sábado, 29 de julho de 2017

Repórter IFSC | Almoço Frutas Nativas (Núcleo de Estudos em Gastronomia)

Tea processing chart

Tea processing chart II
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/Tea_processing_chart_II.svg

Publicação: Mais que Receitas

Informações sobre o livro do site:

Essa nova edição do Mais que Receitas traz um tema caro aos profissionais e pessoas que desejam mudar hábitos e levar comida saudável para a mesa do brasileiro. A publicação é composta por receitas enviadas por mais de 60 colaboradores da Rede em todo o Brasil. 

A ideia é incentivar a utilização de ingredientes in natura, plantados no quintal de casa ou comprados em canais agroecológicos/orgânicos para a elaboração de receitas práticas, rápidas e fáceis. Entre as receitas selecionadas, o leitor encontrará entre outras delícias:Peixe na Folha de Bananeira, Tortilha de talos e folhas, Muffins de Tomate, Hambúrguer de batata doce, Bolo de Iogurte e Rostie de Mandioca.

O livro está organizado em cinco capítulos nos quais as receitas reúnem características que ajudam a compreender e exercitar diferentes aspectos e etapas do sistema alimentar. Além de receitas e belas ilustrações, o leitor encontrará dicas práticas sobre alimentos agroecológicos e informações sobre como tornar o cozinhar mais divertido e prático, e até entender como a alimentação influencia a biodiversidade e as afeta as mudanças climáticas.

Para acessar o Livro no formato on-line clique aqui. Para o formato em .pdf clique no anexo abaixo.

Publicação: Escritas e Narrativas sobre alimentação e cultura

Publicação: O sabor das frutas tropicais

Botón de oro: Tithonia diversifolia (www.riomoros.com)

Frutos de alcafor: Cinnamomum camphora (www.riomoros.com)

More evidence on link between antibiotic use and antibiotic resistance

Date: July 27, 2017

Source: European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC)

Summary:
The European Food Safety Authority, the European Medicines Agency and the European Centre for Disease Prevention and Control are concerned about the impact of use of antibiotics on the increase in antibiotic-resistant bacteria. The report presents new data on antibiotic consumption and antibiotic resistance and reflects improved surveillance across Europe.

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Publicação: Mais que Receitas: Comida de Verdade

Publicação: Estudos socioculturais em alimentação e saúde: saberes em rede

Plataforma online do SUS oferece curso sobre o uso de plantas medicinais

Fonte: Portal da saúde - Quinta-feira, 27 de Julho de 2017 


Está disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS), o curso Uso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos para Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A capacitação prepara o aluno para o uso seguro das plantas medicinais e fitoterápicos, fortalecendo ações e serviços na Rede de Atenção à Saúde. Para realizar o curso acesse: https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso.php?id=149.

O objetivo é orientar o ACS sobre a importância do uso correto de plantas medicinais e fitoterápicos, disponibilizando informações básicas sobre cultivo de plantas medicinais, assim como orientações sobre a preparação e o uso de remédios caseiros.

Além disso, a capacitação promoverá a interação e a troca de experiências entre os profissionais envolvidos, consolidando uma rede colaborativa de aprendizagem. Esse módulo tem como base as diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em conformidade com os princípios estabelecidas para a Educação Permanente do SUS.

Mas atenção, se você já iniciou o curso recentemente na Comunidade de Práticas (CdP) ou se ainda falta a maior parte do conteúdo para finalizar, orienta-se que o participante reinicie o curso pelo AVASUS. Mas se falta pouco para a conclusão, o aluno pode continuar cursando na CdP até o dia 15/8/2017, quando será encerrado.

Se houver alguma dúvida sobre como realizar o curso envie um email para suportecdpsus@gmail.com.

Link:

Proteção Social: igualdade de gênero e o papel das mulheres no combate à...

Proteção Social: educação, saúde e alimentação para crianças

DOZE MESES DE RESISTÊNCIA: A terra como horizonte de vida

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Walnuts may promote health by changing gut bacteria

Date: July 28, 2017

Source: Louisiana State University Health Sciences Center

Summary:
A new study has found that walnuts in the diet change the makeup of bacteria in the gut, which suggests a new way walnuts may contribute to better health.
Walnuts.
Credit: © Tim UR / Fotolia

Research led by Lauri Byerley, PhD, RD, Research Associate Professor of Physiology at LSU Health New Orleans School of Medicine, has found that walnuts in the diet change the makeup of bacteria in the gut, which suggests a new way walnuts may contribute to better health. The findings are published in The Journal of Nutritional Biochemistryavailable online.

"Walnuts have been called a 'superfood' because they are rich in the omega-3 fatty acid, alpha-linoleic acid and fiber, and they contain one of the highest concentrations of antioxidants," notes Dr. Byerley. "Now, an additional superfood benefit of walnuts may be their beneficial changes to the gut microbiota."

Working in a rodent model, the research team added walnuts to the diet of one group. The diet of the other group contained no walnuts. They then measured the types and numbers of gut bacteria in the descending colon and compared the results. They found that there were two distinct communities of bacteria in the groups. In the walnut-eating group, the numbers and types of bacteria changed, as did the bacteria's functional capacity. The researchers reported a significant increase in beneficial bacteria like Lactobacillus.

"We found that walnuts in the diet increased the diversity of bacteria in the gut, and other non-related studies have associated less bacterial diversity with obesity and other diseases like inflammatory bowel disease," says Byerley. "Walnuts increased several bacteria, like Lactobacillus, typically associated with probiotics suggesting walnuts may act as a prebiotic."

Prebiotics are dietary substances that selectively promote the numbers and activity of beneficial bacteria.

"Gut health is an emerging research area, and researchers are finding that greater bacterial diversity may be associated with better health outcomes," adds Byerley.

The researchers conclude that the reshaping of the gut microbe community by adding walnuts to the diet suggests a new physiological mechanism to improve health. Eating walnuts has been associated with reduced cardiovascular disease risk, slower tumor growth in animals and improved brain health.

The LSU Health New Orleans research team also included Drs. Derrick Samuelson, Eugene Blanchard, IV, Meng Luo, Sheila Banks, David Welsh, Brittany Lorenzen and Christopher Taylor, as well as Dr. Monica Ponder at Virginia Tech.

The research was supported by the American Institute for Cancer Research and California Walnut Commission.

Story Source:

Materials provided by Louisiana State University Health Sciences Center. Note: Content may be edited for style and length.

Journal Reference:
Lauri O. Byerley, Derrick Samuelson, Eugene Blanchard, Meng Luo, Brittany N. Lorenzen, Shelia Banks, Monica A. Ponder, David A Welsh, Christopher M. Taylor. Changes in the Gut Microbial Communities Following Addition of Walnuts to the Diet. The Journal of Nutritional Biochemistry, 2017; DOI: 10.1016/j.jnutbio.2017.07.001

Cite This Page:
Louisiana State University Health Sciences Center. "Walnuts may promote health by changing gut bacteria." ScienceDaily. ScienceDaily, 28 July 2017. <www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170728100832.htm>.

Dia do Agricultor: agricultura orgânica está em crescimento no Brasil - ...

Dia do Agricultor: 70% dos alimentos consumidos no país são da agricultu...

Releases recentes sobre Tai Chi na ScienceDaily

Tai chi may help prevent falls in older and at-risk adults
Date: July 24, 2017

Source: Wiley

Summary:
An analysis of published studies indicates that tai chi may help reduce the number of falls in both the older adult population and at-risk adults. The findings, which are published in the Journal of the American Geriatrics Society, offer a simple and holistic way to prevent injuries.


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Tai chi significantly reduces depression symptoms in Chinese-Americans
Date: May 25, 2017

Source: Massachusetts General Hospital

Summary:

A 12-week program of instruction and practice of the Chinese martial art tai chi led to significantly reduced symptoms of depression in Chinese Americans not receiving any other treatments. The pilot study conducted by investigators at Massachusetts General Hospital (MGH) and published in the Journal of Clinical Psychiatryenrolled members of Boston's Chinese community who had mild to moderate depression.
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Which Rice Has Less Arsenic: Black, Brown, Red, White or Wild?

Which Brands and Sources of Rice Have the Least Arsenic?

Tea consumption leads to epigenetic changes in women

Date: May 31, 2017

Source: Uppsala Universitet

Summary:
Epigenetic changes are chemical modifications that turn our genes off or on. In a new study, researchers show that tea consumption in women leads to epigenetic changes in genes that are known to interact with cancer and estrogen metabolism.
There are epigenetic changes in women consuming tea, but not in men, shows new research.
Credit: © Ivan Kruk / Fotolia

Epigenetic changes are chemical modifications that turn our genes off or on. In a new study from Uppsala University, researchers show that tea consumption in women leads to epigenetic changes in genes that are known to interact with cancer and estrogen metabolism. The results are published in the journal Human Molecular Genetics.

It is well known that our environment and lifestyle factors, such as food choices, smoking and exposure to chemicals, can lead to epigenetic changes. In the current study, researchers from Uppsala University in collaboration with research groups around Europe, investigated if coffee and tea consumption may lead to epigenetic changes. Previous studies have suggested that both coffee and tea play an important role in modulating disease-risk in humans by suppressing tumour progression, decreasing inflammation and influencing estrogen metabolism, mechanisms that may be mediated by epigenetic changes.

The results show that there are epigenetic changes in women consuming tea, but not in men. Interestingly, many of these epigenetic changes were found in genes involved in cancer and estrogen metabolism. "Previous studies have shown that tea consumption reduces estrogen levels which highlights a potential difference between the biological response to tea in men and women. Women also drink higher amounts of tea compared to men, which increases our power to find association in women," says Weronica Ek, researcher at the Department of Immunology, Genetics and Pathology, who led the study. The study did not find any epigenetic changes in individuals drinking coffee.

Results from this study highlight the role of pharmacologically active components in tea being involved in cancer and estrogen metabolism, which can reflect that health effects related to tea consumption might be due to epigenetic changes. However, this study does not show if it is healthy or not to drink tea and further research is needed to understand how epigenetic changes found in this study affects our health. It has previously been demonstrated that tea catechins lead to epigenetic changes in vitro and in cultured cancer cells, arguing that some of the health effects of tea may be mediated by epigenetics.

Story Source:

Materials provided by Uppsala Universitet. Note: Content may be edited for style and length.

Journal Reference:
Weronica E. Ek, Elmar W. Tobi, Muhammad Ahsan, Erik Lampa, Erica Ponzi, Soterios A. Kyrtopoulos, Panagiotis Georgiadis, L.H Lumey, Bastiaan T. Heijmans, Maria Botsivali, Ingvar A. Bergdahl, Torgny Karlsson, Mathias Rask-Andersen, Domenico Palli, Erik Ingelsson, Åsa K. Hedman, Lena M. Nilsson, Paolo Vineis, Lars Lind, James M. Flanagan, Åsa Johansson. Tea and coffee consumption in relation to DNA methylation in four European cohorts. Human Molecular Genetics, 2017; DOI: 10.1093/hmg/ddx194

Cite This Page:
Uppsala Universitet. "Tea consumption leads to epigenetic changes in women." ScienceDaily. ScienceDaily, 31 May 2017. <www.sciencedaily.com/releases/2017/05/170531092458.htm>.

As diferenças entre Homeopatia e Fitoterapia - Canal Digitalis #3

Green tea ingredient may ameliorate memory impairment, brain insulin resistance, and obesity

New research identifies potential therapeutic intervention for memory impairment, neuroinflammation, and brain insulin resistance induced by high-fat, high-fructose diet

Date: July 28, 2017

Source: Federation of American Societies for Experimental Biology

Summary:
A new study involving mice, suggests that EGCG (epigallocatechin-3-gallate), the most abundant catechin and biologically active component in green tea, could alleviate high-fat and high-fructose (HFFD)-induced insulin resistance and cognitive impairment.
Green tea.
Credit: © KMNPhoto / Fotolia

A study published online in The FASEB Journal, involving mice, suggests that EGCG (epigallocatechin-3-gallate), the most abundant catechin and biologically active component in green tea, could alleviate high-fat and high-fructose (HFFD)-induced insulin resistance and cognitive impairment. Previous research pointed to the potential of EGCG to treat a variety of human diseases, yet until now, EGCG's impact on insulin resistance and cognitive deficits triggered in the brain by a Western diet remained unclear.

"Green tea is the second most consumed beverage in the world after water, and is grown in at least 30 countries," said Xuebo Liu, Ph.D., a researcher at the College of Food Science and Engineering, Northwest A&F University, in Yangling, China. "The ancient habit of drinking green tea may be a more acceptable alternative to medicine when it comes to combatting obesity, insulin resistance, and memory impairment."

Liu and colleagues divided 3-month-old male C57BL/6J mice into three groups based on diet:

1) a control group fed with a standard diet,

2) a group fed with an HFFD diet, and 3) a group fed with an HFFD diet and 2 grams of EGCG per liter of drinking water.

For 16 weeks, researchers monitored the mice and found that those fed with HFFD had a higher final body weight than the control mice, and a significantly higher final body weight than the HFFD+EGCG mice. In performing a Morris water maze test, researchers found that mice in the HFFD group took longer to find the platform compared to mice in the control group. The HFFD+EGCG group had a significantly lower escape latency and escape distance than the HFFD group on each test day. When the hidden platform was removed to perform a probe trial, HFFD-treated mice spent less time in the target quadrant when compared with control mice, with fewer platform crossings. The HFFD+EGCG group exhibited a significant increase in the average time spent in the target quadrant and had greater numbers of platform crossings, showing that EGCG could improve HFFD-induced memory impairment.

"Many reports, anecdotal and to some extent research-based, are now greatly strengthened by this more penetrating study," said Thoru Pederson, Ph.D., Editor-in-Chief of The FASEB Journal.

Story Source:

Materials provided by Federation of American Societies for Experimental Biology. Note: Content may be edited for style and length.

Journal Reference:
Yashi Mi, Guoyuan Qi, Rong Fan, Qinglian Qiao, Yali Sun, Yuqi Gao, Xuebo Liu. EGCG ameliorates high-fat– and high-fructose–induced cognitive defects by regulating the IRS/AKT and ERK/CREB/BDNF. The FASEB Journal, 2017; fj.201700400RR DOI: 10.1096/fj.201700400RR

Cite This Page:
Federation of American Societies for Experimental Biology. "Green tea ingredient may ameliorate memory impairment, brain insulin resistance, and obesity: New research identifies potential therapeutic intervention for memory impairment, neuroinflammation, and brain insulin resistance induced by high-fat, high-fructose diet." ScienceDaily. ScienceDaily, 28 July 2017. <www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170728100933.htm>.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Pesquisadores estudam propriedades cicatrizantes de vegetais da flora brasileira

Seg, 05 de Junho de 2017

Um grande número de pessoas portadoras de doenças como diabetes Mellitus, hanseníase e alcoolismo apresentam alterações na integridade da pele, o que constitui um sério problema de saúde pública. Os indivíduos acometidos por essas moléstias apresentam um processo de cicatrização mais difícil e prolongado, desenvolvendo as chamadas feridas crônicas. 

Com o objetivo de propor uma alternativa de tratamento mais eficaz e acessível para esses e outros casos, pesquisadores do Núcleo de Biologia Experimental (Nubex), da Universidade de Fortaleza (Unifor), iniciaram projeto para desenvolver um gel à base de macromoléculas extraídas de sementes de fruta-pão (Artocapus incisa) e flor-de-pavão (Caesalpinia pulcherrima), que possuem ação cicatrizante. O projeto conta com o apoio da Funcap através do edital PPSUS.

Segundo a coordenadora do projeto, professora Cristina Moreira, a pesquisa visa o desenvolvimento de novas e mais eficazes formulações para o tratamento de feridas crônicas a partir de biomoléculas isoladas de sementes da fruta-pão e da flor-de-pavão. Esta combinação, segundo ela, torna o processo de cicatrização mais eficiente: testes feitos em camundongos comprovaram essa melhora no processo até o 7° dia, após o tratamento. A escolha dos dois vegetais para a pesquisa se deu por algumas vantagens que ambos trazem. “Trabalhamos há mais de 20 anos com uma proteína extraída de sementes de fruta-pão, que apresenta várias atividades biológicas importantes”, explica Cristina Moreira.

Já a flor-de-pavão, de acordo com ela, é uma planta que produz sementes apenas seis meses após o plantio, o que a torna uma fonte promissora para viabilizar a produção do gel. Os compostos extraídos das sementes são a lectina, uma proteína ligante quimicamente a carboidratos, e a galactomanana, hemicelulose abundante nas paredes celulares de plantas. Hemiceluloses, vale ressaltar, são polissacarídeos (carboidratos) que desempenham um papel estrutural. A lectina isolada no estudo possui propriedades anti-inflamatória, cicatrizante, analgésica e imunoestimulante, entre outras. Por meio da interação entre as duas moléculas, a cicatrização pode ser potencializada. 

Reportagem completa:

Chambá e cumaru no tratamento da asma: pesquisadores da UFC estudam propriedades medicinais de plantas da Caatinga

03 de Julho de 2017

Por Nerice Carioca

O Brasil é um país de proporções continentais que abriga diversos biomas. Além disso, possui a maior biodiversidade da Terra, o que justifica a enorme riqueza da sua flora e da sua fauna - que compreendem cerca de 20% da espécies do planeta. Um dos biomas encontrados no País é a Caatinga, presente no Ceará e que apresenta uma grande variedade de ambientes e espécies que não são encontrados em nenhum outro lugar. E entre os diversos tipos de plantas deste ecossistema, muitos são utilizados pela população para fins medicinais.

O imenso potencial da flora brasileira para uso em tratamentos contra vários tipos de doenças tem despertado cada vez mais o interesse da população. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2013 e 2015 a procura por alternativas à base de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos (obtidos a partir deste tipo de planta) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) teve um crescimento de 161%. O fenômeno também é registrado na universidade, onde um número crescente de pesquisadores estuda estes recursos. 

Um exemplo de pesquisa nascida a partir deste interesse é o trabalho coordenado pela professora Kalyne Leal, do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC), que busca desenvolver matérias-primas e medicamentos à base das plantas medicinais Amburana cearenses (cumaru) e Justicia pectoralis (chambá). O estudo visa a aplicação no tratamento da asma leve a moderada. O trabalho conta com o apoio da Funcap através de bolsas de pesquisa e apoio técnico para o desenvolvimento do estudo e recursos financeiros que têm viabilizado a compra de equipamentos e materiais de consumo.

Reportagem completa no link:

Departamento de Biologia da UFC faz descoberta de nova espécie de planta para o Brasil (Portal da UFC)

Quinta, 04 Maio 2017
Uma pesquisa iniciada em dezembro de 2015 pela cearense Rayane de Tasso Moreira Ribeiro, estudante de doutorado da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em parceria com o Laboratório de Sistemática e Ecologia Vegetal (Lasev), do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, culminou na descoberta de uma nova espécie de Phyllanthus para o Brasil.

Com coautoria de Raimundo Luciano Soares Neto e sob orientação da Profª Maria Iracema Bezerra Loiola, responsável pelo Lasev, o desenvolvimento do estudo de Phyllanthaceae para o projeto Flora do Ceará deu origem ao artigo "Phyllanthus carmenluciae, a supreme species of Phyllanthus (Phyllantaceae) from Brazil". O artigo foi publicado na revista científica neozelandesa Phytotaxa.

A Phyllanthus é um gênero de planta que tem 88 espécies registradas no Brasil. Agora, com a nova descoberta, são 89. Geralmente são ervas de pequeno porte, algumas com propriedades medicinais, como a quebra-pedra, que é a mais conhecida do grupo. A Phyllanthus carmenluciae também é considerada de pequeno porte e possui caule pouco desenvolvido.

A amostra da Phyllanthus carmenluciae estava no Herbário Prisco Bezerra da UFC há 10 anos, equivocadamente identificada como outra planta do gênero Phyllanthus. Durante a pesquisa, a estudante percebeu diferenças na planta. "Essa espécie tem estames (parte masculina da flor) unidos, e não soltos como as outras. Essa foi a característica que no estudo chamamos suprema", ressaltou a doutoranda, em entrevista ao jornal cearense O Povo.

O nome escolhido para registrar a nova espécie é uma homenagem à Ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia Antunes Rocha, em alusão a essa característica designada como suprema. No último dia 2, Rayane encontrou-se com a magistrada, em São Paulo, e entregou a ela um quadro com a representação da planta.

Como a descoberta da nova espécie ainda é recente, não há material suficiente para saber quais seus benefícios, mas a pesquisadora acredita que ela possa ter propriedades medicinais. "Por fazer parte de um grupo de plantas em sua maioria medicinais, acreditamos que ela pode ter atributos medicinais, mas só um detalhamento bioquímico pode definir a utilidade da espécie", detalha. A Phyllanthus carmenluciae foi registrada, até o momento, apenas no município de Mulungu, na Serra de Baturité, no centro-norte do Ceará.

FLORA DO CEARÁ – o projeto "Flora do Ceará: conhecer para preservar" está sendo desenvolvido desde 2009 no Lasev sob a coordenação da Profª Maria Iracema Bezerra Loiola e é financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico e Científico (Funcap).

Todos os anos são escolhidas duas famílias da flora cearense para serem estudadas. Em 2015, uma das plantas escolhidas foi a Phyllanthus. Foi aí que teve início o estudo que deu origem à nova descoberta pela pesquisadora Rayane Ribeiro, que na época era professora do Departamento de Biologia da UFC.

Fonte: Laboratório de Sistemática e Ecologia Vegetal da UFC – fone: 85 3366 9812
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Planta auxilia limpeza de resíduo industrial (Jornal UFG)

Pesquisa da UFG propõe tratamento natural da água resultante da produção do concreto, dando sustentabilidade à atividade

Silvânia Lima

Durante o processo de produção, as usinas de concreto demandam grande consumo de água e enfrentam o desafio da poluição residual. Para cada metro cúbico de concreto são consumidos 500 litros de água, sendo metade na produção e a outra metade nas atividades ligadas a ela, gerando água residual, problema que exige solução eficiente. Pesquisa realizada na Universidade Federal de Goiás (UFG) propõe tratamento natural com o uso da planta Moringa oleifera.

Sob a coordenação do professor Heber Martins de Paula, da Regional Catalão da UFG, a pesquisa obteve sucesso na utilização da semente da Moringa oleifera, que se apresenta como um importante auxiliar na remoção da turbidez da água oriunda da produção do concreto. Com o tratamento, a água fica apta ao reuso na própria atividade, promovendo economia de recursos hídricos. De acordo com o professor, a introdução de um coagulante natural no processo de tratamento de água residual, minimizando os resíduos gerados e o consumo de água na produção, contribui para o desenvolvimento de um ciclo sustentável do concreto.

Normalmente, os tratamentos para águas residuais são realizados com coagulantes químicos. Como não havia, ainda, tratamento proposto para a água residual do cimento, o professor resolveu testar um coagulante natural, associado aos coagulantes químicos. A resposta positiva veio com a introdução da semente da Moringa oleifera, já adotada em tratamentos de outros tipos de águas residuais provenientes, por exemplo, de laticínios e de curtumes. No tratamento da água oriunda da produção do cimento foi utilizada uma porção de 46,5% da semente da moringa e 53,5% de químicos. “A experiência mostrou ainda que quanto maior a presença de resíduos na água, maior a eficiência do tratamento proposto. A associação da moringa aos coagulantes químicos potencializou o tratamento da água residuária do cimento, atingindo uma eficiência de 99,9% na remoção da turbidez da água”, afirma o professor.

A pesquisa fez parte da tese de doutorado do professor Heber Martins de Paula, realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o envolvimento de um grupo de professores, alunos e funcionários de uma usina de concreto em Catalão, Goiás, onde um projeto piloto de tratamento está sendo implantado. Em sua fase inicial ganhou o primeiro lugar, na categoria pesquisa, na 20ª edição do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em 2014.

Mas o estudo continua. O objetivo da nova fase é utilizar o resíduo sólido proveniente do tratamento da água como aglomerante na produção de blocos de concreto para fins não estruturais, tornando a produção mais limpa. “Os primeiros resultados foram interessantes, com a produção de blocos de vedação resistentes à compressão e que atendem às normas técnicas. Estamos em fase de testes”, informa Heber Martins.
Na pesquisa, foram efetuadas coletas em três pontos de geração de água residual da produção do concreto: (1) entrada da água residual de pátio e dos caminhões betoneira; (2) câmaras de decantação (neste ponto existem seis pequenas câmaras por onde a água passa para efetivar a sedimentação – vide foto); e (3) saída da água após a sedimentação.

Alto consumo de água

As usinas de concreto são grandes consumidoras de água tanto na produção quanto no volume residual gerado. Uma usina de médio porte produz cerca de 250 m3 a 300 m3 de concreto por mês e o volume de água residual gerado equivale, praticamente, ao mesmo volume de água consumida diretamente na produção do concreto. Trata-se da água utilizada na lavagem de pátio e dos caminhões betoneira e na umectação de agregados. Soluções como essa do uso da Moringa oleifera no processo de tratamento da água residual do concreto são de grande importância pela eficiência, baixo custo e sustentabilidade.
Solução contendo 46,5% de sementes trituradas da moringa oleifera e 53,5% de sulfato de alumínio e cloreto férrico.

Reuso da água

A água tratada a partir do estudo da UFG pode ser aplicada diretamente na produção do concreto, tanto concreto armado quanto concreto simples, visto que reduz significativamente a quantidade de material suspenso que poderia influenciar nas propriedades do concreto como, por exemplo, o tempo de pega, ou ainda, a resistência à compressão. Podendo ainda ser destinada para rega de jardins, áreas verdes, lavagem de veículos, descarga de bacias sanitárias. (este item pode ser suprimido, caso necessário)
A água tratada pode ser reutilizada na própria indústria para a produção do concreto, lavagem de veículos, descarga de bacias sanitárias e até em rega de áreas verdes e jardins. 

Planta multiuso

Largamente utilizada em algumas regiões brasileiras, a Moringa oleifera é conhecida como uma planta medicinal para muitos males, chegando a ser considerada milagrosa. Dela muito se aproveita, das folhas, flores, vagens, raízes, casca, resina, sementes e óleo são registrados mais de 60 usos. Folhas e vagens são alimentos nutritivos que ajudam no combate à fome no Norte, Nordeste e Centro-oeste. Forrageira para os animais, matéria-prima para a confecção de objetos artesanais diversos. No entanto, são as propriedades purificadoras das sementes na água que mais rendem sua fama. Depositadas em águas turvas e barrentas, as sementes da moringa decantam as impurezas, reabilitando sua potabilidade.
A proteína produzida pela moringa oleifera, em contato com os químicos, potencializa a capacidade de coagulação dos resíduos presentes na água. O tempo de sedimentação pode variar de 15 minutos a 30 minutos, dependendo do grau de turbidez da água.

Fácil manejo

A Moringa oleifera é uma planta originária da Índia, mas muito bem adaptada ao Brasil. Pouco exigente quanto ao solo, mas muito em relação ao sol; se reproduz facilmente a partir de galhos de plantas adultas, estacas ou sementes, seu crescimento é rápido, podendo atingir entre 5m e 7m. Com menos de um ano já produz as sementes. Para que não falte a planta nas usinas que a adotarem no tratamento da água residual, o professor Heber Martins sugere que sejam plantadas as moringas nas divisas de suas áreas, funcionando, inclusive, como uma barreira natural para dispersão de material pulverulento na atmosfera.

Saiba mais em vídeo.
Link:

Reportagem no Jornal da UFC Nº 75 - Setembro de 2016 - Ano 13

Descoberta na semente do noni: Uma proteína com baixa toxicidade, estudada em laboratório da Biotecnologia, amplia a segurança no uso do fruto para fins terapêuticos.

Link para o jornal:

Curcumina pode ser uma nova aliada no combate ao câncer de cérebro

Testes com animais indicam que a substância que dá cor ao curry inibe o crescimento de tumores cerebrais

19 de agosto de 2016 · Texto: Camila Raposo
Princípio ativo do açafrão-da-Índia, a curcumina possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes - Foto: Steven Jackson/Flickr

Há alguns anos, a curcumina, princípio ativo do açafrão-da-Índia (Curcuma longa) responsável pela coloração amarelo-alaranjada do curry, tem ganhado espaço nas revistas e sites voltados à saúde e ao bem-estar. Com conhecidas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, os benefícios atribuídos ao pigmento natural vão da redução da gordura corporal à prevenção e ao combate da Doença de Parkinson e de Alzheimer, até à inibição do crescimento de câncer cerebral.

Pesquisadores do Centro de Estudos em Estresse Oxidativo e do Laboratório de Enzimologia do Departamento de Bioquímica da UFRGS identificaram mecanismos celulares pelos quais células cancerígenas se reproduzem e investigam o potencial da curcumina no tratamento de glioblastomas, uma espécie de tumor cerebral maligno e bastante agressivo. Testes com culturas de células (in vitro) e com animais (in vivo) apontam que a substância diminui o tamanho dos tumores e aumenta a sobrevida dos animais sem causar danos às células saudáveis.

Os pesquisadores implantaram células do tumor em 22 ratos. Metade deles recebeu o tratamento à base de curcumina dissolvida no solvente sulfóxido de dimetilo por dez dias, enquanto a outra metade, o grupo veículo, recebeu apenas o solvente. Nove dos onze ratos tratados com curcumina apresentaram diminuição no tamanho do tumor, o que não aconteceu com nenhum dos animais do grupo veículo. Além disso, não foram observados quaisquer sinais de toxicidade oxidativa ou alterações em tecidos, no metabolismo ou no sangue. “É um composto natural, efetivo e não danoso”, resume o professor José Cláudio Moreira, um dos responsáveis pelo trabalho.

Antes de chegar na curcumina, foram testadas uma série de substâncias que poderiam funcionar como inibidoras do NFkB, um complexo proteico encontrado superestimulado nas células de glioblastomas e que exerce um papel fundamental no controle da formação e da progressão dos tumores e na resistência à quimioterapia. Assim, moléculas inibidoras da NFkB são potenciais agentes anticâncer, capazes de potencializar o efeito de remédios tradicionais. Dentre as substâncias analisadas pelo grupo, a curcumina foi a que se mostrou mais eficiente e tem potencial para ser uma grande aliada no combate ao glioblastoma.

Os tratamentos tradicionais para a doença incluem remoção cirúrgica, radioterapia externa e quimioterapia; não se conhece, entretanto, nenhuma terapia que leve à cura desse câncer. A média de sobrevida dos pacientes é de cerca de um ano após o diagnóstico. “Qualquer terapia que prolongue a vida dessas pessoas é considerada promissora”, afirma Alfeu Zanotto Filho, que participou da pesquisa durante seu doutorado e pós-doutorado e atualmente é professor do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Se os pacientes tiverem seis meses a mais para organizar a vida, já faz uma grande diferença”, complementa o professor Daniel Gelain.

Um dos desafios para o tratamento da doença é a dificuldade de os remédios existentes chegarem ao cérebro. O órgão possui uma barreira altamente seletiva que protege o Sistema Nervoso Central de substâncias potencialmente tóxicas presentes no sangue. O problema é que essa barreira também dificulta a chegada de determinados medicamentos ao cérebro, incluindo os quimioterápicos tradicionais.

Para driblar esse problema e potencializar os efeitos da curcumina no tratamento dos tumores cerebrais, os pesquisadores, em parceria com grupos da Faculdade de Farmácia da UFRGS, desenvolveram nanocápsulas de curcumina e compararam seus efeitos com a substância pura. Sua formulação à base de lipídios facilita a entrega da droga no cérebro. Por isso, a nanocápsula se mostrou mais eficaz do que a curcumina em seu formato tradicional, possibilitando chegar aos mesmos resultados com uma dosagem 33 vezes menor. As nanocápsulas também reduziram a agressividade do tumor, proporcionando menores incidências de hemorragias intratumorais e necrose, e aumentaram a sobrevida dos animais.

A última etapa dos exames pré-clínicos avaliou a eficácia da combinação da curcumina com a temozolomida (TMZ), um quimioterápico tradicionalmente usado no tratamento de cânceres. Os testes apontaram que a combinação não resultou em uma redução significativa dos tumores quando comparado ao uso do TMZ sozinho. O estudo indicou que a autofagia, um processo de “autodigestão” celular, que permite a degradação e reciclagem de organelas celulares danificadas, é um dos mecanismos envolvidos nessa resistência dos tumores à combinação das substâncias. Segundo os pesquisadores, a inibição desse fenômeno deixa as células de glioblastomas mais suscetíveis à ação da curcumina e do TMZ e pode indicar novas oportunidades de tratamento para tumores no cérebro.

Próximos passos

Com a fase pré-clínica concluída, o próximo passo é testar com humanos. Essa etapa, entretanto, ainda não tem data para começar. Apesar de o grupo já ter algumas parcerias definidas, como o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, para seguir a diante com o estudo, serão necessárias parcerias com empresas privadas interessadas em financiar a pesquisa. Segundo o professor José Cláudio, os custos envolvidos nos testes clínicos são muito altos para serem cobertos apenas com recursos públicos: “há muitos gastos com controle de qualidade, análise, logística, pagamento dos médicos e demais profissionais envolvidos, entre outros. O custo é muito superior ao de produzir ciência básica”, afirma. “A grande limitação é achar quem compre as ideias e as transforme em um produto comercial”, complementa Alfeu.

Além dos pesquisadores do Departamento de Bioquímica e da Faculdade de Farmácia, também colaboraram com o trabalho integrantes do Departamento de Química Orgânica e do Laboratório de Patologia da UFRGS, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Hospital São Vicente de Paulo, da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) e da University of Texas Health Science Center at San Antonio, nos Estados Unidos.

Artigos Científicos


ZANOTTO-FILHO, A. et al. Curcumin-loaded lipid-core nanocapsules as a strategy to improve pharmacological efficacy of curcumin in glioma treatment. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 83, p. 156-167, 2013.

ZANOTTO-FILHO, A. et al. The curry spice curcumin selectively inhibits cancer cells growth in vitro and in preclinical model of glioblastoma. Journal of Nutritional Biochemistry, v. 23, p. 591-601, 2012.

ZANOTTO FILHO, A. et al. NFkB inhibitors induce cell death in glioblastomas. Biochemical Pharmacology, v. 81, p. 412-424, 2011.

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Pesquisa investiga consequências do consumo materno de cafeína no desenvolvimento dos filhos

Estudo mostrou a relação do consumo com as medidas antropométricas dos bebês até os seis meses de idade

6 de janeiro de 2017 · Texto: Amanda Hamermüller
Durante o período gestacional, a cafeína atravessa a barreira placentária com facilidade - Foto: Christian Glatz/Flickr CC-BY-NC-ND-2

Algumas pessoas preferem café. Outras, chás. Ainda tem quem opte pelos refrigerantes de cola. São inúmeros os métodos utilizados para aumentar o foco e a concentração em uma rotina cada vez mais turbulenta e cansativa. Mas o que esses produtos têm em comum? A cafeína.

Quando consumimos alimentos com um teor de cafeína considerável, ficamos mais atentos e conseguimos trabalhar melhor – uma conquista para quem precisa manter um bom rendimento durante muito tempo. Isso acontece porque em menos de 20 minutos a cafeína chega às células do corpo, aumentando a influência do neurotransmissor dopamina, que é o precursor natural de estimulantes do sistema nervoso. Em falta, a dopamina pode causar depressão, já em excesso, causa aceleração.

Se as pessoas já devem ficar atentas à quantidade de cafeína que ingerem diariamente, as restrições aumentam ainda mais quando se trata de gestantes. De acordo com a nutricionista especialista na área materno infantil Michele Drehmer, o cafezinho, refrigerantes, chás, chimarrão, energéticos e inclusive os chocolates devem ser ingeridos respeitando uma cota diária de consumo. “Existe uma recomendação de consumo máximo de 300 mg de cafeína ao dia durante a gravidez, segundo o Instituto de Medicina Americano, que é seguida aqui no Brasil também”, explica Michele. A nutricionista ainda faz uma simulação de consumo. “Para se ter uma ideia do que representa, podemos citar que quatro copinhos de café (50 ml), uma lata de Coca-Cola (355 ml) e um pedaço de chocolate ao leite (60g) somam 297 mg de cafeína”.

A nutricionista explica que estudos experimentais realizados em animais mostraram que a cafeína passa pela membrana placentária e pode aumentar o risco de malformações fetais e levar ao aborto espontâneo. Michele destaca que em humanos não é possível medir os efeitos do consumo por meio de estudos de intervenção por questões éticas, visto que uma gestante nunca será exposta ao consumo de cafeína. As evidências a que se tem acesso hoje são baseadas apenas em estudos observacionais, estes que comprovam o aumento do risco para o bebê pelo excesso de cafeína na gravidez. “Recente revisão sistemática mostrou que a maior ingestão de cafeína está associada a um aumento de aborto espontâneo, à morte fetal, ao baixo peso ao nascer e ao recém-nascido pequeno para idade gestacional”, afirma Michele.

A nutricionista Thamíris Santos de Medeiros trouxe em sua dissertação um estudo sobre o impacto do consumo materno de cafeína durante a gestação nas medidas antropométricas – peso, comprimento e dobras cutâneas – dos filhos nos primeiros meses de vida. Ela destaca que são poucos os estudos com crianças tão jovens. “O objetivo era investigar esse período inicial da vida”, afirma. A pesquisadora conta que a nutrição materno-infantil sempre lhe chamou mais a atenção: “Durante a faculdade, sempre fiz estágios trabalhando com crianças, e meu TCC também seguiu nessa área”.

Desde a gestação, a composição corporal do bebê é um marcador do estado de saúde, além da avaliação do estado nutricional na primeira infância, que também é essencial para o diagnóstico da saúde da criança, incluindo seu crescimento e desenvolvimento. Nisso, incluem-se determinados parâmetros antropométricos desde os primeiros meses de vida, com destaque para o peso e o comprimento. Outro fator que também entra nessa categoria são os indicadores de adiposidade subcutânea, que, através das dobras da pele, analisam a quantidade de gordura do corpo.

Em sua pesquisa, Thamíris mostra que, no período gestacional, a cafeína atravessa a barreira placentária com facilidade, já que placenta e o feto não possuem a principal enzima responsável pelo metabolismo desse composto, o que leva à maior exposição e ao acúmulo de cafeína nos tecidos fetais. Além disso, a cafeína é altamente solúvel em gordura e pode ser absorvida pelo feto também via sistema gastrointestinal, pois a filtração glomerular fetal – primeira etapa na formação da urina – ainda está em pleno desenvolvimento.

A pesquisadora afirma que níveis elevados de cafeína podem prejudicar o recebimento da quantidade necessária de nutrientes pelo feto. “A cafeína pode diminuir a perfusão sanguínea, fazendo que o feto receba menos sangue, menos nutrientes e consequentemente se desenvolva menos”, explica. Thamíris destaca que estudos observacionais demonstraram uma associação entre o consumo materno de cafeína durante a gestação e a diminuição do peso de nascimento dos filhos. A cada acréscimo de 100 mg de cafeína (uma xícara de café ou duas xícaras de chá) no consumo diário, é associado um aumento de 3% no risco de baixo peso do filho ao nascer, principalmente quando associado ao tabagismo. Segundo Thamíris, o uso de cigarros de tabaco faz com que a cafeína seja metabolizada mais rapidamente do que em um organismo de uma gestante não fumante, o que priva o feto de receber os nutrientes necessários, dificultando o desenvolvimento do bebê.

Situações como a ocorrência de doenças metabólicas maternas, tais como diabetes e hipertensão, podem potencializar a ação da cafeína sobre o feto. Ela também alerta para o risco do consumo de cafeína interferir no processo de desenvolvimento celular. Estudos experimentais com ratos comprovaram que a exposição à cafeína no período pré-natal provoca alterações no metabolismo glicêmico e aumento da resistência à insulina, o que após o nascimento pode contribuir para o desenvolvimento de síndrome metabólica.

Outro ponto que o estudo traz é como é comum o consumo de alimentos que contêm cafeína entre mulheres em idade fértil e durante a gestação. De acordo com a pesquisa, no último senso brasileiro, a ingestão média de café, alimento com maior concentração de cafeína, foi de aproximadamente 120 mililitros por dia entre adolescentes e mulheres adultas. A nutricionista Michele Drehmer observa com atenção o consumo antes da gravidez “O estudo das enfermeiras americanas, um dos estudos observacionais mais importantes que existe, avaliou mais de 15 mil mulheres por 18 anos e verificou que aquelas que consumiram mais do que quatro xícaras de café por dia antes de engravidar tiveram maior risco de aborto espontâneo, principalmente no período entre 8 e 19 semanas de gravidez”, explica.

Quanto ao aumento de peso, Thamíris explica que o consumo materno de cafeína pode ter relação com o aumento de peso da criança quando ela for maior: “A cafeína interfere na atividade cerebral que comanda o controle de apetite e saciedade, o que pode levar a criança a desenvolver mais peso ao longo da vida”.


O estudo

A pesquisa estava vinculada ao projeto Impacto das Variações do Ambiente Perinatal Sobre a Saúde do Recém-Nascido nos Primeiros Seis Meses de Vida (IVAPSA) e contou com a participação de Thamíris e o auxílio da equipe do Projeto IVAPSA, composta por professores orientadores e alunos de pós-graduação da UFRGS e alunos de graduação bolsistas de iniciação científica de outras universidades.

Thamíris e a equipe que participou da pesquisa optaram por utilizar como fonte de consumo de cafeína somente o café, baseado em estudos em que os efeitos da cafeína apareceram mais acentuados quando a avaliação considerava apenas o consumo de café.

Mães com diferentes históricos foram convidadas a participar do estudo. Os convites foram feitos às que estavam no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Hospital Nossa Senhora da Conceição e Hospital Fêmina. Foram excluídas mulheres HIV positivas, com menos de 37 semanas de gravidez, além das mães de recém-nascidos com doenças congênitas ou que necessitassem de internação hospitalar. O estudo foi realizado com 272 duplas mãe-filho, divididas entre os cinco grupos:
Diabéticas – 41
Hipertensas – 26
Fumantes – 68
Mães de crianças nascidas pequenas para idade gestacional sem uma causa específica – 25
Controle (mulheres que não apresentaram as características citadas anteriormente e seus filhos) – 112

A variabilidade do número de duplas entre os grupos se deu pela dificuldade de encontrar duplas para determinados grupos, recusas e perdas por não realização de entrevistas nos períodos previstos. No final do estudo, permaneceram 263 duplas.

Logo após o nascimento, no período entre 24 a 48 horas após o parto, foram coletadas informações sobre o pré-natal das gestantes, como peso antes de engravidar, altura e peso ao final dos três trimestres da gestação, além de informações sobre o nascimento dos filhos. Sete dias depois, a equipe da pesquisa entrevistou as mães em suas casas para obter dados sobre a alimentação durante a gravidez, principalmente sobre o consumo de cafeína no período. No terceiro mês de idade dos filhos, foi feito um novo contato para a medição de peso, comprimento e dobras cutâneas da criança. Aos seis meses, as mesmas medições foram realizadas novamente.

Resultados

Quanto ao consumo de cafeína, houve uma diferença significativa entre os grupos. Confirmou-se o fato de o tabagismo estar associado ao maior consumo de cafeína, tendo esse grupo consumido até 150,3 mg/dia, o maior valor entre todos os grupos. O alto consumo também se destacou no grupo de crianças nascidas pequenas para idade gestacional – 128,2 mg/dia –, o que mostra a relação entre o baixo peso ao nascer e o consumo de cafeína na gravidez. Os grupos de mães diabéticas, hipertensas e de controle consumiram 96,4, 136,6 e 91,3 mg/dia, respectivamente.

Em relação às medidas antropométricas, a média de peso ao nascer foi de 3,1 quilos e a de comprimento foi de 48,5 centímetros. O estudo comprovou que os filhos de mulheres diabéticas apresentaram peso de nascimento significativamente maior do que as crianças pertencentes a outros grupos. Isso porque são mais propensos a desenvolverem macrossomia – excesso de peso no nascimento –, diferente das crianças com restrição de crescimento intrauterino (RCIU), que apresentam menor peso e menor comprimento ao nascer. O estudo destacou a diferença expressiva de peso e comprimento das crianças que nasceram pequenas para idade gestacional, com até um quilo e 1,9 centímetros a menos que outros grupos.

Um dado curioso foi no grupo de mães fumantes, normalmente associadas ao baixo peso dos filhos, o que não foi confirmado entre as duplas participantes. Apesar de apresentar valores menores, não foram diferenças significativas. Thamíris acredita que isso se deva ao baixo número de participantes desse grupo.

O estudo mostra que somente no grupo-controle foi comprovada interferência nas medidas antropométricas a partir do consumo materno de cafeína. A pesquisadora observa que, do nascimento ao terceiro mês de vida, a velocidade de crescimento é superior à que ocorre entre o terceiro e o sexto mês, o que pode refletir nos resultados de acúmulo de gordura pela criança, visível apenas nos primeiros meses de idade. Ela destaca que os resultados desse trabalho fornecem subsídios para a investigação da hipótese do desenvolvimento do excesso de peso na infância em virtude do alto consumo de cafeína.

No grupo de mães diabéticas, na comparação entre filhos de mulheres consumidoras e não consumidoras de café, não houve diferença significativa entre peso, comprimento e dobras cutâneas, tampouco entre as médias das medidas antropométricas aos três e aos seis meses de idade.

Thamíris destaca que os primeiros mil dias de vida são uma fase fundamental para o desenvolvimento do ser humano e que, por isso, ainda são necessárias pesquisas que avaliem as consequências de certos hábitos durante a gestação na vida dos filhos. “É um período em que muitas coisas estão se formando no corpo do bebê”, afirma.

A pesquisadora está otimista com o que seu estudo pode proporcionar para a sociedade: “A minha expectativa é de que esse trabalho chame a atenção de pessoas que trabalham com isso”. Thamíris diz que é fundamental que esse tipo de estudo receba atenção e, no futuro, tenha um peso nos cuidados com a saúde da gestante. “Poderia virar uma observação na prática clínica, assim como não é recomendado fumar ou ingerir álcool durante a gravidez”, destaca.

Dissertação

Unidade: Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente

Consumo de cafeína previne Doença de Alzheimer em animais de laboratório (UFRGS Ciência)

Tese defendida no Programa de Pós-graduação em Bioquímica avalia os efeitos da substância no cérebro de ratos

27 de abril de 2017 · Texto: Carolina Golenia
Cafeína teve efeito positivo em animais propensos a desenvolver o Alzheimer – Foto: Waferboard/Flickr CC by 2.0

Verificar, por meio de um modelo animal, se o consumo de cafeína pode exercer efeito preventivo sobre a Doença de Alzheimer foi o objetivo da tese de doutorado de Janaína Espinosa Teixeira, defendida no Programa de Pós-graduação em Bioquímica da UFRGS. A pesquisa foi orientada pela professora Lisiane de Oliveira Porciúncula, que, em 2006, ganhou o prêmio L’Oréal para Mulheres na Ciência pelo estudo sobre a cafeína como estratégia de prevenção do Alzheimer.

Em seu estudo, Janaína separou um grupo de ratos que tomaria apenas água comum de outro que tomaria água com doses de cafeína por quatro semanas. Os animais foram tratados com o equivalente para humanos a 3 a 4 xícaras de café expresso por dia. Pode parecer um tempo curto, mas, considerando o tempo de vida do rato, é um período considerável. “É como se ele tivesse tomado cafeína do início até o final da vida adulta”, comenta a pesquisadora.

Após essas quatro semanas, uma cirurgia foi realizada no cérebro de alguns dos ratos para injetar uma droga que produz o Alzheimer experimentalmente. Por volta de duas semanas depois da cirurgia, os animais começam a desenvolver a doença. Testes de memória foram feitos ao longo desse período. Segundo Janaína, “foi observado que os animais que consumiram a cafeína e receberam a droga não ficaram doentes, enquanto aqueles que não tomaram cafeína e receberam a droga desenvolveram o Alzheimer”.

Também foi observado que o grupo de ratos que recebeu cafeína e não passou pela cirurgia não obteve melhora em relação ao que tomou apenas água. “Vimos que a cafeína teve efeito positivo somente naqueles que eram propensos a desenvolver o Alzheimer. No rato saudável, ele nem melhorou, nem piorou”, diz Janaína. A partir disso, foi observado que a cafeína tem efeito neuroprotetor em situações de injúria ou dano, sendo que o seu consumo não melhora o desempenho da memória, apenas previne seu declínio.

Depois dessa fase, os animais foram sacrificados, e seus cérebros, analisados em microscópio. Os ratos que foram submetidos à cirurgia e não tomaram cafeína apresentaram grande perda de neurônios na região do hipocampo, parte do cérebro responsável pela memória, enquanto os que consumiram cafeína não tiveram perda significativa de células nervosas.

Esse estudo é considerado de prevenção porque o consumo se deu quatro semanas antes da injúria. Se a demência fosse causada e depois tratada com cafeína, seria um processo de reversão. “Não apostamos nisso porque a lesão causada pelo Alzheimer é muito agressiva. Até o momento, não há nenhuma droga que seja capaz de curar ou reverter a doença. A única coisa que pode ser feita hoje em dia é desacelerar, e mesmo assim só por um tempo limitado”, enfatiza Janaína.

A pesquisadora destaca um aspecto interessante de seu estudo: o modelo utilizado. Ela comenta que existem várias formas de induzir Alzheimer em ratos, como a do camundongo transgênico, que já nasce com uma mutação que o faz desenvolver a doença posteriormente. Nesse trabalho, foi utilizado um modelo animal baseado no comprometimento da insulina no cérebro.

A insulina é o hormônio responsável por captar a glicose das células, sendo que o cérebro não precisa dela para se nutrir. Sua função no encéfalo é ajudar na formação de memórias. Janaína comenta que outros estudos constataram que pessoas com Alzheimer tem menos insulina no cérebro. Com isso, sugeriu-se que o Alzheimer poderia ser um “diabetes tipo 3”, um “diabetes do cérebro”. A droga injetada no encéfalo dos ratos destrói o hormônio, promovendo a demência. “Então, vimos que a cafeína foi capaz de prevenir a danificação da memória em um modelo animal causado pelo comprometimento da insulina no cérebro”, salienta.

A pesquisadora afirma que a substância é injetada diretamente no cérebro porque dessa forma não vai para o organismo, pois há uma barreira que a impede de atravessar para o resto do corpo. Assim, o animal não fica diabético, já que a mesma droga, injetada na barriga, é usada pra induzir diabetes nos ratos. Demais efeitos da cafeína, como o psicoestimulante, não foram observados nesse estudo, pois o consumo se deu em um período crônico, ou seja, mais longo. Janaína ressalta que “a cafeína é uma substância boa para pessoas saudáveis, sendo que quem é hipertenso ou possui qualquer outra contraindicação não deve consumir sem procurar um médico”.

Questionada sobre a possibilidade de realizar o mesmo estudo com humanos, Janaína comenta que cada indivíduo tem sua casa e sua rotina, assim como hábitos alimentares próprios, sendo mais complicado controlar o nível de cafeína que será consumido. Além disso, há muita variabilidade entre as populações, o tempo demandado é muito longo, e algumas pessoas acabariam desistindo da pesquisa. Já no modelo animal a variação é pequena, o estudo pode ser mais bem controlado, e o tempo necessário é relativamente menor.

Tese

Link:
http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/consumo-de-cafeina-previne-doenca-de-alzheimer-em-animais-de-laboratorio/

Desmistificando a Fitoterapia - 28/06/2017

Estudo demonstra que cafeína não provoca arritmia em pacientes com insuficiência cardíaca (UFRGS Ciência)

Link:

Em trabalho realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, pesquisadores testaram os efeitos em curto prazo do consumo de doses elevadas de cafeína

4 de novembro de 2016 · Texto: Camila Raposo
Descobertas desafiam a recomendação predominante até então de que pessoas com problemas cardíacos devam limitar o consumo de cafeína - Foto: FreddieBrown/Flickr

Pesquisadores da UFRGS e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) demonstraram, a partir de testes clínicos, que o consumo de altas doses de cafeína não provoca arritmia em pacientes com insuficiência cardíaca. Os resultados do estudo, publicados na revista Jama Internal Medicine, desafiam a recomendação predominante até então de que pessoas com problemas cardíacos deveriam limitar o consumo de cafeína.

O estudo incluiu 51 pacientes recrutados no HCPA. Antes de se iniciarem os testes, os participantes foram orientados a não consumir qualquer comida ou bebida que contivesse cafeína por sete dias consecutivos. Após esse período, foram divididos em dois grupos. O primeiro recebeu cinco doses de 100 ml de café descafeinado misturado com 100mg de cafeína cada, totalizando 500mg da substância (o equivalente, aproximadamente, a cinco xícaras de 150 ml café), enquanto o grupo-controle recebeu doses de café descafeinado misturado com lactose. As doses eram consumidas em intervalos de uma hora, com monitoramento contínuo por meio de eletrocardiograma. Uma hora após a última dose, os pacientes foram encaminhados a um teste de esforço em esteira, com o objetivo de avaliar se a cafeína poderia acarretar riscos na realização de exercícios físicos. Os procedimentos foram realizados no Centro de Pesquisa Clínica do HCPA.

Após essa etapa, os pacientes passaram mais sete dias sem consumir cafeína e voltaram ao hospital para a segunda etapa de testes. Nessa ocasião, foi mantido o mesmo protocolo, mas invertidos os grupos – os que estavam no grupo controle passaram a consumir cafeína; e os que ingeriram cafeína anteriormente consumiram os placebos. “Nesse modelo metodológico, nós temos, para o mesmo sujeito e para um mesmo metabolismo, a reação das duas etapas, intervenção e placebo”, explica a doutoranda do Programa de Pós-graduação em Cardiologia da UFRGS Priccila Zuchinali, uma das autoras do estudo.

Em um primeiro momento, por motivos de segurança, participaram somente pacientes com um cardioversor desfibrilador implantável (CDI), um pequeno dispositivo implantado sob a pele que pode detectar anomalias no ritmo cardíaco e revertê-las mediante pulsos elétricos. Como não foram identificados problemas, posteriormente se incluíram também os que não utilizavam o equipamento. Foram excluídos pacientes que não podem ingerir cafeína ou lactose, com limitações físicas para a realização do teste de esforço, em uso de fármacos para tratamento de arritmias, hospitalização nos dois meses anteriores aos testes e pacientes com CDI que tiveram episódios de arritmias ventriculares instáveis nos dois meses anteriores.

Os pesquisadores não encontram associação entre ingestão de cafeína e episódios de arritmia, mesmo durante o teste de esforço na esteira. Tampouco foram observadas diferenças significativas entre a ingestão da cafeína e do placebo ou qualquer indicação de aumento de risco de disfunções cardíacas. “Nesse contexto, não há evidência sólida que embase a orientação comum de restringir o consumo de café, o que pode mudar a abordagem aos pacientes portadores de insuficiência cardíaca. Saliento, entretanto, que não foi testado o efeito em longo prazo”, reforça Priccila.

A pesquisadora comenta que a motivação para o trabalho, que faz parte também de sua tese de doutorado, partiu de um questionamento: “Será que precisamos mesmo privar os pacientes com insuficiência cardíaca do consumo de café e de outras fontes de cafeína? Já que o café é uma bebida de grande popularidade, e que a orientação comum é de restringir o seu consumo, mesmo sem um consenso na literatura dessa necessidade, é de grande utilidade para a sociedade testar isso em um estudo bem delineado”, comenta.

Priccila ressalta ainda que esse foi o primeiro estudo a testar o efeito em curto prazo de doses elevadas de cafeína em pacientes de alto risco. Há trabalhos anteriores, realizados, em sua maioria, nas décadas de 1980 e 1990, que testaram o efeito da cafeína sobre a arritmia em outras populações e com doses de cafeína menores, mas seus resultados são controversos. “Alguns dos estudos anteriores não trazem informações metodológicas importantes para garantir o rigor científico”, comenta, exemplificando a falta de detalhes relacionados à randomização dos grupos, ao “cegamento” dos avaliadores e participantes (o que garante que nem o paciente nem o responsável pela coleta de dados saibam qual o tipo de tratamento dispensado a cada um) e a descrição de perdas (participantes que entraram no estudo, mas não completaram o período de observação).

A pesquisadora lembra também que o trabalho seguiu o protocolo validado Consort (Consolidated Standards of Reporting Trials), criado para guiar a execução e a escrita de ensaios clínicos. “O nosso trabalho também foi bastante rigoroso no tempo que os pacientes tiveram que cumprir sem ingestão de fontes de cafeína antes de iniciar cada fase do protocolo. Esse tempo foi de sete dias, maior que o dos demais estudos, na intenção de garantir que o efeito observado fosse realmente da cafeína administrada durante o protocolo, e não de um consumo prévio.”

Os pesquisadores alertam ainda que as descobertas devem ser interpretadas com cautela, devido ao número relativamente pequeno de pacientes incluídos e ao fato de terem sido avaliados somente os efeitos da cafeína em curto prazo. “Seria interessante testar esse efeito em longo prazo, e também outras fontes da substância, como bebidas energéticas que possuam, além da cafeína, outras substâncias estimulantes”, comenta Priccila.

Artigo científico

Pesquisadores obtêm aroma de chocolate em sementes de jaca

31 de maio de 2017

Elton Alisson | Agência FAPESP – As sementes da jaca dura (Artocarpus heterophilus Lam.) poderão substituir o cacau na formulação de produtos com aroma, mas sem o sabor de chocolate.

Um grupo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em colaboração com colegas da Faculdade de Tecnologia (Fatec) Deputado Roque Trevisan, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e da University of Reading, na Inglaterra, identificou que compostos voláteis encontrados em sementes da fruta produzem muitos dos aromas obtidos de amêndoas de cacau. Por isso, seriam substitutos potencialmente baratos e abundantes para a fabricação de produtos com aroma de chocolate, como cosméticos, alimentos e bebidas.

Resultado de projetos apoiados pela FAPESP, o estudo foi descrito em um artigo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, da American Chemical Society.

“Constatamos que as sementes de jaca possuem muitas pirazinas, que são os principais compostos que conferem o aroma de chocolate”, disse Solange Guidolin Canniatti Brazaca, professora da Esalq-USP e coordenadora do projeto, à Agência FAPESP.

De acordo com a pesquisadora, a descoberta foi acidental e ocorreu durante um projeto de iniciação científica de uma estudante de Nutrição da Unimep.

O projeto visava utilizar a farinha da semente de jaca para produção de bolos, biscoitos e pães, uma vez que a semente da fruta possui altos teores de amido e de proteínas. Ao tostar as sementes de jaca para obter a farinha, os pesquisadores notaram que o aroma exalado era muito semelhante ao de chocolate.

Com base nessa constatação, eles iniciaram em 2011 um projeto de pesquisa com o intuito de identificar os compostos voláteis da jaca.

Os resultados indicaram que, dentre as variedades de jaca avaliadas, as sementes de jaca dura, que tem frutos maiores e polpa mais firme e crocante do que a jaca mole, apresentam aroma de chocolate mais intenso.

A fim de avaliar quais os melhores métodos para obtenção da farinha de sementes torradas de jaca dura com aroma similar ao de chocolate, a cientista de alimentos Fernanda Papa Spada realizou um projeto de doutorado com Bolsa da FAPESP, sob orientação de Brazaca, e em colaboração com pesquisadores da University of Reading.

Durante o projeto, os pesquisadores produziram farinhas de semente de jaca tostadas, acidificadas ou fermentadas antes da secagem. As farinhas foram torradas em diferentes tempos e temperaturas e com base em processos de torrefação e fermentação semelhantes aos utilizados para obtenção de compostos com aroma de chocolate de amêndoas de cacau.

As análises apontaram que a fermentação é o melhor método para obter farinha de sementes de jaca com aroma similar ao do chocolate. As sementes só secas e tostadas – sem serem submetidas à fermentação ou acidificação –, contudo, também apresentam uma grande quantidade de compostos, uma vez que possuem altos teores de aminoácidos e açúcares que, durante o processo de torrefação, reagem e produzem odores característicos de chocolate, observaram os pesquisadores.

“Tentamos acidificar as sementes de jaca torradas com o intuito de liberarem mais pirazinas, mas os resultados indicaram que a acidificação resulta em alguns odores residuais indesejáveis. Por isso, abandonamos esse processo e optamos pela fermentação natural seguida pela secagem”, explicou Brazaca.

Por meio de técnicas de cromatografia gasosa acopladas à espectrometria de massa – em que são separadas e analisadas misturas de substâncias voláteis –, os pesquisadores também identificaram diversos compostos das farinhas de sementes de jacas que estão associados com aroma de chocolate. Entre eles, o 3-metil butanal, o 2,3-dietil-5-metilprazina e o 2-feniletil acetato.

Por intermédio de um processo chamado olfatometria, eles separaram cada um desses compostos voláteis e pediram para julgadores especialistas cheirá-los e apontar qual o aroma exalado por essas moléculas e sua intensidade.

Os participantes dos testes apontaram que as farinhas de jaca fermentadas possuem mais aromas de caramelo, avelã e frutados em comparação com as farinhas acidificadas.

“Observamos que a semente de cacau tem mais compostos pirazínicos do que o cacau e que as sementes fermentadas apresentaram aroma de chocolate mais intenso devido à formação de aldeídos e ésteres, que são característicos do cacau”, afirmou Spada.

Formulações

Os pesquisadores adicionaram a farinha da semente de jaca em misturas para o preparo de cappuccino com o intuito de avaliar a possibilidade de substituição do aroma de chocolate extraído do cacau.

Os resultados dos testes indicaram que a farinha da semente de jaca foi capaz de substituir o aroma de chocolate proveniente do cacau, sem interferir no sabor de café da bebida.

“Os provadores não perceberam nenhuma diferença do aroma de chocolate obtido da semente de jaca em comparação com a produzida por amêndoas de cacau”, disse Brazaca.

Por meio de um projeto de mestrado também realizado com Bolsa da FAPESP, os pesquisadores pretendem avaliar, agora, o uso de dois microrganismos, usados hoje na fermentação de cacau – o Kluyveromyces marxianus e a Saccharomyces cerevisiae –, na fermentação de sementes de jaca dura e seus efeitos na produção de aroma de chocolate.

“Nossa ideia inicial foi de promover o aproveitamento integral da jaca que é uma fruta da qual se aproveita apenas 30% de seu peso, correspondente a sua polpa, e os 70% restantes, compostos pela casca, a parte central e as sementes, são descartados”, disse Brazaca.

Em alguns países, como os da Ásia, costuma-se consumir as sementes de jaca cozida. No Brasil – país que é o maior produtor da fruta nas Américas –, as sementes de jaca, entretanto, são consideradas resíduos, comparou a pesquisadora.

O artigo Optimization of postharvest conditions to produce chocolate aroma from jackfruit seeds (doi: 10.1021/acs.jafc.6b04836), de Spada e outros, pode ser lido por assinantes do Journal of Agricultural and Food Chemistry em pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/acs.jafc.6b04836
Compostos encontrados nas sementes da fruta produzem muitos dos aromas extraídos de amêndoas de cacau, aponta estudo, e poderão ser usados na fabricação de produtos como alimentos e cosméticos (divulgação)

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