sexta-feira, 13 de maio de 2016

Vinegar Mechanisms and Side Effects

Produtores combinam produção de cogumelo, plantas aromáticas e medicinais

Cogumelos, plantas aromáticas e medicinais têm sido fonte de renda para um grupo de produtores da comunidade Cerro Verde, entre os municípios de Quitandinha e Campo do Tenente. Desde o ano passado os agricultores estão sendo assistidos pelo Instituto Emater, por meio da Chamada Pública mantida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, para fazer a integração das duas atividades. De acordo com Leonel Pires Ferreira, do Instituto Emater de Campo do Tenente que presta assistência aos agricultores, o projeto privilegiou a organização, a parceria e a sustentabilidade. 

Para despertar o interesse dos produtores foram realizadas diversas reuniões, excursões e visitas técnicas. Os agricultores também entraram em contato com fornecedores de insumos, produtores e compradores. Segundo Leonel, a ideia foi produzir dentro dos padrões exigidos pelo mercado consumidor. A estratégia deu certo. Hoje os produtores estão satisfeitos e a atividade vem aumentando a arrecadação de impostos em Quitandinha. 

O potencial do cogumelo é significativo. Com uma estufa de 50 metros quadrados, o produtor obtém um faturamento de R$ 3.000 líquido, por lote. Como anualmente são produzidos cinco lotes, o lucro chega a R$ 15.000, ao ano. “Isso significa um salário de R$1.250 por pessoa/ano trabalhando num ambiente agradável”, ressaltou Leonel. 

Levando em conta o princípio da sustentabilidade, o resíduo (esterco) do cultivo de cogumelo é usado para adubar as plantas aromáticas e medicinais. No total, são quinze toneladas de matéria orgânica por estufa/ano. “É adubo suficiente para três hectares dessas plantas. Uma economia que não tem preço, visto que o agricultor consegue diminuir o gasto com insumos químicos. Sem contar o benefício para o meio ambiente”, explicou o extensionista. Leonel informou ainda que a produção de cogumelos chega a 2.500 kg por produtor ao ano. 

Os agricultores também estão cultivando salsinha, cebolinha, melissa, alcachofra, e ora-pro-nobis, entre outras espécies. As plantas são vendidas a empresas da região e o volume atinge 6.000 kg por produtor, ao ano. O total da receita bruta com a atividade chega a R$ 45.000, por ha/ano e alguns agricultores já estão beneficiando a produção nas propriedades.

Link:

Brasil reduziu emissões de gás carbônico em mais de 50% de 2005 a 2010, apontam governo e PNUD

Uso da terra e das florestas, incluindo desmatamento, deixou de ser o principal setor poluente do Brasil. Atualmente, agropecuária e energia concentram maiores volumes de emissões.

De 2005 a 2010, o Brasil reduziu o volume de gás carbônico liberado na atmosfera de 2,73 bilhões para 1,27 bilhão de toneladas. A queda representa um decréscimo de 53,5% e estaria associada principalmente ao combate ao desmatamento. A baixa é considerada uma conquista positiva para o compromisso do país em diminuir suas emissões de gases do efeito estufa em até 38,9%, até 2020.

Em 2005, o uso da terra e das florestas — incluindo devastações — era responsável por 69,6% das emissões de gases prejudiciais ao meio ambiente do país. Cinco anos depois, a taxa caiu para 27,5% e o setor perdeu seu posto de mais poluente para a agropecuária — que liberou 32% dos gases. O setor de energia foi avaliado como o segundo maior emissor (29,2%).

Os dados foram divulgados na última sexta-feira (6) em evento que marcou o lançamento da Terceira Comunicação Nacional (TCN) do Brasil sobre Mudança do Clima – documento elaborado pelo governo federal em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O relatório avalia os avanços brasileiros para adotar a Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A elaboração das Comunicações Nacionais é coordenada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Com relação à redução de emissões, o setor que mais se destaca é o de uso da terra. Nesse setor, a gente avalia basicamente o desmatamento dos biomas e também a calagem — processo de adubação da terra fazendo uso de cal e outras substâncias químicas”, explicou o coordenador-geral de Mudanças Globais de Clima da pasta, Márcio Rojas.

“O que se registra é, de fato, um resultado muito positivo das ações do governo federal no sentido de controlar o desmatamento fundamentalmente da Amazônia e do Cerrado.”

A versão final da TCN será apresentada ainda este mês na Alemanha pelo especialista do ministério. A análise aborda pesquisas que identificam as vulnerabilidades do Brasil às transformações climáticas, além de detalhar os esforços para a criação de planos nacionais capazes de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Iniciativas de combate ao desmatamento, programas de aprimoramento da eficiência energética e o impacto da agropecuária sobre o clima também são destaques do documento.

Historicamente, o PNUD apoia o governo brasileiro na elaboração do documento sobre mudanças climáticas, fornecendo subsídios técnicos para que o Brasil possa cumprir seus compromissos internacionais nessa área e enfrentar os efeitos adversos do aquecimento global.

Durante o lançamento da publicação, o coordenador-residente do PNUD no Brasil, Niky Fabiancic, ressaltou que o novo documento “atualizou os dados de emissões setoriais de 1990 a 2010, propôs um novo modelo global integrado para os estudos de mudança do clima e descreveu as circunstâncias nacionais do Brasil e as medidas a serem tomadas ou previstas para a implementação da UNFCCC”.

Para o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink, as metas do país estão em pé de igualdade com as de nações desenvolvidas. “O Brasil já se adiantou, na realidade. Foi o único país a entregar lá em Paris os resultados de monitoria, relatoria e verificação com relação ao desmatamento da Amazônia até 2010?, ressaltou.

Brasil lança sistema nacional para registrar emissões

Durante o evento de divulgação da TCN, o governo brasileiro também apresentou seu mais novo Sistema de Registro Nacional de Emissões (SIRENE).
O projeto conta com uma plataforma para disponibilizar os resultados do Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal. Informações de outros programas de contabilização das emissões também estão sendo incluídas.

A ferramenta online vai garantir a segurança e a transparência no processo de compilação de dados sobre emissões de gases, a fim de dar suporte à tomada de decisões no âmbito de políticas e planejamentos na área de mudanças climáticas. Com a iniciativa, o governo espera aprimorar a geração de conhecimento científico e a adoção de medidas de mitigação.

Acesse o portal aqui: http://sirene.mcti.gov.br/

Fonte: ONU Brasil

in EcoDebate, 12/05/2016

Ecologismo e antiespecismo: discrepância científica ou moral? artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Catia Faria reflete sobre a existência de uma discrepância científica entre o ecologismo e o anti-especismo. Se pensa que somente a partir de uma posição ecologista é possível ter um ponto de vista informado de acordo com o que nos dizem as ciências naturais. Esta ideia assenta num erro.

É possível, manter, com o mesmo rigor científico, uma posição antiespecista que estenda a consideração moral a todos os animais não humanos.

É necessário, antes de mais, fazer uma distinção fundamental entre a ecologia e o ecologismo. A ecologia é uma ciência descritiva sobre as relações biológicas que se dão no seio dos ecossistemas.

O ecologismo, engloba posições morais sobre como deve ser a interação com o meio natural, dados valores que devem ser conservados.

Quem defende uma posição ecologista nem sempre considera os dados das ciências empíricas como a ecologia. A ciência da ecologia é um requisito necessário a toda a investigação racional.

Partindo da mesma base científica podemos usar para procurar fazer aquilo que é melhor para os animais.

A discrepância entre ambas posições ocorre no plano estritamente moral. De acordo com a posição antiespecista os interesses de todos os animais sencientes dão razões para atuar de forma a prevenir os danos que estes possam sofrer.

De acordo com a posição ecologista, pelo contrário, os interesses dos animais sencientes estão subordinados à preservação de outros valores, em particular, a evitar alterações significativas nos ecossistemas ou a conservar certas espécies.

Isto é assim porque para o ecologismo as entidades moralmente consideráveis não são os indivíduos sencientes, mas os ecossistemas e as espécies, no seu conjunto.

Em termos práticos, isto implicará que sempre que exista um conflito entre os interesses de indivíduos sencientes não humanos e a preservação dos referidos valores ecologistas. O anti-especismo e o ecologismo manterão posições irreconciliáveis. Enquanto o anti-especismo se oporá a aquelas intervenções que suponham a morte e o sofrimento de todos aqueles animais que podem desfrutar das suas vidas sejam humanos ou não humanos.

Já o ecologismo estará disposto a defender. Sempre que isso promova a estabilidade dos ecossistemas e a conservação das espécies ou da biodiversidade e os indivíduos afetados não sejam seres humanos.

A posição ecologista acaba por sucumbir ao especismo. Recusando promover os valores ecologistas quando isso frustra os interesses em não sofrer e em viver dos seres humanos, mas admitindo fazê-lo quando se trata de interesses similares de não humanos.

De um ponto de vista antiespecista isto é inaceitável. Não existe nenhuma característica moralmente relevante que todos os humanos exibam e que nenhum não humano possua que permita estabelecer essa diferença.

Assim, a consideração desigual de interesses similares de humanos e não humanos é moralmente injustificada e qualquer posição que reflita isto, também será.

A preservação dos ecossistemas, das espécies ou da biodiversidade tem um valor instrumental para a diminuição do sofrimento na natureza. Isto está longe de ser adequado e correto.

Consideremos um caso célebre da chamada “espécie invasora” os patos-de-rabo-alçado americanos na Europa. Esta espécie, introduzida nos anos 60 pelo ser humano naquele continente, coexistem com os patos-de-rabo-alçado autóctones e desempenham funções ecológicas similares.

Contudo se recomendou a erradicação da espécie americana, como forma de impedir a hibridação com os europeus e conservar as características específicas dos europeus.

Neste caso, a preservação da biodiversidade não tem um valor instrumental para a vida dos animais, dado que muitos animais são prejudicados e parece não haverem benefícios relevantes pela intervenção. Alguém poderia afirmar que o pato-de-rabo-alçado europeu ocorre beneficiado.

No entanto, as espécies são entidades abstratas, insuscetíveis de ser beneficiadas ou prejudicadas em nenhum sentido para além do metafórico. Apenas os indivíduos sencientes, com a capacidade para sofrer e desfrutar, podem ser beneficiados ou prejudicados pelo que lhes acontece.

O que se pretende é conservar a biodiversidade como um valor em si mesmo, independentemente dos danos ou benefícios que de tal se derivem para as vidas dos animais.

As consequências que se derivariam de aceitar tal cenário para a consideração de cenários humanos são claramente inaceitáveis. Isto é, aceitar a erradicação de seres humanos com determinados características físicas de forma a evitar a miscigenação com os indivíduos autóctonos, preservando, assim, a pureza destes. Melhor que isto nem o nazismo imaginaria. Hitler se revira em sua tumba.

A analogia com o caso humano mostra o que é moralmente relevante quando não é a preservação das espécies ou dos ecossistemas o fator mais importante ao menos sob o aspecto moral.

O que é relevante são os interesses em não sofrer dos indivíduos sencientes e que podem ser frustrados quer pela ação humana quer por eventos naturais.

É, por este motivo, arbitrário intervir na natureza com fins ecologistas de formas que causam enorme dano a outros animais sencientes quando nunca o faríamos aos humanos. Do mesmo modo, é arbitrário intervir na natureza para ajudar a seres humanos, e se recusar a fazer quando os beneficiários são animais não humanos.

Se poderia argumentar que intervir na natureza de forma a beneficiar os animais que sofrem por causas naturais não poderia ser realizado, dadas as atuais limitações científicas do ser humano. Contudo, se houver reflexão se conclui que o mesmo raciocínio não ocorre quando estão em jogo interesses humanos.

É certo que não se dispõe atualmente do conhecimento científico necessário para erradicar doenças, que podem ser mortais para os seres humanos. No entanto, temos claro que se ocorressem tais meios, seriam usados para salvar vidas humanas.

A questão é que no momento em que seja possível atuar em beneficio dos animais não humanos que sofrem por motivos naturais não haveria razoes para recusar a fazer.

Dado o conhecimento científico atual, não se dispõe de meios para atender os interesses da maioria dos animais sencientes que vivem na natureza. Mas isso não significa que não se deva considerar os mesmos.

O que implica em se abster de todas as ações que, em vez de reduzir o sofrimento na natureza, incrementam este estado, como acontece com a erradicação das chamadas espécies invasoras.

É uma questão complexa e que merece reflexão. Espécies invasoras podem ser muito danosas a ecossistemas locais. É um debate que merece múltiplas abordagens para que se atinjam consensos reais.

Referência:

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 12/05/2016
"Ecologismo e antiespecismo: discrepância científica ou moral? artigo de Roberto Naime," inPortal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/12/ecologismo-e-antiespecismo-discrepancia-cientifica-ou-moral-artigo-de-roberto-naime/.

Exercício físico intenso pode antecipar morte de neutrófilos, células do sistema imunológico

Estudo investiga em competidores de triatlo mecanismos que levam à morte precoce de neutrófilos (fotos: Wikimedia)

Por Diego Freire, Agência FAPESP

Pesquisadores descobriram que o exercício físico intenso pode acelerar o processo de apoptose – a morte celular programada – dos neutrófilos, células do sistema imunológico.

Importante para o equilíbrio do funcionamento do organismo, a apoptose é um mecanismo que deve ocorrer de forma ordenada – do contrário, há danos à saúde, como quando células tumorais, que deveriam morrer naturalmente, persistem.

“Várias células do nosso organismo estão morrendo agora para que outras novas ocupem seu lugar. Assim ocorre com os neutrófilos, que têm um tempo desejado na corrente sanguínea porque novas células do tipo estão continuamente sendo produzidas na medula óssea, em um processo fisiológico equilibrado que é prejudicado se a apoptose é diminuída”, disse Tania Cristina Pithon Curi, professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) e participante do projeto “Efeitos da prática regular de atividade física na qualidade de vida, níveis de estresse e no sistema imune de adultos”, realizado com apoio da FAPESP.

Os neutrófilos são um subgrupo dos leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, células encontradas no sangue cuja função é proteger o organismo contra agentes causadores de doenças, como bactérias. Quando há poucas dessas células o organismo fica mais sujeito a infecções – caso de um grupo de 12 triatletas que participaram da pesquisa.

Logo após cerca de quatro horas de prova e de percorrerem 21 quilômetros (km) a pé, 90 km de bicicleta e 2 km a nado, os atletas tiveram seu sangue coletado pelos pesquisadores em laboratórios instalados sob tendas no local da competição, em Ubatuba, no litoral paulista. Antes de competirem, todos haviam passado por exames de laboratório e avaliações da composição corporal e da capacidade cardiorrespiratória.

Os neutrófilos, tipo celular de interesse da pesquisa, foram isolados do sangue coletado. Em um citômetro de fluxo, aparelho por meio do qual é possível realizar análises de características físicas e químicas de uma célula, os pesquisadores avaliaram uma série de parâmetros relacionados à apoptose dos neutrófilos.

“Quando a célula começa a morrer por apoptose, um fosfolipídeo denominado fosfatidilserina, que está presente dentro da membrana celular, migra para a parte externa da membrana. Nós aplicamos na amostra uma substância que se liga a esse fosfolipídeo e emite uma fluorescência que é detectada pelo citômetro”, disse Curi.

“Também foram observadas outras características típicas da apoptose, como fragmentação de DNA e alterações na mitocôndria celular, sugerindo a morte precoce da célula, cujo tempo de vida normal é de aproximadamente 10 horas no sangue”, disse.

Alternativas terapêuticas

Diante da constatação da antecipação da apoptose dos neutrófilos após exercícios físicos intensos, os pesquisadores investigaram as possíveis causas do processo, correlacionando o aumento da autodestruição das células com substâncias circulantes no plasma, como os ácidos graxos livres, compostos orgânicos produzidos quando as gorduras são quebradas.

“A prática de exercício físico aeróbio acarreta um aumento da lipólise, processo de degradação de lipídeos em glicerol e ácidos graxos, que são utilizados em maior quantidade como fonte de energia. A presença em grande quantidade desses ácidos graxos, provocada pela exacerbação da lipólise, pode estar associada à apoptose precoce dos neutrófilos”, indicou Curi.

Os pesquisadores trabalham também em alternativas terapêuticas à perda de neutrófilos por parte de atletas de alto rendimento.

“Exercício físico é bom, importante, mas a intensidade e a frequência com que ele é praticado, como mostrado pela pesquisa que constatou a apoptose precoce dos neutrófilos, podem ter impactos tanto positivos como negativos”, disse Curi.

“Ainda assim, não se pode simplesmente pedir a um atleta profissional que diminua suas atividades. Dessa forma, temos investigado estratégias de suplementação para minimizar a antecipação da apoptose, evitando que o atleta fique com seu sistema imunológico debilitado após exercícios intensos e mais vulnerável a infecções, entre outros riscos”, disse.

Entre as suplementações estudadas está a de glutamina, aminoácido livre que atua como nutriente para as células imunológicas.

“A glutamina é um aminoácido não essencial, sendo produzido pelo organismo de acordo com a necessidade. Quando o atleta pratica exercício físico em uma intensidade muito alta, a concentração desse aminoácido pode ser reduzida no plasma, tornando importante sua suplementação”, disse Curi.

“Nós investigamos o efeito molecular desse aminoácido, que é importante para a função de leucócitos, e constatamos que linfócitos e monócitos consomem altas taxas de glutamina. Os neutrófilos chegam a consumi-la mais do que a glicose, cuja taxa de consumo é de 460 nanomoles/hora/mg de proteína, enquanto que a de glutamina é de 770, quase o dobro”, disse.

Ainda de acordo com a pesquisadora, a glutamina pode ser responsável por “manter a maquinaria da célula funcionando adequadamente e acabando por modular a função celular e, eventualmente, evitar a apoptose”.

in EcoDebate, 13/05/2016

Mais de 300 livros digitais gratuitos são oferecidos pela Unesp

Universidade lança 36 novos títulos. Publicações eletrônicas já tiveram mais de 21 milhões de downloads

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Unesp e a Fundação Editora da Unesp lançaram 36 novos livros digitais nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas e Linguística, Letras e Artes, com acesso totalmente gratuito.

O Programa de Publicações Digitais foi criado em 2009, com trabalhos de docentes, pós-graduandos e pós-graduados sendo selecionados pelos Conselhos de Programas de Pós-Graduação. As obras escolhidas são editadas pelo selo Cultura Acadêmica da Fundação Editora da Unesp.

Os novos 36 títulos estarão disponíveis na internet no formato Creative Commons (licença para uso não comercial, vedada a criação de obras derivadas) no site www.culturaacademica.com.br.

Segundo a Unesp, o Programa de Publicações Digitais é o maior projeto de difusão de publicações de uma universidade brasileira e único no sentido de conceber a publicação original de obras em formato digital. Com os novos títulos, a coleção totaliza 322 títulos. Já foram realizados mais de 21 milhões de downloads.

“Esse projeto, assim como ações de ensino a distância e de inclusão social, mostra como a Unesp, embora seja a mais jovem das três universidades públicas paulistas, é a mais arrojada e realiza ações de vanguarda”, disse o reitor Julio Cezar Durigan.

Entre os novos títulos estão “Arquitetura da informação pervasiva”, “Uma trajetória da Arquivística a partir da Análise do Discurso”, “Não é só a torcida organizada: o que os torcedores organizados têm a dizer sobre a violência no futebol”, “Regionalismo na América do Sul: um novo esquema de análise e a experiência do Mercosul”, “A crítica e o campo do jornalismo: ruptura e continuidade”, “História do ensino da literatura infantil na formação de professores no Estado de São Paulo (1947-2003)” e “Schopenhauer e os conhecimentos intuitivo e abstrato: uma teoria sobre as representações empíricas e abstratas”.

Fonte: Agência Fapesp / Jornal da Ciência

in EcoDebate, 13/05/2016

Sembrando un País Edición Especial Agricultura Urbana Muestra

Começando a horta de plantas medicinais no Vila Saúde

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Etnoveterinaria Jarabe expectorante Quintero, Diaz, Yepes, Carvajal

Etnoveterinaria Pomada Cicatrizante Maigual, Vasquez, Portilla

Etnoveterinaria Tintura Desparasitante Paz, Burbano y Yamá

Etnoveterinaria Tintura selladora de pezones Diana Chamorro

A importância da agroecologia, uma alternativa à agricultura convencional

Por uma “Ciência Convivial”. A importância da agroecologia, uma alternativa à agricultura convencional. Entrevista especial com Ulrich Loening

“Uma planta que cresce em seu ambiente natural com uma alimentação equilibrada é resistente a pragas e doenças, porque os organismos causadores de doenças não terão facilidade em obter os nutrientes de que precisam. Essa é a base da trofobiose”, afirma o bioquímico.
Imagem: projideias.blogspot.com

Para o professor doutor em Bioquímica Ulrich Loening, desde que o ser humano vislumbrou a necessidade de grandes produções agrícolas, a Terra começou a ser alterada. “Desde as primeiras revoluções agrícolas de 10 mil anos atrás, a agricultura tem perturbado ecologias locais, e agora com intensidade ainda maior”, pontua. Por isso, defende a necessidade de se romper essa lógica, estimulando formas de produções que respeitem as mais diversas ecologias do planeta. É o que o professor enfatiza ao destacar, por exemplo, que “métodos de agroecologia visando manter o húmus e os organismos do solo constituem a característica crucial da abordagem proposta”. Ou seja, uma nova relação com a terra, com a produção.

Entretanto, na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Loening problematiza esse rompimento de paradigma, que vai além da introdução de outras técnicas de produção agrícola. Para ele, a questão de fundo a ser atacada é cultural. “Passa a ser uma mudança na cultura social, um modo de vida que procura não subjugar a natureza”, explica. Parece simples, mas essa sua abordagem muda a perspectiva que se tem hoje com relação, por exemplo, à ciência.

“A ciência aplicada sobre a qual nossa civilização está construída, tem raízes culturais profundas. Agora, para resolver como, onde e se os humanos poderão viver na Terra, é necessária uma atitude científica nova e culturalmente diferente”, defende. Assim, chega à sua formulação de “uma ciência que cria tecnologias ecologicamente apropriadas, que promove a relação de convívio da sociedade com a natureza, que pode ajudar a superar a antipatia de muitas pessoas contra a ciência e, acima de tudo, que pode criar uma relação mais convivial entre os seres humanos e a natureza”. É a sua “Ciência Convivial” como nova forma de apreender as ecologias do planeta.

Ulrich Loening é membro do Conselho de Administração do Centro de Ecologia Humana (Centre for Human Ecology), em Edimburgo, na Escócia. Em 1984, presidiu a entidade e se aposentou em 1995. É doutor em Bioquímica pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Dedicou-se ao ensino e pesquisa sobre a síntese de proteínas e ácidos nucleicos, nos Departamentos de Botânica e Zoologia, na Universidade de Edimburgo até o final da década de 80.

Ele desenvolveu vários métodos de eletroforese para análise de RNA (em Biologia, o ácido ribonucleico – sigla em português: ARN e em inglês, RNA, ribonucleic acid – é o responsável pela síntese de proteínas da célula) e seu processamento e transporte para o citoplasma e confirmou a ideia emergente que cloroplastos de plantas evoluíram a partir de simbiose com algas verde-azuladas – engenharia genética natural. Se diz um interessado por história natural, jardinagem e agricultura desde criança. Por isso, acredita que se envolveu com estudos e pesquisas sobre impactos ecológicos da sociedade.

Confira a entrevista.
Foto: http://www.che.ac.uk/

IHU On-Line – No que consiste o conceito de agroecologia? O que revela enquanto modo de vida, para além de sistema ou técnica de produção no campo?

Ulrich Loening – Agroecologia é a filosofia e a prática da agricultura que leva em conta a forma como a granja ou fazenda se encaixa na ecologia da região. Em contraste com a agricultura convencional, que tem, na prática, ignorado ou atalhado processos naturais, a agroecologia tenta aproveitar processos naturais para produzir alimentos para os seres humanos. Ela enverga o ecossistema local em favor dos seres humanos, porém não muito. Por isso, passa a ser uma mudança na cultura social, um modo de vida que procura não subjugar a natureza.

IHU On-Line – Como compreender a relação entre o solo e a produção agroecológica? De que forma é possível tratar o solo enquanto organismo vivo, preservando as inúmeras formas de vida que nele existem e desenvolver a produção agrícola?

Ulrich Loening – Quase se poderia inverter essa pergunta: como conseguirá persistir a agricultura convencional com grande utilização de fertilizantes e pesticidas, tendo em vista que ela tem causado perda contínua de solos e fertilidade? Já desde as primeiras revoluções agrícolas de 10 mil anos atrás, a agricultura tem perturbado ecologias locais, e agora com intensidade ainda maior. Métodos de agroecologia visando manter o húmus e os organismos do solo constituem a característica crucial da abordagem proposta.

Mudança na estrutura econômica

A produção seria mais sustentável desenvolvendo métodos de agroecologia, mas é preciso reconhecer que, no frigir dos ovos, mesmo com essa mudança de matriz produtiva, talvez não seja possível alimentar a população humana, que vem crescendo muito. Já agora, a demanda por alimento no mundo é muito maior do que a agricultura convencional consegue atender. Ainda não estamos em estado de crise, já que alimento suficiente vem sendo produzido para alimentar todos, e muitos mais. O problema no momento é a distribuição precária e a pobreza. Isso exige primeiro uma mudança nas estruturas econômicas, e essa mudança por si mesma já poderia incentivar aagricultura mais sustentável e ecologicamente sadia.

IHU On-Line – De que forma é possível fazer controle de pragas, desde insetos até ervas daninhas, e produzir alimentos saudáveis apenas trabalhando o manejo do solo? É nisso que se apoia a Teoria da Trofobiose? Que outras perspectivas a Teoria abre?

Ulrich Loening – Uma planta que cresce em seu ambiente natural com uma alimentação equilibrada é resistente a pragas e doenças, porque os organismos causadores de doenças não terão facilidade em obter os nutrientes de que precisam. Essa é a base da trofobiose, termo inventado por Chaboussou [1] em seu livro de 1985 [2]. Mas a agricultura de acordo com a trofobiose não consegue inibir as ervas daninhas. Afinal de contas, ervas daninhas são apenas aquelas plantas que nós, incidentalmente, não desejamos, e a natureza não pode distinguir o que nós casualmente queremos colher. A interpretação da trofobiose destaca o quanto nossos métodos agrícolas convencionais, pelo menos desde meados do século 19, se baseiam em insumos químicos que substituem as formas como as plantas se nutrem.

IHU On-Line – Em que medida a compreensão das formas de vida contidas no solo (visto como um espaço micro de todo o planeta) pode contribuir com o entendimento mais amplo da biologia humana?

Ulrich Loening – Após dois séculos em que começamos a compreender a ciência da agricultura, só recentemente é que se está começando a reconhecer o significado da enorme diversidade da vida no solo. Esta nova compreensão começou com a descoberta das micorrizas na década de 1880, fungos que crescem em torno ou dentro de raízes de plantas e liberam nutrientes minerais para a planta, a qual, em troca, fornece alimento para os fungos.

Este é o maior sistema simbiótico do mundo e é provável que a vida vegetal na terra não poderia ter evoluído sem ele. Agora percebemos que milhões de micro-organismos do solo, desconhecidos em sua maioria, também ajudam as plantas a crescer de forma saudável. Esse diversificado ecossistema do solo, que tem sido comparado às complexidades de uma floresta tropical, também afeta diretamente a saúde humana. De modo semelhante, nosso sistema gastrointestinal também contém um vasto “bioma”, consideravelmente influenciado de fora.

IHU On-Line – Quais os desafios para se romper com uma forma de relação mercantil entre o ser humano e a terra, que se materializa da agricultura baseada no modelo de agronegócio, e propor uma relação mais ecologicamente integral, valorizando as pequenas propriedades e produção mais limpa?

Ulrich Loening – Assim que algo é bem-sucedido, tende a fixar-se e continuar com seu próprio sucesso. Até mesmo o avanço da civilização exige que formas exitosas de vida sejam passadas de geração em geração. Apenas quando o sucesso ultrapassa seus limites num pequeno planeta, surgem problemas. É difícil alterar a maneira como pensamos, uma vez instalados o mito dePrometeu [3] de obter o fogo (poder) do céu e a atitude baconiana [4] que lançou a ciência ocidental (“conhecimento é poder”). Surge a necessidade de mudança em direção a uma relação ecológica. Eu vejo isso como desafio fundamental por excelência.

Em nível mais prático, as pequenas propriedades (“small is beautiful” – o pequeno é lindo) são parte da resposta e, atualmente, continuam sendo as que produzem a maioria dos alimentos que realmente chegam à mesa. Mas as pequenas propriedades também precisam ficar intimamente conectadas com sua situação ecológica, em vez de combatê-la. Elas precisam basear-se em ciclagem de materiais, com estreitos laços dos seres humanos com a granja, que permitem o cultivo “dedo verde”. O/A agricultor/a, suas ferramentas e métodos, e o entorno, todos são parte do ecossistema local. Uma relação comercial de grande porte não consegue fazer justiça a esse fato, e assim torna-se insustentável.

IHU On-Line – Qual o papel dos governos no estímulo à agroecologia? Como avalia o desempenho de organizações civis, como cooperativas, da promoção desse estilo de vida e produção agroecológica?

Ulrich Loening – Políticos em geral não entendem de ecologia humana, talvez nem o consigam. Eles operam baseados no princípio de que sistemas financeiros eficazes no curto prazo conseguem satisfazer nossos desejos, e partem do princípio de que se algo parece bom, então mais do mesmo deve ser melhor. Mas nosso mundo, superlotado desse princípio, perde sua validade, empresas gigantescas do agronegócio rompem as ligações ecológicas e sociais que as pequenas propriedades produtivas podem ter.

A política da maioria dos governos e federações, como os Estados Unidos e a União Europeia, tem sido a de incentivar positivamente grandes fazendas, grandes empresas de suprimentos e cadeias alimentares mais longas e mais complexas. Tais políticas só podem levar a um distanciamento maior em relação às realidades ecológicas. Isso, por sua vez, faz com que empresas, mais do que os governos, governem o mundo e determinem as políticas a serem seguidas. Vemos isso agora nas negociações (a portas fechadas) para o TTIP [5], acordo de comércio internacional proposto entre a União Europeia e os Estados Unidos, que ameaça incentivar grandes corporações no sentido de controlar as políticas nacionais distantes.

Os governos têm, claramente, um papel primordial de impedir isso, assim como eles normalmente não têm deixado que monopólios interfiram no livre comércio. Provavelmente alguma forma de protecionismo é necessária, que permita desenvolvimentos locais livres de interferência externa. Obviamente este argumento econômico tem implicações sociais diretas. A liberdade individual de escolha é reprimida por grandes corporações, assim como tem sido reprimida por ditaduras totalitárias, em algumas partes do mundo.

IHU On-Line – A continuidade e crescimento da civilização pode ser compatível com a sustentabilidade ecológica global? Como articular a ideia local de sustentabilidade com a causa global?

Ulrich Loening – Esta foi a questão abordada e até certo ponto respondida pelo Relatório sobre os Limites do Crescimento elaborado para o Clube de Roma em 1972 [6]. A resposta é que não, que se continuarmos business as usual, chegaremos a um impasse. À medida que a civilização evolui, ela também precisa desenvolver-se no sentido de “adequar suas ações aos padrões da natureza”, como indicou a Comissão Brundtland [7] em suas declarações de abertura em 1987. A próxima grande ideia social e científica trataria de tornar a civilização compatível com as realidades planetárias [8]. Resolver essa contradição exige uma visão global com ação local, coisa difícil de se conseguir, que em si precisa evitar o sofrimento causado pelas falhas das grandes corporações. Mas agora podemos ver novas atitudes emergindo, com grande número de pessoas da maioria dos países ansiando por melhorias.

IHU On-Line – Quais os impactos das diferentes civilizações tecnológicas nas formas de vida do planeta? Como isso repercute na agricultura?

Ulrich Loening – É notável que a “ciência” no sentido moderno surgiu na Europa, e não naChina, apesar de sua antiga civilização, nem em países budistas, embora Buda [9] tenha aconselhado que “nada vem de mão beijada”. Agora, esta atitude científica inicialmente europeia passou a permear o mundo inteiro. Talvez seja o momento de a Europa mais uma vez desencadear um novo Esclarecimento [ou Iluminismo] cultural/científico. Diferentemente de outros tempos, pode-se procurar soluções e sabedoria entre povos menos aculturados, cuja cultura tenha sobrevivido em alguns lugares. O conceito de “The Way” [10] (livro de Edward Goldsmith [11]), visando desenvolvimento com equidade social e ecológica de antigas raízes, pode fornecer um ethos para uma nova síntese.

IHU On-Line – No que consiste a ideia de “tecnologia apropriada” e qual sua relação com as formas de vida integrais, como a agroecologia?

Ulrich Loening – Tecnologia apropriada muitas vezes tem sido confundida com a “tecnologia intermediária” preconizada por Schumacher [12]. Eu considero apropriado aquilo que se adéqua à situação. Excelente exemplo são tecnologias que aproveitam energia do ambiente, que em última análise emana do sol e continua emanando, quer a usemos ou não. Se cobrirmos nossas necessidades de energia a partir desse fluxo, então é apropriado. Da mesma forma, a agriculturaque se encaixa nos ciclos da natureza (e não apenas nas estações do ano, mas nos fluxos materiais e biológicos) conseguirá atuar e funcionar de forma sustentável. Nossa oferta de alimentos deve vir dos fluxos de nutrientes e organismos ao longo do ecossistema, causando o mínimo possível de diferenças, sejam usados ou não.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Ulrich Loening – Sim! Se somar tudo que argumentei acima, e outros estudos não incluídos aqui, você só pode chegar a uma conclusão: que a ciência aplicada sobre a qual nossa civilização está construída tem raízes culturais profundas. Agora, para resolver como, onde e se os humanos poderão viver na Terra, é necessária uma atitude científica nova e culturalmente diferente. Eu não quero dizer um método científico novo ou diferente, porque é autocriado pelo senso comum lógico, mas uma nova abordagem sobre a forma de aplicar a ciência e sobre sua motivação. Eu gosto de promover um nome para esta nova ciência: “Ciência Convivial“. Deriva de “con-vivo”, que significa “com vida” [sic].Ciência Convivial pode ser usada em muitos sentidos: é uma ciência que cria tecnologias ecologicamente apropriadas, que promove a relação de convívio da sociedade com a natureza, que pode ajudar a superar a antipatia de muitas pessoas contra a ciência, e, acima de tudo, que pode criar uma relação mais convivial entre os seres humanos e a natureza.

Por João Vitor Santos | Tradução Walter O. Schlupp

Notas:

[1] Francis Chaboussou: pesquisador francês autor da Teoria da Trofobiose que, na década de 1970, lançou um dos pilares da agroecologia. Formado em biologia pela Universidade de Bordeaux, na França, foi pesquisador do Institut National de la Recherche Agronomique e da Estação de Zoologia do Centro de Pesquisas Agronômicas de Bordeaux. (Nota da IHU On-Line)

[2] Referência em português: Chaboussou, Francis. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: a teoria da trofobiose; tradução de Maria José Guazzelli; Porto Alegre: L&PM, 1987. (Nota da IHU On-Line)

[3] Prometeu: na mitologia grega, Prometeu é um titã, filho de Jápeto e irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio. Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo de Zeus e o dar aos mortais. Zeus teria então punido-o por este crime, deixando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade enquanto uma grande águia comia todo dia seu fígado – que crescia novamente no dia seguinte. O mito foi abordado por diversas fontes antigas (entre elas dois dos principais autores gregos, Hesíodo e Ésquilo ), nas quais Prometeu é creditado – ou culpado – por ter desempenhado um papel crucial na história da humanidade (Nota da IHU On-Line)

[4] Relativo à filosofia de Francis Bacon. Indução baconiana ou indução ampliadora, raciocínio empregado nas ciências experimentais e que consiste em passar de certo número de casos particulares a uma lei geral. (Nota da IHU On-Line)

[5] Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (APT): mais conhecido como TTIP (em inglês: Transatlantic Trade and Investment Partnership) ou TAFTA (em inglês: Trans-Atlantic Free Trade Agreement), é uma proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Estados Unidos, em forma de tratado internacional. O tratado visa impedir a interferências dos Estados no comércio entre os países aderentes e está a ser negociado em paralelo com a Parceria Trans-Pacífico ou TPP (em inglês: Trans-Pacific Partnership). O tema tem sido tratado nas Notícias do Dia, do sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em diversos artigos. Entre eles “A história do caminho do capitalismo para o fascismo social”, de Eulogio González Hernández, publicado em 03-02-2016. Confira mais artigos em ihu.unisnos.br. (Nota da IHU On-Line)

[6] Clube de Roma: é um grupo de pessoas ilustres que se reúnem para debater um vasto conjunto de assuntos relacionados a política, economia internacional e , sobretudo, ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Foi fundado em 1966 pelo industrial italiano Aurelio Peccei e pelo cientista escocês Alexander King. Tornou-se muito conhecido a partir de 1972, ano da publicação do relatório intitulado Os Limites do Crescimento, elaborado por uma equipe do MIT, contratada pelo Clube de Roma e chefiada por Dana Meadows. O relatório, que ficaria conhecido como Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows, tratava de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade tais como energia, poluição , saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional, foi publicado e vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história. (Nota do IHU On-Line).

[7] Relatório Brundtland ou Nosso Futuro Comum: Publicado em 1987, concebe o desenvolvimento sustentável como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais. Indicada pela entidade, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para estudar o assunto. (Nota da IHU On-Line)

[8] Frank Fraser Darling, o ecologista escocês, escreveu em 1951 que a “civilização é em última análise, uma contradição”. (Nota do entrevistado)

[9] Buda: é um título dado na religião budista àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal redescoberta aos demais seres. “A verdadeira natureza dos fenômenos”, aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento. O primeiro buda Sidarta Gautama. Foi um príncipe da região do atual Nepal que se tornou professor espiritual, fundando o budismo. Na maioria das tradições budistas, é considerado como o “Supremo Buda” de nossa era, Buda significando “o desperto”. (Nota da IHU On-Line)

[10] The Way: An Ecological Worldview (A maneira: uma visão de mundo ecológica, em livre tradução). Goldsmith, Edward. Reino Unido: Veltune Publishing, 2014. (Nota da IHU On-Line)

[11] Edward René David Goldsmith (1928 – 2009): foi um ambientalista anglo-francês, escritor e filósofo conhecido por seus pontos de vista críticos em relação à sociedade industrial e da economia de livre mercado era conhecido. (Nota da IHU On-Line)

[12] Ernst Friedrich Fritz Schumacher (1911 —1977): pensador econômico, estatístico e economista no Reino Unido, servindo como conselheiro-chefe de economia ao National Coal Board britânico por duas décadas. Suas ideias tornaram-se populares em boa parte do mundo anglófono durante a década de 1970. Ele é mais conhecido por sua crítica às economias ocidentais e suas propostas de tecnologias adequadas e descentralizadas. As teorias básicas de desenvolvimento de Schumacher ficaram conhecidas pelos termos “escala intermediária” e “tecnologia intermediária”. Em 1977, publicou A Guide for the Perplexed, uma crítica ao cientificismo materialista e uma exploração da natureza e da organização do conhecimento. Junto com amigos de longa data e sócios como Mansur Hoda, Schumacher fundou o Intermediate Technology Development Group, agora conhecido como Practical Action, em 1966. (Nota da IHU On-Line)

(EcoDebate, 11/05/2016) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Espécies ameaçadas de extinção: Quanto antes agirmos, mais chances teremos, artigo de Teresa Avila Pires

[EcoDebate] As listas de espécies ameaçadas de extinção (conhecidas como “listas vermelhas”) representam uma parte essencial da política de Estado para garantir que fauna, flora e micro-organismos nativos sejam protegidos, o que é responsabilidade tanto do Poder Público como da coletividade e está prevista na Constituição Federal brasileira (art. 225).

Apesar dessa relevância, alguns setores da sociedade ainda não entendem dois pontos fundamentais: primeiro, que ignorar os sinais de que uma espécie está em declínio é o caminho mais rápido para o seu desaparecimento; segundo, que reconhecer que a espécie está ameaçada é o primeiro passo para se analisar quais ações devem ser tomadas para que ela se recupere.

Portanto, a lista vermelha é fundamental para evitar extinções, de forma a manter populações saudáveis das espécies nativas, permitindo assim a continuidade de sua existência, dos serviços ambientais relacionados com essas espécies e, em determinados casos, do seu uso econômico pela humanidade.

O Brasil possui listas vermelhas desde 1968, sendo que as mais recentes foram publicadas pelas portarias 443, 444 e 445 do Ministério do Meio Ambiente, de dezembro de 2014, e se referem à flora, aos peixes e invertebrados aquáticos, e aos demais animais. Elaboradas a partir de critérios científicos reconhecidos internacionalmente, essas três relações contemplam no total 3.652 espécies, que estão divididas nos seguintes níveis de ameaça: “vulnerável”, “em perigo”, “criticamente em perigo” e, no caso de uma ave, “extinta na natureza”. Entre os principais fatores que as colocam em risco estão a destruição de habitat e a sobre-explotação – que acontece quando sua retirada da natureza é tão intensa que impossibilita sua reposição.

Este último é o que provoca maior reação contrária às listas, pois está ligada ao uso econômico de alguns animais e plantas. Por exemplo, em 2015, uma liminar suspendeu a Portaria 445 que trata dos peixes e invertebrados aquáticos, o que foi resultado direto de pressão do setor pesqueiro. Também no ano passado, cinco projetos de Decreto Legislativo tentaram sustar as portarias que criam as listas vermelhas, entre eles três do Senador Ronaldo Caiado, referentes às três listas. Diante da repercussão negativa e da reação de vários setores da sociedade, os projetos do Senador Caiado foram retirados de pauta e foi proposta a realização de audiências públicas para a discussão do tema. Contudo, como esses projetos de lei podem ser desarquivados a qualquer momento, é necessário fortalecer na sociedade brasileira o papel que as listas vermelhas têm para evitar o colapso das espécies listadas.

Para além dos interesses econômicos imediatos, é importante também que as pessoas tenham consciência de que, apesar de toda a tecnologia e de vivermos em ambientes altamente modificados, ainda dependemos, e sempre dependeremos, do meio ambiente. Se nós seres humanos quisermos sobreviver como espécie, precisamos preservar a natureza e os serviços ambientais que ela nos presta. Isso inclui ar limpo para respirarmos, água limpa, alimentos, fontes de remédios, um clima suportável, enfim, grande parte do que torna nosso planeta habitável.

Embora possa parecer espantoso, ainda estamos longe de conhecer todas as formas de vida que existem na Terra e as intrincadas relações entre elas. Entretanto, conhecemos o suficiente para sabermos da importância dessa grande diversidade. Não temos ideia de quanto – ou o que – seria inócuo perder, mas é certo que há um limite. Quanto antes agirmos, mais chances teremos para amenizar as alterações ambientais que já nos levaram a uma situação-limite que está afetando o clima e a sobrevivência de muitas espécies.

O homem se orgulha de ser um “animal inteligente” e ético. Porém, quão inteligente e ético seria destruir as espécies que compartilham conosco o planeta? A sabedoria popular nos diz que “é melhor prevenir que remediar”, e nesse ponto, ela está totalmente certa.

* Teresa Avila Pires é pesquisadora do Museu paraense Emílio Goeldi/CZO e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

in EcoDebate, 11/05/2016
"Espécies ameaçadas de extinção: Quanto antes agirmos, mais chances teremos, artigo de Teresa Avila Pires," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/11/especies-ameacadas-de-extincao-quanto-antes-agirmos-mais-chances-teremos-artigo-de-teresa-avila-pires/.

A produtividade agrícola está intimamente relacionada ao trabalho realizado pelos agentes polinizadores

Abelhas ajudam a aumentar a produtividade agrícola

Por Débora Motta, FAPERJ
Abelhas Exomalopsis auropilosa, importantes polinizadoras do tomateiro no Norte Fluminense (Fotos: Divulgação)

A produtividade agrícola está intimamente relacionada ao trabalho realizado pelos agentes polinizadores, como as abelhas e outros insetos. Essa é a conclusão de uma ampla pesquisa, realizada simultaneamente em diversos países, principalmente da América Latina, África e Ásia, e que contou com a participação da professora Maria Cristina Gaglianone, do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), sediada no município de Campos dos Goytacazes. O trabalho ganhou repercussão internacional com a publicação de artigo na renomada revista científica Science, publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência. Confira a íntegra do artigo:http://science.sciencemag.org/content/351/6271/388

Participaram do estudo pesquisadores de 18 universidades e centros de pesquisa do Brasil, Argentina, Colômbia, Portugal, Holanda, França, Itália, Alemanha, Noruega, China, Nepal, Índia, Indonésia (Java), Zimbábue, Paquistão, Quênia, Gana e África do Sul. Essa grande equipe multidisciplinar concluiu, após um trabalho de campo de dois anos, que conservar a biodiversidade ao redor das pequenas propriedades – ou mesmo dos latifúndios – é muito importante não apenas para o meio ambiente, mas também para ampliar a produtividade agrícola e gerar benefícios econômicos. Afinal, a relação entre a polinização e a produção de alimentos, cada vez mais necessária para atender à crescente demanda de consumo em escala global, é bem estreita.

Voando de flor em flor, as abelhas nativas – que no Brasil são representadas por cerca de 1.500 espécies, além da espécie Apis mellifera, produtora de mel e de origem europeia – são os principais agentes polinizadores da natureza. A polinização acontece quando as abelhas, ou outros insetos, transportam sem querer grãos de pólen masculinos para as partes femininas das flores. Isso permite que, no interior das flores, ocorra a fertilização dos óvulos, que se tornarão sementes e desenvolverão frutos.

No entanto, com o desmatamento de matas nativas para ceder espaço a atividades como o cultivo agrícola e a pecuária, observa-se uma diminuição na diversidade de abelhas e de outros insetos e, consequentemente, de seu papel polinizador. “No estudo, vimos uma relação direta entre a riqueza de polinizadores, e não apenas a sua quantidade, e a produtividade agrícola”, destaca a bióloga Maria Cristina, que obteve os títulos de mestrado e doutorado em entomologia – a ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio ambiente –, pela Universidade de São Paulo (USP).

Cada grupo de pesquisadores trabalhou com um dos 33 diferentes cultivos agrícolas, em pequenas ou grandes propriedades. Vale lembrar que cerca de dois bilhões de pessoas ao redor do mundo dependem dos alimentos cultivados em pequenas áreas, muitas vezes para subsistência. “Pela Uenf, pesquisamos o cultivo do tomate em pequenas propriedades de até dois hectares, em São José de Ubá, município do Norte Fluminense. Outros grupos de pesquisa no Brasil estudaram os efeitos dos polinizadores no cultivo da maçã, do algodão, da canola, do café e do caju. Nosso objetivo era avaliar em que medida essas plantas podem ter de aumento na produção de frutos com a ação dos polinizadores”, explica a bióloga. “Observamos na média total que as abelhas e outros polinizadores aumentaram em 24% a produtividade dessas plantas nas pequenas propriedades estudadas, nos diferentes países”, destaca.
Maria Cristina Gaglianone (em pé, a 3ª a partir da dir.) reúne seus alunos na Uenf para foto: estudo destaca a importância da preservação ambiental

O principal elemento apresentado pelo artigo, que tem como primeiro autor o pesquisador argentino Lucas Garibaldi, é a realização desses testes em nível global, comprovando o benefício da diversidade dos polinizadores para a produtividade agrícola. “Não é só uma questão observada isoladamente no cultivo do tomate, da canola ou do girassol. Podemos falar em um padrão global”, pondera Maria Cristina. O cálculo da produtividade foi realizado de acordo com a área das propriedades, ou seja, pela média de frutos produzidos em cada hectare nos diferentes países investigados.

Apesar da escolha das pequenas propriedades para a realização dos testes, a necessidade de preservar os agentes polinizadores também se estende às grandes propriedades. “A princípio, podia-se pensar que aumentar o número de polinizadores em grandes propriedades rurais seria indiferente, porque a área de plantio é muito grande. Mas esse trabalho mostra que os latifúndios também podem ter produtividade maior com a presença de maior número de espécies de polinizadores. Então, se preocupar com a conservação da mata, mantendo reservas próximas às áreas de plantio, e reduzindo o uso de agrotóxicos é muito importante para o agronegócio. Temos que repensar modelos agrícolas para favorecer a diversidade ecológica de polinizadores pela própria necessidade de sobrevivência humana. Estamos falando dos cultivos que são nossos alimentos”, lembra.

O projeto contou com financiamento do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF/FAO) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e integra-se ao Projeto Polinizadores do Brasil, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A FAPERJ já apoiou pesquisas anteriores realizadas por Maria Cristina, sobre a importância dos agentes polinizadores em regiões de restinga estaduais e em áreas de cultivo, contempladas pelo edital Pensa Rio e com o Auxílio Básico à Pesquisa (APQ 1). “A publicação do artigo na Science foi um esforço coletivo, de um grupo com muitos pesquisadores, mas é resultado de um longo trabalho que venho desenvolvendo ao longo dos anos, que também tem sido apoiada pela FAPERJ”, diz.

Entre as instituições brasileiras, além da Uenf, participaram da publicação o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IJBRJ), com o pesquisador Leandro Freitas, e outras dez instituições: a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade de São Paulo (USP), as universidades federais da Bahia, do Ceará, de Sergipe; a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa Semiárido, em Petrolina, e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília); o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), na Bahia, e o Centro de Pesquisa Emílio Schenk, da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro – Vale do Taquari).

in EcoDebate, 10/05/2016

Açaí, artigo de Roberto Naime

Figura 1. Cachos de açaí. Foto: José Edmar Urano de Carvalho / Embrapa

[EcoDebate] Açaí” e “uaçaí” são oriundos do tupi “yasa’i”, “fruta que chora”, numa alusão ao sumo desprendido pelo seu fruto. “Juçara” provém do tupi “yu’sara”. “Palmiteiro” e “palmito” são alusões ao seu uso na alimentação humana sob a forma de palmito.

Espécie nativa da várzea da região amazônica, nos seguintes países, Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas A Festa da Juçara do Maranhão refere-se ao açaí.

O açaí é um alimento muito importante na dieta dos nortistas do Brasil, onde seu consumo remonta aos tempos pré-colombianos. Hoje em dia, é cultivado não só na Região Amazônica, mas em diversos outros estados brasileiros, sendo introduzido no resto do mercado nacional durante os anos 80 e 90.

O estado do Pará e Amazonas, no Brasil, são os maiores produtores da fruta, sendo juntos, responsáveis por mais de 85% da produção mundial. O açaí é considerado, por muitos, uma iguaria exótica, sendo apreciada em várias regiões do Brasil e do mundo.

O açaizeiro é semelhante à palmeira-juçara da Mata Atlântica, diferenciando-se porque cada planta de juçara tem somente um caule mas os açaís crescem em touceiras de 4 a 8 estipes (troncos de palmeira), altos e possantes.

O açaí é muito consumido como suco ou pirão e o gomo terminal constitui o palmito. Assim, pode ser consumido na forma de bebidas funcionais, doces, geleias e sorvetes. O fruto é colhido por trabalhadores que sobem nas palmeiras com auxílio de um trançado de folhas amarrado aos pés, a peconha.

Para ser consumido, o açaí deve ser primeiramente despolpado em máquina própria ou amassado manualmente, depois de ficar de molho na água, para que a polpa se solte e, misturada com água, se transforme em um suco grosso também conhecido como vinho do açaí.


Figura 2. Paneiro contendo frutos de açaí. Foto: José Edmar Urano de Carvalho / Embrapa

Na Amazônia, o açaí é consumido tradicionalmente junto com farinha de mandioca ou tapioca geralmente gelado. Há quem prefira fazer um pirão com farinha e comer junto com peixe assado ou camarão, ou mesmo os que preferem o suco com açúcar.

Além do uso de seus frutos como alimento ou bebida, o açaizeiro tem outros usos comerciais. As folhas podem ser feitas em chapéus, esteiras, cestos, vassouras de palha e telhado para casas, e madeira do tronco, resistentes a pragas, para construção civil.

Os troncos da árvore podem ser processados para produzir minerais. O palmito é amplamente explorado como uma iguaria. O óleo de açaí também possui diversas propriedades químicas que causam efeitos benéficos no corpo humano. As sementes limpas são muito utilizadas para o artesanato.

Nas demais regiões do Brasil, o açaí é preparado da polpa congelada batida com xarope de guaraná, gerando uma pasta parecida com um sorvete, ocasionalmente adicionando frutas e cereais.

Conhecido como açaí na tigela, é um alimento muito apreciado, com propriedades estimulantes presentes no fruto são semelhantes às encontradas no café ou em bebidas energéticas. O açaí também ajuda na eliminação de resíduos do corpo, garantindo saúde.

O açaí é de grande importância para a sua região de cultivo em virtude de sua utilização constante por grande parte da população, principalmente os ribeirinhos.

Nas condições atuais de produção e comercialização, a obtenção de dados exatos é quase impossível, devido à falta de controle nas vendas, bem como à inexistência de uma produção racionalizada, uma vez que a matéria-prima consumida se apoia pura e simplesmente no extrativismo e comercialização direta.

Nos estados do Amazonas e Pará, principais produtores, o consumo de açaí, em litros, chega a ser o dobro do consumo de leite.

A mistura com água e outros ingredientes, promovida fora da Região Norte do Brasil, reduzindo a participação efetiva de açaí na mistura, é devido ao alto custo que seria exportar açaí do Norte, para outras regiões do país.

Para se tornar economicamente viável, comerciantes passaram a misturar o açaí original, adquirido a alto custo, com outros elementos de menor valor econômico, viabilizando a venda. O detalhe é que isso gerou uma distorção na concepção de consumo da fruta: muitos brasileiros não sabem que o fruto é nativo do Norte ou que é consumido puro.

Na Região Norte, tanto humildes ribeirinhos (moradores tradicionais das margens dos rios) como as classes economicamente mais favorecidas dos grandes centros urbanos consomem açaí sem os artifícios comumente empregados em outras regiões do país.

O óleo de açaí tem uma coloração verde-escura, de odor pouco agradável logo após sua extração e possui um sabor que lembra o da bacaba. Quando o óleo passa pelo processo de refinação, torna-se de sabor e odor agradáveis como os de bacaba e patauá.

O óleo do açaí é bastante usado tanto para fins culinários quanto para o uso cosmético. Enquanto condimento alimentício é bastante usado para temperar saladas.

Seu uso cosmético é empregado para a produção de shampoos e cremes capilares, além de sabonetes e cremes hidratantes para o corpo. Possui alta concentração de antioxidante, sendo rico em ácidos graxos essenciais.


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 11/05/2016
"Açaí, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/11/acai-artigo-de-roberto-naime/.

O que se entende por ‘financeirização da natureza’?, artigo de Amyra El Khalili

“A financeirização provoca o endividamento e é bem diferente de financiamento. O financiamento opera com taxas de juros compatíveis com a capacidade de pagamento de quem necessita do empréstimo. Permite que o empréstimo seja pago a longo prazo e com taxas baixas ou adotando juros simples, como ocorre, por exemplo, nos países do norte, que praticamente subsidiam os juros aos agricultores. No subsídio, o Estado empresta dinheiro sem cobrar juros e/ou isenta de tributos ou os reduz.”

“Financeirização da natureza” é uma expressão nova que significa tornar financeiro tudo aquilo que deveria ser apenas econômico e socioambiental . Nem tudo o que é econômico é financeiro. Lamentavelmente, porém, tudo o que é financeiro é econômico.

Quando defendemos a importância da água em quantidade e qualidade, estamos tratando dos direitos fundamentais e do direito socioeconômico. Sem água não há vida; daí seu reconhecimento como direito de viver, garantido, inclusive, pela Constituição. Sem água também não é possível nenhuma atividade econômica. Experimente ficar uma semana sem água. Haverá convulsão social. Podemos ficar dias sem comer, mas nosso organismo não resistirá se passarmos dias sem água. Nenhuma cidade prospera sem água. E se ficarmos sem ar? O que acontece?

Sabemos o que significa ficar sem terra, sem casa, sem um lugar digno para viver. Quem paga aluguel já experimentou o gosto amargo da “financeirização”. Quem paga aluguel mensalmente está pagando para morar por um imóvel que não lhe pertence, assim vivendo refém da eterna dívida imobiliária. Igualmente, os que pagam condomínios, mesmo que sejam proprietários do imóvel, pagam pelos serviços e custos de manutenção de um imóvel coletivo, de modo que o condomínio não deixa de ser uma forma indireta de aluguel. Outros pagam, além do aluguel, o condomínio e o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Quando é que não temos que pagar? Muitos recorrem a empréstimos e pagam juros sobre juros, considerando que no Brasil se aplica o juro composto e não o juro simples, como ocorre nos países do norte. No juro composto, soma-se a dívida principal ao juro; no próximo vencimento, este juro se soma ao juro da conta anterior. Vira uma bola de neve, que vai crescendo caso não se consiga pagar. Esta é a contabilidade a que chamamos de “financeirização”.

A financeirização provoca o endividamento e é bem diferente de financiamento. O financiamento opera com taxas de juros compatíveis com a capacidade de pagamento de quem necessita do empréstimo. Permite que o empréstimo seja pago a longo prazo e com taxas baixas ou adotando juros simples, como ocorre, por exemplo, nos países do norte, que praticamente subsidiam os juros aos agricultores. No subsídio, o Estado empresta dinheiro sem cobrar juros e/ou isenta de tributos ou os reduz.

A “financeirização”, apesar de legal, também poderia ser qualificada como prática de “agiotagem institucionalizada”. A agiotagem é crime contra a economia popular, repudiada por nossa Constituição, e deveria ser combatida em todos os rincões do planeta; no entanto, essa velha prática, condenada desde sempre, historicamente se repete de diversas formas, com novas roupagens, portanto cada vez mais normatizada e legalizada. Para dar legitimidade à agiotagem, a prática de usurpação, que constitui um “pecado capital” pelo catolicismo, judaísmo e islamismo, políticos corruptos e corporações, entre outros, têm pressionado a sociedade para aceitar a adoção de determinados instrumentos econômicos que viabilizam esse modus operandi através de leis que promovem a “financeirização” para os pobres (endividamento com juros caros, como, por exemplo, o cartão de crédito) e o financiamento para os ricos (empréstimos com juros baixos, ou mesmo sem juros). Nessa conta, poderíamos incluir também os tributos, que são sempre mais altos para os pobres e mais baixos para os ricos.

Na natureza, a prática da “financeirização” vincula os direitos fundamentais do ambiente saudável e o direito à vida ao criar mecanismos de pagamento por tudo aquilo que a natureza produz gratuitamente. A natureza nos fornece água, ar, terra, minérios, biodiversidade (florestas, fauna e flora) e não cobra por esse benefício providencial. No entanto, para que possamos ter água em quantidade e qualidade, ar puro para respirar, terra boa para plantar, plantas medicinais para curar, rios e mares para nos banhar e nos abastecer, com a “financeirização da natureza” teremos que pagar para ter o que sempre tivemos por direito inalienável.

Os que propõem a “financeirização da natureza” argumentam que, sem pagar, não é possível manter as florestas em pé, ter rios limpos, ter a cidade limpa de resíduos sólidos, possuir terra sem agrotóxico e químicos, ter o ar respirável sem reduzir gases tóxicos, enfim, afirmam não ser possível preservar e conservar o meio ambiente sem que os bens comuns (água, minério, solo, ar, biodiversidade) se tornem produtos financeiros.

Alegam que estão financiando a transição de uma economia marrom (degradadora) para a “economia verde”. Dizem que não existe alternativa, senão a de tornar financeiro o que é eminentemente econômico. Confundem conceitos e posições para que a população, sensibilizada com as justas causas socioambientais e desavisada dos riscos, aceite o pacote financeiro imposto com a legalização da “agiotagem”. Juntamente com a “agiotagem institucionalizada”, promovem a legalização de outras práticas de crimes, como a biopirataria, o roubo de terras de povos indígenas e tradicionais, a expulsão de campesinos, o controle da água e do ar por oligopólios, a produção de alimentos industrializados, institucionalizando a “dependência da sobrevivência” da espécie humana e demais seres vivos.

Acontece que alternativas sempre existiram. São as propostas que estão justamente na contramão da infame “financeirização da natureza”. Os povos indígenas, tradicionais, os campesinos e as populações carentes do sertão, que sabem lidar com o ambiente natural e sua diversidade, têm muito a nos ensinar, sem nunca terem precisado de agentes financeiros, especialistas ou consultores ambientais para lhes vender pacotes de produtos e serviços. Aliás, os banqueiros jamais tiveram interesse em suas possíveis contas!

Felizmente, cresce o movimento internacional contra a “financeirização da natureza”, uma maldição que, dia após dia, cria novas formas complexas e sofisticadas para driblar as normas, os direitos constitucionais adquiridos e os acordos internacionais para perpetuar a doutrina do “neocolonialismo”, da submissão e escravidão com guerras, tragédias e misérias.

Se há esperança, esta reside no fato de ficarmos atentos a essa manobra e seguirmos denunciando para que as presentes e futuras gerações não sejam afetadas por esta desgraça como somos nós e o foram nossos antepassados.

Que o povo não se engane com conceitos vazios e falsas soluções: os refugiados e violentados nos campos e nas florestas por esta guerra fatídica a que assistimos diariamente na mídia são vítimas da “financeirização da natureza” em seus territórios.

Sabemos que errar é humano, mas persistir neste erro é ser cúmplice de genocídio!

Referência:

El Khalili, Amyra. Desmistificando REDD e Serviços Ambientais por Michael F. Schmidlehner (quatro vídeo-apresentações disponíveis online) <http://port.pravda.ru/cplp/brasil/07-03-2016/40518-desmistificando_redd-0/> . Disponível 07/03/2016. Acesso em 07/03/2016. Assista as vídeo-apresentações aqui: https://www.youtube.com/playlist?list=PLDhITDL8VFLpJyO1Bi0WpioxFpuvJDQaK

*Amyra El Khalili é economista, autora do e-book “Commodities Ambientais em Missão de Paz: Novo Modelo Econômico para a América Latina e o Caribe”. Acesse gratuitamente:www.amyra.lachatre.org.br

in EcoDebate, 09/05/2016
"O que se entende por ‘financeirização da natureza’?, artigo de Amyra El Khalili," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 9/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/09/66796/.

Herbal remedies are an overlooked global health hazard

Date: May 3, 2016

Source: Baylor College of Medicine

Summary:
Scientists raise are raising awareness that long-term use of herbal remedies is no guarantee of their safety. Herbal remedies are an overlooked global hazard.
Leaves of aristolochia.
Credit: © vvoronov / Fotolia

Millions of people around the world use herbal health remedies, following a tradition that began millennia ago. Many believe that herbs are safe because they have been used for many years, but researchers from Baylor College of Medicine and Stony Brook University are raising awareness that long-term use of herbal remedies is no guarantee of their safety. The invited commentary appears in EMBO reports.

Dr. Donald M. Marcus, professor emeritus of medicine and immunology at Baylor, and Dr. Arthur P. Grollman, distinguished professor of pharmacological sciences at Stony Brook University, discuss the scientific evidence showing that the plant Aristolochia can cause aristolochic acid nephropathy (AAN). People with this condition experience interstitial nephritis, renal failure and cancers of the urinary track.

The authors remark that in Taiwan, according to the national prescription database, between 1997 and 2003, 8 million people were exposed to herbals containing Aristolochia. Studies of patients with renal failure and cancer in Taiwan and China show that tens of millions of people in those countries are at risk of AAN.

In genetically susceptible people, consuming Aristolochia can lead to the formation of complexes between aristolactam, a compound in Aristolachia, and DNA in renal tissues. These complexes lead to mutations in the TP53 tumor suppressor gene, which in turn initiate the process toward kidney cancer. Additional studies have shown that this process may also lead to the development of cancer in the liver and the bladder.

Marcus and Grollman indicate that other herbals and traditional medicines are responsible for severe adverse events in Africa and Asia, but in these cases epidemiological data are lacking.

Although Aristolochia has been used as a herbal remedy for more than 2000 years, "the intrinsic toxicities were not recognized, owing, in large part, to the latency period between exposure and the onset of symptomatic disease, and, in part, to genetic determinants that confer susceptibility to only approximately 5 percent of those exposed to this herb," said the authors. The long-term scientific study of AAN revealed the association of the disease with Aristolochia.

Almost all carcinogens and many toxins require a long period of time before symptoms appear. This makes it very difficult for a layman or a professional to identify a particular compound as the cause of an illness when it was taken months or years earlier.

"The history of Aristolachia indicates that other herbs that have been used for a long time may also have toxic and/or carcinogenic compounds," said the authors. "It is prudent to assume that many herbs may contain toxic or carcinogenic substances that can cause subsequent health problems for humans."

Marcus and Grollman disagree with the World Health Organization's endorsement of the use of traditional herbal remedies on the premise that traditional medicine is of proven quality, without mentioning the lack of scientific evidence supporting the efficacy of herbal remedies or their demonstrated hazards, as in the case of Aristolochia.

The authors emphasize that their primary concern is "the prevention of toxicities associated with herbal medicine and not a categorical rejection of traditional healing practices. Herbal remedies pose a global hazard. We encourage the global health community to take actions that will evaluate both long- and short-term safety, as well as the efficacy of botanical products in widespread use."

Story Source:

The above post is reprinted from materials provided by Baylor College of Medicine. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
A. P. Grollman, D. M. Marcus. Global hazards of herbal remedies: lessons from Aristolochia: The lesson from the health hazards of Aristolochia should lead to more research into the safety and efficacy of medicinal plants. EMBO reports, 2016; 17 (5): 619 DOI:10.15252/embr.201642375

Cite This Page:
Baylor College of Medicine. "Herbal remedies are an overlooked global health hazard." ScienceDaily. ScienceDaily, 3 May 2016. <www.sciencedaily.com/releases/2016/05/160503130532.htm>.

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