sexta-feira, 29 de abril de 2016

Variedades crioulas e parentes silvestres, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Ainda haverão grandes incrementos populacionais no planeta e se estima que mudanças significativas no clima do nosso planeta podem criar grandes perturbações no nosso ambiente, o que forçará a criar novos modelos para a produção de alimentos que assegurem a sobrevivência.

Os parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas representam um patrimônio de extrema relevância para o Brasil e para toda a humanidade, na medida em que desenvolveram, ao longo de sua existência, mecanismos para sobreviver a condições extremas, como secas, inundações, calor e frio, e ainda adquiriram resistências a pragas e doenças que causam tantos danos às culturas agrícolas.

Apesar disso, predomina ainda uma grande falta de informação sobre os parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas, e muitas encontram-se com sua sobrevivência ameaçada, tanto pela destruição dos ambientes naturais onde ocorrem quanto pela introdução de espécies exóticas invasoras.

É essencial que se dediquem suficientes esforços à conservação dos parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas no País, de modo a torná-los disponíveis para uso pelos atuais e futuros programas de pesquisa que visem à superação dos constantes desafios impostos às culturas agrícolas.

A conservação dos parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas faz-se necessária tanto na natureza, na condição “in situ”, quanto fora desta, em conservação “ex situ” e “on farm”, já que estas três abordagens são complementares e suas diferenças são supervalorizadas.

Todos os parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas e suas correspondentes populações podem ser conservados por meio da utilização de apenas uma dessas estratégias. A conservação dos parentes silvestres é, portanto, uma tarefa que demanda um amplo engajamento dos diversos setores da sociedade.

Estes avanços estão em harmonia com os diversos compromissos assumidos pelo País em negociações internacionais, particularmente no que diz respeito à ratificação da Convenção sobre Diversidade Biológica e à adesão ao Tratado Internacional de Recursos Fitogenéticos para a Agricultura e Alimentação.

No que se refere aos parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) estabeleceu uma iniciativa pioneira que, por meio de uma ação de transversalidade, que busca envolver os setores governamental e não-governamental, vem realizando um amplo e completo mapeamento desse patrimônio genético, de importância singular e estratégica para o País.

São incentivadas e implementadas ações que promovam a conservação e a utilização sustentável dessas espécies, além de garantir a disseminação de sua informação.

Os Parentes Silvestres das Espécies de Plantas Cultivadas, presentemente em andamento, coordenados e apoiados pelo Ministério, particularmente em relação aos parentes silvestres de cada espécies cultivada, ao mapeamento de cada táxon, para a situação de conservação “in situ”, “ex situ” e “on farm” e as medidas necessárias para a manutenção, na natureza e fora dela, desse legado.

Projetos ou iniciativas em desenvolvimento por outras instituições, uso das espécies, seja diretamente pelo pequeno agricultor ou pela pesquisa, além de publicações relacionadas ao tema. Populações tradicionais sempre utilizaram sementes crioulas e protagonizaram sua segurança alimentar nestas práticas.

Referência: MMA

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 28/04/2016
"Variedades crioulas e parentes silvestres, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/04/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/04/28/variedades-crioulas-e-parentes-silvestres-artigo-de-roberto-naime/.

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