quinta-feira, 30 de março de 2017

Curcumina e curcuminoides

Texto:  Juliana Tomas
Farmacêutica, formada pela FMU e especialista em em plantas medicinais pela Faculdades Oswaldo Cruz


A Curcuma longa L. pertence à família Zingiberaceae. Originária da Índia, é utilizada há milhares de anos por povos da Antiguidade na alimentação e para a cura de enfermidades. A raiz desta planta é usada amplamente pela medicina Ayurvédica, por suas propriedades digestivas, auxiliando em processos inflamatórios e imunológicos, bem como em cicatrizações ou em alergias do sistema respiratório. Atualmente, está sendo muito estudada também como antimicrobiana, anticarcinogênica e antimalárica. 1, 2

O rizoma desta espécie é mais comumente utilizado desidratado e moído. Seu pó é denominado turmérico e utilizado em outras aplicações além das medicinais. O corante extraído deste pó visa à substituição de corantes artificiais em preparações alimentícias, além de seu óleo poder ser utilizado como flavorizante.3

O extrato turmérico ou oleoresina contém compostos fenólicos denominados curcuminoides. O composto majoritário deste extrato é a curcumina, seguido da desmetoxi-curcumina e a bis-desmetoxi curcumina. Um dos grandes problemas para a utilização em alimentos e na produção farmacêutica é sua baixa solubilidade em água. A alternativa encontrada por pesquisadores é a técnica de microencapsulação utilizando carboidratos como a maltodextrina, o amido modificado e a goma arábica.4
Figura 1 Estrutura química dos pigmentos curcuminóides da Curcuma longa L.5

A ação antimicrobiana se deve principalmente aos componentes presentes no óleo volátil extraído do rizoma, no qual foram identificados limoneno, borneol e ar-tumerona.5 Já as propriedades anti-inflamatórias e antitumorais se devem aos curcuminoides, em especial a curcumina.6, 7, 8

Todas estas atividades biológicas dos compostos turméricos, porém, esbarram na sua biodisponibilidade. Além de possuir a baixa solubilidade em água dificultando sua absorção, os compostos sofrem metabolização de primeira passagem quando administrados por via oral, sendo que seus metabólitos não são bioativos. Uma das soluções para isto seria a administração intravenosa ou intraperitoneal.1

A cúrcuma e seus derivados há muito tempo utilizados tradicionalmente, vem também sendo amplamente estudado para fins medicinais e demonstra potencial promissor no desenvolvimento de novos medicamentos para diversos males.

Referências:

1- SUETH-SANTIAGO, Vitor et al . Curcumina, o pó dourado do açafrão-da-terra: introspecções sobre química e atividades biológicas. Quím. Nova, São Paulo , v. 38, n. 4, p. 538-552, May 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422015000400538&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.5935/0100-4042.20150035.

2- SOUZA, Cyleni R. A.; GLORIA, Maria Beatriz Abreu. Chemical analysis of turmeric from Minas Gerais, Brazil and comparison of methods for flavour free oleoresin. Braz. arch. biol. technol., Curitiba , v. 41, n. 2, 1998 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-89131998000200008&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-89131998000200008.

3- CECILIO FILHO, Arthur Bernardes et al . Cúrcuma: planta medicinal, condimentar e de outros usos potenciais. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 30, n. 1, p. 171-177, Mar. 2000 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782000000100028&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782000000100028.

4- CANO-HIGUITA, Diana Maria; VELEZ, Harvey Alexander Villa; TELIS, Vania Regina Nicoletti. Microencapsulation of turmeric oleoresin in binary and ternary blends of gum arabic, maltodextrin and modified starch. Ciênc. agrotec., Lavras , v. 39, n. 2, p. 173-182, Apr. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542015000200173&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-70542015000200009.

5- PERET-ALMEIDA, Lúcia et al . Atividade antimicrobiana in vitro do rizoma em pó, dos pigmentos curcuminóides e dos óleos e dos essenciais da Curcuma longa L. Ciênc. agrotec., Lavras , v. 32, n. 3, p. 875-881, June 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542008000300026&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-70542008000300026.

6- CARNEIRO, Marcella Lemos Brettas et al . Morphological alterations and G0/G1 cell cycle arrest induced by curcumin in human SK-MEL-37 melanoma cells. Braz. arch. biol. technol., Curitiba , v. 53, n. 2, p. 343-352, Apr. 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-89132010000200013&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-89132010000200013.

7- PIANTINO, Camila B. et al . An evaluation of the anti-neoplastic activity of curcumin in prostate cancer cell lines. Int. braz j urol., Rio de Janeiro , v. 35, n. 3, p. 354-361, June 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-55382009000300012&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1677-55382009000300012.

8- GONCALVES, Gisele Mara Silva et al . Use of Curcuma longa in cosmetics: extraction of curcuminoid pigments, development of formulations, and in vitro skin permeation studies. Braz. J. Pharm. Sci., São Paulo , v. 50, n. 4, p. 885-893, Dec. 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-82502014000400885&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-82502014000400024.

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