segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Pesquisa da Unifesp comprova ação ansiolítica de óleos essenciais de laranja e lavanda

Indicados pela medicina popular como estimulantes e para tratar quadros de ansiedade, os óleos essenciais de laranja e de lavanda tiveram comprovadas sua ação ansiolítica em pesquisas com animais de laboratório.

Depois de avaliar os efeitos do óleo essencial de rosas e comprovar sua ação ansiolítica, os pesquisadores da Unidade de Medicina Comportamental do Departamento de Psicobiologia da Unifesp direcionaram seus estudos para os óleos essenciais de laranja (Citrus aurantium L.) e de lavanda (Lavandula angustifolia mill), que têm despertado interesse científico por suas ações sedativas e relaxantes. 

Os resultados em ratos mostraram que a inalação isolada desses óleos (grupo experimental) induziu um efeito ansiolítico, diminuindo o grau de emocionalidade dos animais, com um efeito superior ao grupo de animais que recebeu um ansiolítico padrão (grupo benzodiazepínico). O mesmo efeito não foi encontrado num terceiro grupo de ratos, considerado controle, ao qual nada foi ministrado. 

De acordo com a Rita Mattei Persoli, bióloga responsável pelo estudo, os óleos essenciais atuam nas regiões cerebrais responsáveis pelas emoções (sistema límbico). Uma relação entre a percepção de odores e a resposta comportamental emocional tem sido sinalizada nesses estudos, explica a pesquisadora. É possível que os efeitos encontrados nos ratos sejam semelhantes nos seres humanos. 

Muito utilizados nas indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia, os óleos essenciais são tema de vários estudos da Unidade, com projetos financiados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), sob a coordenação do psicólogo José Roberto Leite.

Menos ansiedade e mais sociabilidade

Para testar o grau de emocionalidade dos animais, foi utilizado o teste do Labirinto em Cruz Elevado, que consiste em um aparelho no formato de cruz e que fica elevado do chão, no qual um dos caminhos é fechado e escuro e, o outro, é claro e aberto. Ratos não gostam de ambientes estranhos e que sejam altos e claros, pois o desconhecido para eles é estressante. Naturalmente, ele procura o lado escuro e amparado, quando colocado nesse labirinto, explica a pesquisadora. Entretanto, os animais que receberam a inalação dos óleos de lavanda ou de laranja exploraram mais o lado claro e aberto do labirinto, ou seja, tiveram a mesma reação dos animais aos quais foram administradas doses de benzodiazepínico. 

Também foi aplicado o chamado Teste da Interação Social no Campo Aberto, em que os ratos são colocados em um campo amplo, circular e com paredes altas, junto com outro animal, com o qual nunca tiveram contato anteriormente. Da mesma forma como no teste do labirinto, os resultados mostraram que os animais que inalaram os óleos foram mais interativos e sociáveis, comportamento semelhante ao daqueles que receberam ansiolítico, quando comparados ao grupo de animais que nada recebeu (controle). 

Mattei explica que outro parâmetro científico para avaliar o grau de ansiedade dos animais é a análise da quantidade de fezes eliminadas durante os testes. Quanto mais ansioso e agitado, maior será a quantidade de bolos fecais. Observamos muito isso nos ratos ‘controle’, pois a produção de ‘bolos fecais’ foi bem maior, quando comparada à dos outros dois grupos que estavam sob efeito dos óleos ou do benzodiazepínico, afirma.

20/05/2008
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