidade no cultivo, em detrimento de espécies com mais vantagens comerciais.

Após citar diversos problemas e desafios no ramo do cultivo e consumo de alimentos, a presidente ressaltou a importância de debater o assunto e elogiou o novo Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado pelo Ministério de Saúde (http://www.foodpolitics.com/wp-content/uploads/Brazils-Dietary-Guidelines_2014.pdf) , por provocar essas discussões na sociedade. Ressaltou ainda a importância de mais equipamentos públicos ligados a alimentação, como feiras de alimentos naturais e a propagação de alimentos minimamente processados.

No fim de sua conferência, Maria Emília falou sobre o fator tempo, onde há hoje em dia uma redução da habilidade culinária. No entanto, foi aplaudida pelo público ao dizer que a entrada da mulher no mercado de trabalho foi uma conquista da sociedade brasileira e que é necessário trabalhar para reverter o quadro de desigualdade e a divisão entre homens e mulheres nos trabalhos domésticos.

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